SINJOTECS DEFENDE REFORMAS NO SETOR DE COMUNICAÇÃO SOCIAL NO DIA DA LIBERDADE DE IMPRENSA

O Secretário-geral do Sindicato Nacional de jornalistas e Técnicos da Comunicação Social ( SINJOTECS), Diamantino Domingos Lopes, defendeu que é necessário fazer várias reformas no setor de comunicação social guineense e apontou a criação do modelo de negócio, que poderá permitir que os órgãos giram as suas atividades da melhor maneira possível, o enquadramento de um plano de financiamento ao setor da comunicação social no Orçamento Geral de Estado, em forma de subvenção e a disponibilização de um bolo para os órgãos irem buscar em função de conteúdos que  produzam.

Diamantino Domingos Lopes falava ao jornal O Democrata sobre o dia mundial de liberdade de imprensa que se assinalou hoje, 03 de maio de 2020, e a maior queda de sempre que a Guiné-Bissau registou em relação à liberdade de imprensa. Segundo o relatório  da organização de Repórteres sem Fronteira, a Guiné-Bissau está em 94º posição e caiu cinco posições, sofrendo maior queda entre os países lusófonos.

Na sua abordagem, o Secretário-geral de SINJOTECS lembrou que o relatório da organização de Repórteres sem Fronteiras destacou fundamentalmente dois aspetos, a autocensura e a produção de peças jornalísticas. De acordo com o documento, os profissionais de comunicação social da Guiné-Bissau, sobretudo os jornalistas, têm muita dificuldade no concernente à produção de peças jornalistas, porque estão ligados ao poder político e aos militares, o que leva os jornalistas à autocensura.
“Outros aspetos realçados no relatório têm a ver com a invasão, por homens fardados, a dois órgãos públicos (rádio e televisão) na sequência de alteração da ordem constitucional e a demissão do governo de Aristides Gomes e a nomeação do atual executivo liderado por Nuno Gomes Nabian. São esses dois fatores que comprometeram o posicionamento da Guiné-Bissau no ranking da liberdade de imprensa”, assinalou.
Sublinhou que esses dois fatos são associados também à questão de produção de conteúdo e em que condições os profissionais de comunicação social exercem as suas atividades. O relatório conclui que os homens da comunicação social enfrentam enormes problemas financeiros e vivem de uma certa dependência económica da classe política.  Diamantino Lopes frisou que “no fundo, esses fatores acabam por comprometer o exercício de liberdade de imprensa, porque não há pluralidade de informação e os órgãos públicos produzem em função do regime que vigora. Temos ainda outros casos de ataques verbais contra jornalistas”.
“Hoje temos a proliferação de grupos nas redes sociais sustentados por diferentes grupos políticos como base de apoio com único objetivo de atacar qualquer um que produza notícias que vão contra os interesses dos seus líderes”, afirmou.
O Secretário geral do Sindicato Nacional de jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS) aconselhou, por isso, os órgãos de comunicação social a criarem condições de autossustentabilidade e meios financeiros próprios para o seu funcionamento e avisou que sem esse elemento, será difícil lutar e acabar com a ingerência do poder político nas atividades dos homens da comunicação social.
Na sua declaração, assegurou que a nível do sindicato já estão a trabalhar em colaboração com o Gabinete Integrado das Nações Unidas Para a Consolidação da Paz (UNIOGBIS) e que já foi criado um grupo de lobbying que deverá trabalhar na sensibilização do governo para que assuma esse desafio como um exercício fundamental capaz de permitir que o setor da comunicação social funcione como deve ser.
“A imprensa precisa ser livre, porque a sociedade precisa de uma informação credível e uma informação credível faz-se com profissionais independentes”, notou, sublinhando que em nenhum momento os jornalistas  permitiram que fossem manipulados, mas foram condicionados, porque até a nível interno os jornalistas enfrentam dificuldades no seu exercício diário, os diretores dos órgãos em certos momento obrigam-nos a assumirem um papel de autocensura em função de outros comprometimentos que possam ter com outras estruturas.
“Devem, sim, permitir que os jornalistas trabalhem em função da linha editorial de cada órgão, o código  deontológico e a lei de imprensa. Deve existir uma harmonia entre esses três instrumentos que regulam ou orientam a atuação de profissionais de comunicação social”, realçou .
Notabanca, 03.05.2020