Prevenção contra Coronavírus
Bissau,03 Abr 20(ANG) – A porta-voz da autoridade sanitária que luta contra a pandemia do novo coronavírus, Aissatu Djaló, lamentou a persistência dos cidadãos em desrespeitar as regras de distanciamento social para evitar um possível contágio.
Mesmo com o estado de emergência em vigor e que, entre outras medidas, determina a proibição de aglomerações com mais de cinco pessoas, devendo sempre ser observada a distância de segurança de dois metros, os guineenses continuam a ter as mesmas rotinas.
Em conferência de imprensa de balanço da evolução da doença, que já afetou nove pessoas na Guiné-Bissau, Aissatu Djaló afirmou que os apelos diários das autoridades sanitárias parecem não estar a ter ressonância na população.
“Em relação à questão do distanciamento, infelizmente, no país, as pessoas não estão a cumprir”, disse Aissatu Djaló, porta-voz do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES).
De acordo com a médica, as orientações das autoridades são importantes, mas sem a colaboração da população “vai ser difícil” controlar a doença na Guiné-Bissau, onde, por exemplo, esta manhã era visível um assinalável movimento de pessoas na principal avenida de Bissau.
Aissatu Djaló assinalou que “infelizmente” os guineenses continuam a juntar-se nos mercados das 07:00 às 11:00, período determinado pelas autoridades para venda e compra de produtos alimentares, “sem respeitar as medidas de distanciamento ou uso de máscaras naqueles locais”.
A Guarda Nacional tem tentado limitar a circulação de viaturas, com operações stop nas principais artérias de Bissau, mas a população, que anda a pé continua a encher as ruas, as avenidas e os bairros, mantendo a sua rotina diária.
Sobre os nove casos de infeção confirmados, Aissatu Djaló observou que continuam a apresentar “um quadro leve, alguns assintomáticos” e que aquelas pessoas ainda estão nas suas residências, devendo ser transferidas na sexta-feira para o centro de isolamento e tratamento no hospital Simão Mendes, em Bissau.
Para já, uma equipa dos Médicos Sem Fronteiras montou três tendas de campanha logo à entrada do Simão Mendes onde é feita a triagem de pessoas que apresentam “alguns sinais que possam indiciar a covid-19”.
A porta-voz do COES indicou que até às últimas 24 horas, foram registados nove casos de infeção pela covid-19 (dois cidadãos estrangeiros e sete guineenses), 17 amostras de suspeitos estão em análise no Laboratório Nacional da Saúde Pública, em Bissau, e ainda existem 37 casos suspeitos em estudo.
Enquanto a maioria da população se mostra renitente perante as recomendações no sentido de evitar um possível contágio, alguns guineenses tentam respeitar as orientações, colocando diante das residências e locais de trabalho recipientes com água e sabão, lixívia ou álcool gel para a lavagem das mãos.
Nos últimos dias, têm surgido várias iniciativas de empresas, políticos e comerciantes que oferecem desinfetantes e recipientes para as instituições sanitárias e de apoio social.
O número de infeções pelo novo coronavírus em África ultrapassou hoje a marca dos seis mil casos (6.313), registando-se 221 mortes em 49 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia no continente africano.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 944 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 48 mil.ANG/Lusa
Justiça/Procuradoria-Geral da República nega ter lista com nomes de cidadãos impedidos de sair do país
Bissau 03 Abr 20 (ANG) – O Ministério Público (MP) negou quinta-feira a existência de uma lista com nomes de cidadãos nacionais ou estrangeiros pré-concebida com intuito de impedir os visados de se ausentar do país.
De acordo com o comunicado daquela instituição judicial enviado à ANG, o MP reage assim as acusações contra esta instituição segunda as quais existe uma deliberação de impedir certas figuras guineenses de sair ou entra no país.
O MP diz que tudo não passa de especulações e que a aplicação, pelo Ministério Público, de medidas de coacção “ocorre apenas no âmbito do exercício da ação penal e observado os requisitos estipulados na lei processual penal”.
A nota do Gabinete de Imprensa e Relações Públicas do MP reafirma a determinação da instituição no cumprimento das suas atribuições no estrito respeito aos parâmetros constitucionais e legalmente estabelecidos .
