Campanha “Zero comunicação”: SINJOTECS EXIGE QUE A COMUNICAÇÃO SOCIAL SEJA ENQUADRADA NA LÓGICA DE SETOR VITAL DE DESENVOLVIMENTO

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O Secretário-geral do Sindicato Nacional de Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS), Diamantino Domingos Lopes, defendeu esta quinta-feira, 06 de agosto de 2020, que a campanha “zero comunicação” é um novo paradigma que pretende mostrar que a comunicação social é um setor vital para o desenvolvimento do país. Assim, a partir deste momento deve enquadrar-se nessa lógica de estruturas importantes que intervêm na edificação da democracia e o estado de direito na Guiné-Bissau.

O sindicalista falava depois de uma vigília de profissionais de imprensa, em frente às instalações da Rádio Capital, para exigir justiça e repudiar a invasão e vandalização da Rádio Capital FM, no passado dia 26 de julho do ano em curso.

Diamantino Domingos Lopes considerou a invasão e vandalização da Rádio Capital “grave violação” da liberdade de imprensa e de expressão no país, pelo que é necessário encontrar os responsáveis e conduzi-los à justiça.

“Já passou uma semana e não temos informações plausíveis a respeito, por isso estamos a pressionar as autoridades competentes na matéria para agir no sentido de traduzir à justiça os responsáveis daquele ato repudiante. Queremos que os titulares dos órgãos da soberania contribuam positivamente para que o processo da investigação corra com normalidade, principalmente o Ministério Público que deve assumir, efetivamente, a sua missão que é de promover a justiça”, avançou.

Diamantino Lopes sublinhou que a organização decidiu avançar com a iniciativa porque o governo não quis dar ouvidos às preocupações do sindicato, apesar de ter produzido vários comunicados e chamado atenção para criar condições de segurança para que os profissionais da comunicação social possam exercer livremente as suas atividades.

“O SINJOTECS pretende mostrar que a comunicação social é um setor vital para o desenvolvimento do país, assim, a partir deste momento, deve enquadrar-se nessa lógica de importantes estruturas que intervêm na edificação da democracia e do estado de direito na Guiné-Bissau”, precisou.

“Mobilizamos os colegas para manterem-se em silêncio, pelo menos, por dia, como forma de manifestar o nosso descontentamento e desagrado face ao que está a acontecer nos últimos tempos os órgãos da comunicação social e contra os profissionais desse setor”, assinalou.

Em carta aberta dirigida a várias entidades nacionais e internacionais, o SINJOTECS pediu ao Ministério Público que assuma a sua responsabilidade e identifique os autores morais e materiais deste ‘’acontecimento repugnante” e que “compromete seriamente a liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau”.

Os profissionais de comunicação social guineense querem ainda ver a sociedade civil guineense a encarar este fato como uma “grave ameaça à paz e às liberdades fundamentais” e que se mobilize para que os autores do “bárbaro ato sejam conhecidos e responsabilizados pela justiça guineense”.

Finalmente, o SINJOTECS agradeceu a solidariedade que teve dos seus parceiros internacionais, designadamente, a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), a Federação Africana dos Jornalistas(FAJ), o Fórum dos Jornalistas da Língua Portuguesa, o Repórter sem Fronteiras, entre outros.

Em reação, o diretor-executivo interino da Rádio Capital, o jornalista Sumba Nansil, sublinhou que a iniciativa da organização da classe”, iniciada do interior do país e agora com uma adesão total a nível nacional, revela o impacto da gravidade do ato do passado mês de julho, e que deixou a emissora privada guineense totalmente destruída.

O jornalista pediu a celeridade na investigação e que os presumíveis autores do ato sejam conhecidos e traduzidos à justiça o mais rápido possível, tendo assegurado que está a trabalhar para que a Rádio Capital volte a funcionar normalmente.

“Mas estamos a ponderar. Neste momento as nossas ações estão concentradas no levantamento dos danos sofridos e esperar que tenhamos apoios”, frisou Nansil sem, no entanto, precisar uma data para a retoma das emissões. Porém, assegurou que voltará a funcionar normalmente e com alguns retoques na programação da rádio.

