Bissau, 07 Abr 20 (ANG) – O Médico dos Cuidados Intensivos do Hospital Nacional Simões Mendes qualificou de deficitário o sistema de saúde da Guiné-Bissau,uma vez que até hoje não se sabe o que se quer nesse campo.
Nboma Sanca numa entrevista exclusiva à ANG no âmbito do Dia Mundial de saúde que se assinala hoje em todo o planeta, disse que, se as autoridades de saúde não traçarem um objectivo para as conquistas que pretendem no campo sanitário, o país não vai conseguir atingir o patamar que todos os guineenses esperam do sector.
“Temos deficiência em todos os sentidos, como afirmei atrás, temos um sistema de saúde que desde a independência está a tentar erguer-se em vão, principalmente, neste momento em que o mundo está a ser assolado pela pandemia de Coronavírus. Por isso, o dia de hoje deve servir de reflexão ,mas, acima de tudo, para criar estratégias para o combate ao Covid-19”,disse.
Sanca frisou que a Guiné-Bissau ainda continua a sentir imensamente pelo défice de saúde, salientando que todos pagam caro por isso, começando pelos profissionais da área que são distribuídos de maneira desigual, porque continua a haver localidades no território nacional sem cobertura sanitária enquanto que há grande número de técnicos aglomerados em Bissau .
Sanca disse que actualmente não se sabe, em diferentes especialidades de saúde, quantos técnicos é que existem, e de quanto se vai precisar daqui por exemplo, há 10 anos, tendo chamado a atenção para a reciclagem permanente para se estar sempre actualizado.
Para o médico, a falta de meios de trabalho fazem aumentar o número de pessoas que procuram a Junta Médica para irem tratar no exterior, uma vez que o sistema de saúde nacional está totalmente desacreditado, sem equipamentos, praticamente, nomeadamente de diagnósticos e outros materiais indispensáveis para o trabalho diário.
“Se falamos das infraestruturas, são na sua maioria obsoletas, danificadas ou já não respondem as demandas de saúde actual porque a maioria dos guineenses procuram o Hospital Nacional Simão Mendes, mesmo com patologia que podem ser tratados nos centros de saúde locais. Ou seja não há uma linha orientadora ou se existir esta só no papel”,alerta o médico.
Nboma Sanca disse que a solução passa por delinear uma estratégia de saúde por parte das autoridades e conhecer as grande deficiências do sector, nomeadamente a formação e reciclagem dos técnico, monitorizamento, gestão dos recursos humanos, máquinas para fazer grandes diagnósticos, entre outros.
Considerou que não se deve resumir a actuação somente no tratamento do paludismo, acrescentando que deve-se pensar igualmente no combate as outras doenças: casos de hipertensão que está a aumentar no país.
Disse que o sistema de saúde deve ser capaz de detectar as doenças na sua fase inicial a aí terá grande probabilidade de ser combatida.
Sanca alertou a população guineense a tomar o Coronavirus como uma doença real e séria, frisando que com todas a fragilidades do sistema de saúde apontada, a solução passa pela prevenção, lavar as mãos, evitar lugares com muita gente, cumprir a ordem do Estado de Emergência, tendo chamado a atenção as forças de segurança no sentido de ajudar o Povo neste momento difícil, e não o amedrontar.
“Quero lembrar aos guineenses que apesar de Coronavirus ser muito mediatizado devem preocupar igualmente com as outras doenças já existente porque não desapareceram com a chegada do Covid-19”,aconselhou.
O Dia Mundial de Saúde que se celebra hoje foi instituído em 1948 e a partir desta data a Organização Mundial de Saúde (OMS), decidiu comemorar a efeméride, mas a data foi comemorado pela primeira vez em 1950 com o objectivo de consciencializar a população a respeito de qualidade de vida e dos diferentes factores que afectam a saúde populacional.
Este ano a Organização das Nações Unidas (ONU), decidiu homenagear os profissionais de saúde e a administração que trabalham noite e dia para manter a saúde e que colocam as suas vidas em risco como acontece actualmente com a chegada da pandemia. ANG/MSC/ÂC//SG