Ruht Monteiro, ministra da Justiça do governo deposto de Aristides Gomes, foi impedida duas vezes de sair do país pelas autoridades nacionais. Esta semana numa entrevista à Rádio Capital FM acusou o Ministério Público de ter uma lista contendo nomes de cidadãos impedidos de sair e entrar no território guineense .ANG/MSC/ÂC//SG
Covid-19: NÚMERO DE INFETADOS SOBE PARA 15 NA GUINÉ-BISSAU
O Porta-voz da Comissão Interministerial de Combate a Coronavirus, Tumane Baldé, anunciou esta sexta-feira, 03 de abril de 2020, que nas últimas 24 horas foram diagnosticados 6 (seis) novos casos positivos no país, totalizando 15 o número das pessoas infetadas pelo Covid-19 na Guiné-Bissau. Apesar dessa subida, assinalou que os números de suspeitos mantém-se em 37 casos.
O especialista em saúde pública informou aos jornalistas que os seis novos casos fazem parte dos dados de exames das 17 amostras enviadas ao laboratório, das quais dez deram negativo e uma inconclusiva.
Segundo o porta-voz da comissão, os pacientes estão a ser avaliados clinicamente pela equipa da gestão clínica e confirmou que o Centro de Atendimento e Tratamento do COVID-19, instalado no Hospital Nacional Simão Mendes, já está disponível para o tratamento dos pacientes, com a capacidade de albergar 40 pessoas. Conduto, referiu que neste momento só estão disponíveis vinte camas para internamento.
“Quero aqui pedir a nossa população a seguir as orientações das autoridades sanitárias e governamentais, porque o Coronavirus existe no nosso país e está a evoluir paulatinamente”, aconselhou para de seguida sublinhar que estão a ser criadas todas as condições básicas para o diagnóstico laboratorial do novo vírus.
A comissão interministerial alerta que existe o risco de contaminação no interior do país, concretamente no setor do Canchungo, região de Cacheu, porque um dos infectados esteve em Canchungo por alguns dias antes de ser diagnosticado positivo por Covid-19.
“Até ao momento a região de Biombo é a única região com casos positivos fora de Bissau, os dois primeiros casos confirmados”, precisou.
De acordo com Tumane Baldé, a tendência é ter mais casos de infetados, porque “o povo continua a ignorar a presença do Covid-19 na Guiné-Bissa”.
Por: Epifânia Mendonça
Foto: E.M
Comunicado do Governo legitimo da Guiné-Bissau
COMUNICADO A IMPRENSA
O Governo da Décima Legislatura, resultante da expressão popular das urnas, tem vindo a confrontar-se com perseguições e tentativas de intimidação aos seus membros, perpetradas pelos Golpistas.
Isto, num contexto que, mesmo ao nível global, se clama por um período de graça, com recomendações a união e solidariedade contra a pandemia de Coronavirus.
A contrasenso, os Golpistas têm aproveitado deste período de tréguas, promovendo todo tipo de ilegalidades, expressas nas exonerações massivas do pessoal-quadro na Administração Pública e nas perseguições sem justa causa.
Uma das recentes vítimas das perseguições aos membros do Governo Legítimo é a Ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Dra Ruth Monteiro que, em duas ocasiões foi impedida de viajar para Lisboa, sob falso pretexto de incorrer em concursos de crime, como desobediência, usurpação de competências, etc.
Quanta à Dra Ruth Monteiro, consta que está a “pagar o preço” de, sob a sua liderança, enquanto Ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, a Polícia Judiciária ter apreendido mais de 2 toneladas de Droga, no espaço de 6 meses de Governação do executivo do Dr. Aristides Gomes.
Uma operação na qual a então Ministra demonstrara determinação e firmeza no combate aos narcotraficantes, enquanto autores materiais deste crime transnacional.
Ainda, referindo-se a Ministra Ruth Monteiro, causou estranheza, para não dissermos que cheirou a aberração, o facto de, em menos de 24 horas após a sua notificação, via telefone, ter sido convocada para uma audição no Ministério Publico.
Ainda assim, todas as acusações de usurpação das competências foram desconstruidas com evidências de 2 despachos (Despacho N°009/PM/2020 e Despacho N°018/PM/2020, todos do referentes ao mês de Fevereiro e ambos fundamentados na Orgânica do Governo, em matéria de substituição de um membro do Governo, em caso da ausência e impedimento).
O Governo Legítimo lamenta estes actos que, além de configurarem abuso do poder, violam as normas jurídicos-processuais para casos de suspeitas de crime desta natureza. Consta que os Golpistas, além de não terem notificado, pessoalmente a suspeita, conforme o preceituado no Código do Processo Penal guineense, esta não chegou de ser constituída arguida, nos termos da Lei.