Por: Aguinaldo Ampa/Filomeno Sambú

Foto: F.S

EDUCAÇÃO: SINDICATOS DO SECTOR CONTRARIAM MINISTRO DE FINANÇAS E AMEAÇAM COMPROMETER INÍCIO DO NOVO ANO LECTIVO

O início do novo ano lectivo previsto para o dia 14 de Setembro do ano em curso, pode ser comprometido caso o governo não cumprir com um dos pontos em reivindicação relacionado a reimplementação da grelha salarial diferenciada.
Garantiu esta sexta-feira, o porta-voz do colectivo dos sindicatos do sector educativo, SINAPROF,SINDEPROF, SIESE e FRENAPROFE, Bunghoma Duarte Sanha, durante uma conferência de imprensa, para esclarecer a opinião pública nacional e internacional sobre a declaração do Ministro das finanças durante a sua audição da Assembleia Nacional Popular, que garante que todos as dívidas relacionados aos professores foram pagas.
Bungoma Duarte Sanha reconhece o “esforço do governo” liderada pelo Nuno Gomes Nabiam, em liquidar “ a maior parte das dívidas dos professores mas não todas”.
“ Uma das obrigações que o governo ainda não cumpriu, é a reimplementação da grelha salarial diferenciada o que pode ser um dos principais obstáculos para o início do novo ano lectivo” acrescentou.
O sindicalista falou ainda da situação do retroactivo que segundo o mesmo, já está com 10 meses de dívida.
“ Retroactivo da diferença da carreira docente já está no seu 10 meses de dívida e somos apresentados um mapa que até do momento, não está a ser cumprida na íntegra e ainda há dívida de carreira docente do ano 2019 e 2020” explicou o porta-voz.
Bungoma relembrou também que “as dívidas dos anos 2003, 2004, 2005 e 2006 não foram pagas e os contratados de 2006 com 11 meses de dívidas em atraso” e avisa que os sindicatos só colaboram caso tenham algum motivo para tal, caso contrário não podem fazer nada.
O ministro das finanças, João Aladje Mamadu Fadiá, durante à sua interpelação pelos deputados da nação, na sessão da ANP na semana passada, garantiu aos parlamentares que o seu ministério já liquidou todas as dívidas com os professores, o que pode permitir o início do novo ano lectivo na data prevista.
Por: Anézia Tavares Gomes/radiosolmansi com Conosaba do Porto

Paulo Gomes pede união nacional para fazer face à  pandemia no país

Bissau, 07 Ago 20 (ANG) – O membro de Conselho de Administração do Fundo Especial da União Africana para Luta Contra Covid-19, Paulo Gomes defendeu esta sexta-feira a  necessidade de união nacional para fazer face à situação da   pandemia na Guiné-Bissau.

Gomes falava em declarações  à imprensa após uma audiência com o Presidente da República, Umaro Sissoco Embalo.

“A questão de Covid-19 tem implicações importantes na matéria económica, porque não podemos solucionar a pandemia sem que haja meios económicos para tal. Por isso, estou aqui para informar ao Presidente sobre a ideia de apoiar o Alto Comissariado de Luta contra covid-19 no sentido de evitar com que o pior aconteça”,disse Paulo Gomes.

Garantiu que irá oferecer 20 mil máscaras à título pessoal, tendo apelado as pessoas à manterem o distanciamento social, a concordarem com o uso obrigatório das mascaras e o cumprimento das medidas higiénicas que possam evitar mais números de infecções.

“É importante que comecemos a pensar na possibilidade de injectar um pouco de recurso para a situação económica. Nesse sentido,  o apoio ao sector privado nacional é extremamente importante, porque o aprofundamento da crise económica pode destruir o tecido industrial fraco, que o país já tinha”, alertou.

Por outro lado, Paulo Gomes informou que abordaram com o Presidente o assuntos ligados à vandalização da Rádio Capital FM, tendo acrescentado que a liberdade de expressão é um factor extremamente importante para o relançamento da economia de um país.

“Essa crise vai retirar da economia africana cerca de 40 mil milhões de dólares. A África já se encontrava numa situação difícil mundialmente, mas já estava a levantar a cabeça Eu digo sempre que quando o avião está a descolar é o momento mais difícil para ter avarias”, referiu.

