26/10/2019 / OdemocrataGB / No comments
O Ministério do Interior da Guiné-Bissau confirmou a morte de um cidadão supostamente envolvido na manifestação política desta manhã, 26 de outubro de 2019, convocada pelos partidos políticos da oposição, nomeadamente: o Movimento para a Alternância Democrática (MADEM-G15), Partido da Renovação Social (PRS) e Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau(APU-PDGB). O Ministério diz lamentar o sucedido, independentemente das circunstâncias em que o mesmo terá ocorrido.
Em comunicado divulgado à imprensa a que O Democrata teve acesso, o Ministério do Interior indicou que apesar de ter informado essas formações políticas que o ambiente não era propício para avançarem com a iniciativa, depois dos acontecimentos da última terça-feira, os protagonistas do evento persistiram, “ignorando assim todas as evidências da insegurança”.
A mesma nota revela que está em curso a investigação para identificar e responsabilizar os envolvidos no caso da morte deste cidadão. Porém, descarta a possibilidade, “pelos dados recolhidos até aqui”, que a morte de um dos manifestantes tenha resultado da atuação das forças de segurança e ordem.
“Confirma-se igualmente não ter sido registado uso de armas com balas reais nem de borrachas muito menos o uso de baioneta”, lê-se na mesma nota.
Contudo, manifesta-se aberto para colaborar com todos quanto tenham informações que possam clarificar as circunstancias em que ocorreu “este lamentável evento”, por forma a ajudar na verdade e consequente responsabilização dos seus autores.
O Ministério do Interior, através do seu gabinete de comunicação, informa igualmente que jamais tolerará atos que indiciem uso da força desproporcional dos seus agentes que coloquem em causa a integridadefísica dos cidadãos. Como também está determinado em garantir o exercício dos direitos à manifestação e à reunião, “desde que observadas todas as disposições legais do país”.
LIGA REPUDIA ATUAÇÃO DESPROPORCIONAL DAS FORÇAS DE SEGURANÇA
Entretanto, em reação a atitude das forças da ordem a Liga Guineense dos Direitos Humanos vem em comunicado repudiar “a atuação desproporcional” das forças de segurança contra os manifestantes, “pretendiam apenas exercer um direito fundamental constitucionalmente assegurado à todos os cidadãos”
Exorta ao Ministério Público que abra um inquérito, célere, transparente e conclusivo, tendente à identificação e responsabilização criminal de autores morais e materiais implicados na morte do cidadão Demba Baldé, assim como de todas as vítimas da repressão policial.
A liga insiste ainda exortando o Ministério do Interior, a abertura de um inquérito interno com vista a apurar as circunstâncias em que foram utilizadas a forças policiais contra os manifestantes, e, punir exemplarmente os autores de comportamentos violentos. E, finalmente, apelar a todos os atores políticos no sentido de abdicarem-se de comportamentos que atiçam a violência e põem em causa a paz e estabilidade que o país tanto almeja.
Por: Filomeno Sambú