O Governo Legítimo, face a esta sucessão de ilegalidades, que vem sendo cometida pelos Golpistas, vem expor publicamente o seguinte:
1. Repudiar e condenar, com veemência, a onda de perseguição e intimidação aos Ministros e Secretários de Estado do Governo Legal;
2. Responsabilizar os golpistas pelas consequências e os prejuízos morais que advém desses actos atentatórios a dignidade dos cidadãos que se pugnam pelo respeito dos pressupostos legais determinados num Estado de Direito Democrático;
3. Manifestar a sua solidariedade para com a Ministra da Justiça e dos Direitos Humanos, Ruth Monteiro, enquanto membro de um executivo legítimo, resultante da vontade expressa pelo povo nas urnas;
4. Apelar a Comunidade Internacional sobre as proporções alarmantes que as sistemáticas violações as leis, por parte dos Golpistas, com todos os riscos delas decorrentes, podendo por em causa as conquistas democráticas do povo guineense;
5. Apelar ainda a Comunidade Internacional para a tomada de medidas sancionatorias contra os golpistas, como forma de dissuasão dos infratores, que, pela via da força, tentam subverter a Ordem Constitucional na Guiné-Bissau;
O Governo da Décima Legislatura agradece a população guineense, que continua a dar mostras de fidelidade as regras da convivência democrática, rejeitando as formas violentas de responder as provocações dos golpistas. Isto, convicto de que a escolha dos seus representantes legitimos, expressa nas urnas, será respeitada, com a reposição, por via legal, das instituições democraticamente eleitas.
Bissau, 2 de Abril de 2020
O Governo Legítimo da Guiné-Bissau
STJ – Comunicado de imprensa
COVID-19: GUINÉ-BISSAU COM NOVE (9) CASOS CONFIRMADOS E 33 EM ANÁLISE
ENTREVISTA À MINISTRA DA JUSTIÇA, RUTH MONTEIRO
RÁDIO CAPITAL
RUTH MONTEIRO, ministra da Justiça (que acumula com a dos Negócios Estrangeiros)
SUMBA NANSIL: A ministra tinha intenções de viajar hoje, mas foi impedida pelo ministério Público
RUTH MONTEIRO, MINISTRA DA JUSTIÇA DO GOVERNO LEGÍTIMO: Sim é verdade. É a segunda vez. Disseram-me que o meu nome estava numa lista, não me explicaram os motivos…
SN: Ou seja, há uma lista de pessoas que não podem sair da Guiné-Bissau?
RM: Exactamente. Já da primeira vez disseram-me isso, que não podia fazer o check-in, mas eu não sei.
SN: Ministra, quem é o autor dessa lista?
RM: A lista partiu dessa gente que tomou o poder pela força, que meteram os militares a assaltar os ministérios, que disseram ter tomado o poder ‘simbolicamente’ mas que estão a exercer o poder, não de forma simbólica, mas de forma ditatorial e sem respeito pela lei e pela nossa Constituição. Tudo é feito pela força do medo e das armas, com o qual sobressaltam a população.
SN: Ou seja, pela 2ª vez foi proibida de viajar…
RM: Sim, pela 2ª vez. Da primeira alegaram que eu não tinha entregue o carro (de função), mas eu não sei da existência de qualquer processo sobre isso. O carro na qual eu andava é um carro de um projecto do PNUD – que estava a tentar um orçamento para pagar os 4 pneus da viatura do Estado que tinha problemas. Daí o PNUD ceder-me uma viatura matrícula IT (importação temporária). Quando os ilegais começaram a levar os carros, foram à minha casa e, sabendo que o carro era do PNUD, não o levaram. Depois, entraram em contacto com o PNUD a sugerir que me fosse pedido o carro, porque precisavam dele. O PNUD não mo pediu, mas quando eu soube dessa intenção, então pensei que seria melhor eu entregar o carro, pois podiam vir pela via da força e eu não teria como impedir isso. O PNUD escreveu uma carta à embaixada de Portugal, da União Europeia, serviço protocolo de estado, ministério do Interior a dizer preto no branco que essa viatura “pertence à ministra. Está cá o termo de entrega.” E deram garantias ao embaixador de Portugal que eu, como cidadã portuguesa, poderia viajar sem problemas. Mas hoje, quando chego ao aeroporto, acompanhada do pessoal dos direitos humanos da ONU e do PNUD, acusam-me de, para além de ficar com o carro do PNUD de ter também na minha posse um carro preto que não entreguei. Eu respondi dizendo que esse carro está parado no ministério da Justiça, com problemas nos pneus. Mandaram então pessoas, das quais a LGDH, que tiraram fotografias e comprovaram que esse carro está no quintal do MJ. Não tinham simplesmente nada o que me acusar. Logo depois, aparece outro ‘processo’ que diz que eu recebi outro carro do Governo que não entreguei. Bom, eles é que terão de provar que carro é esse que não foi entregue. Na nossa lei, quem tem de provar a acusação é o ministério Público.
SN: Ministra, pelo que me é dado a perceber, isto tem que ver com carros, carros, carros…
RM: Não é só isso…como viram que não havia por onde pegar, inventaram outro processo em como eu assinei alguns passaportes sem ter poderes para tal…
SN: Acusações sucessivas…
RM: Sim, passei de uma para duas e agora para a terceira ou quarta….soube de
tudo isso no aeroporto. Nunca fui chamada, para nada. O PNUD disse-lhes que o carro ficaria comigo. Mais. Tinham indicações (lá de cima) para não alinhar com gente que tomou o poder pela força. Toda a gente sabe, é público, que o PNUD não vai interagir com o golpistas, porque são ilegítimos e ilegais. Isto não passa de perseguição política…
SN: Está a dizer que é perseguição…
RM: Trata-se claramente de perseguição política. Eu não tenho carro nenhum. No Governo do Aristides Gomes foi tudo feito com base na lei, todos os que receberam uma viatura assinaram um documento. Os documentos existem, eles que vão lá onde me deram o carro. No aeroporto ninguém me dizia nada, retiraram-me o passaporte português, o que criou um conflito diplomático e eles, envergonhados, tiveram que devolver o passaporte à embaixada de Portugal. Mais grave é que o guineense deve ver onde isto nos vai levar… há um acordão do STJ onde o actual PGR, Ladislau Embassa, na qualidade de juiz conselheiro, tomou essa decisão. E agora vem dizer essas coisas.
SN: É uma decisão ilegal por parte do MP…
RM: Mas queria o quê? Tomaram o poder pela força das armas, e a partir daí, não podemos esperar deles outro tipo de comportamento. É consentâneo com a sua falta de respeito por tudo que é estado de direito e democrático. Todos os valores desapareceram. Estamos numa selva. Só visto o aparato no aeroporto…
SN: Com tudo isso, acha que o estado de direito está ameaçado?
RM: Não está ameaçado, porque não existe de momento. Tomaram o poder pela força. Aliás num estado de direito não se pode tomar dessa maneira…quem toma o poder ‘simbolicamente’ não pode demitir um governo legal, num estado de direito os militares não podem proibir um governo que chegou ao poder pelo voto. Num estado de direito democrático o MP não pode proibir alguém de viajar porque essa é uma competência exclusiva dos magistrados judiciais. Não existe estado de direito na Guiné-Bissau desde o dia 28 de fevereiro.
SN: A situação é grave, senhora ministra.
RM: De todos os pontos de vista. Não sei até onde podemos chegar, com gente que assalta o poder e depois não sabe o que fazer. Veja isto do Coronavírus. Dizem que fecharam os restaurantes mas há sempre 10, 20 trinta pessoas a jantar e não fecham os ministérios com 50/60 pessoas. E porquê? Porque há que ir buscar receitas que não entrarão nos cofres do estado mas nos seus bolsos. Dizem que viaturas não podem circular mas não tens ambulâncias para ir buscar os doentes. Estão a matar o povo de outra maneira porque não tem assistência nem sequer para chegar ao hospital. É neste estado que vivemos na Guiné-Bissau. As medidas são totalmente descoordenadas. Não faz sentido nenhum. Não ha organização, e a visão deles não é de ajudar e socorrer a população. É so tirar medidas e despachos.
SN: Voltando aos impedimentos para viajar…
RM: Ninguém me pode aplicar qualquer medida de coacção porque não fui ouvida…
SN: Partindo do princípio que foi ouvida de pé, no aeroporto…
RM: Não, não fui ouvida. O funcionário do check-in é que me disse que não podia viajar. Alguém da imigração tirou-me o passaporte e mais nada, nem um bom dia me disse. Não fui tida nem achada. O TIR (termo de identidade e residência) diz que não podes ausentar de casa por mais de 5 dias sem avisar o MP. Não diz que não se pode viajar. Aqui chamamos alguém por telefone e dizemos “vem já” – mas a lei não diz isso – a lei diz que deves chamar alguém para ser ouvido com 5 dias de antecedência. Eu podia ter ido a Portugal, mesmo com o TIR, sem pedir autorização. Bastava dizer como me encontrarem. Isso é abuso de poder. É crime!
SN: O MP está a cometer um crime?
RM: Com certeza que sim. Impedindo-me de viajar, provocando-me esta angústia, este vexame, acusando-me internacionalmente da prática de um ou mais crimes. Mentiram dizendo que eu tinha um processo em Portugal pelo qual me deteriam…então que me deixassem viajar e responder em Portugal. Como viram que essa teoria caiu por terra, resolveram inventar crimes aqui na Guiné-Bissau. Estão a difamar-me.