“Estávamos à descolar e esta crise provocada pelo Covid-19 vem nos perturbar”, considerou.  ANG/AALS/ÂC//SG

SECRETÁRIO-GERAL DA ONU PEDE GOVERNAÇÃO INCLUSIVA PARA ESTABILIDADE E REFORMAS NA GUINÉ-BISSAU

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos atores políticos guineenses para dialogarem genuinamente para que seja possível uma governação inclusiva e realizadas reformas essenciais à estabilidade na Guiné-Bissau.
“Exorto todos os partidos políticos a iniciarem um diálogo genuíno e inclusivo para chegar a um acordo sobre as questões pendentes. Sublinho que é urgente implementar uma governação inclusiva e participativa, conducente à estabilidade e à reforma institucional. O programa de reforma continua a ser essencial para a estabilidade da Guiné-Bissau”, refere António Guterres, no seu último relatório sobre o país e hoje divulgado.
Sublinhando que tomou nota da decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) que reconhece Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país e da aprovação do programa de Governo de Nuno Nabian, António Guterres pede para todos trabalharem em conjunto para “implementar as reformas previstas” no roteiro da CEDEAO, no Acordo de Conacri e no Pacto de Estabilidade.
“Os esforços devem ser redobrados e centrados na implementação do programa de reformas, de acordo com a decisão da CEDEAO de 22 de abril, que destacou a necessidade de acelerar a revisão constitucional”, sublinha.
Além da revisão constitucional, a CEDEAO pediu também a constituição de um Governo que respeitasse os resultados eleitorais.
No documento, António Guterres pede também à comunidade internacional para continuar a apoiar a agenda de reformas e a sua aplicação.
“Também encorajo a ajudar a criar um ímpeto para o estabelecimento de uma colaboração inclusiva com os atores nacionais, com base no trabalho já realizado, com particular ênfase na revisão da Constituição e da lei eleitoral e a reforma das instituições responsáveis pela segurança e justiça”, salienta.
Para isso, António Guterres recomenda a criação de uma plataforma de alto nível, com atores nacionais e internacionais, para acompanhar o programa de reformas.
O secretário-geral da ONU insiste na necessidade de as forças de defesa e segurança “se absterem de qualquer ingerência no processo político, sob pena de comprometer a paz e a estabilidade”.
“Exorto as autoridades de Estado para responsabilizarem aqueles que se envolvem em atos de intimidação, incluindo ameaças de morte, discurso de ódio e incitamento à violência”, afirma António Guterres, salientando a necessidade de ser estabelecido um ambiente propício ao respeito pelos direitos humanos e Estado de Direito.
No documento, António Guterres elogia também os “esforços de mediação liderados pela CEDEAO”, com apoio dos parceiros internacionais, para “encontrar uma solução política para estabilizar a situação”.
“É necessária uma ação concertada de todas as partes interessadas nacionais, com o apoio da comunidade internacional, para estabilizar o frágil sistema de governação, garantir o funcionamento adequado das instituições do Estado e enfrentar outros desafios políticos e socioeconómicos prementes”, refere.
O Conselho de Segurança da Guiné-Bissau vai voltar a reunir-se este mês para analisar a situação no país.
Depois de a Comissão Nacional de Eleições ter declarado Umaro Sissoco Embaló vencedor da segunda volta das eleições presidenciais, o candidato dado como derrotado, Domingos Simões Pereira, líder do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), não reconheceu os resultados eleitorais, alegando que houve fraude e meteu um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça, que não tomou, até hoje, qualquer decisão.
Umaro Sissoco Embaló assumiu unilateralmente o cargo de Presidente da Guiné-Bissau em fevereiro e acabou por ser reconhecido como vencedor das eleições pela CEDEAO, que tem mediado a crise política no país, e restantes parceiros internacionais.
Após ter tomado posse, o chefe de Estado demitiu o Governo liderado por Aristides Gomes, saído das eleições legislativas de 2019, ganhas pelo PAIGC, e nomeou um outro liderado por Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), que assumiu o poder com o apoio das forças armadas do país, que ocuparam as instituições de Estado.
O programa de Governo de Nuno Nabian foi aprovado no parlamento da Guiné-Bissau com o apoio de cinco deputado do PAIGC.
Conosaba/Lusa

APU-PDGB ESTÁ A CAMINHO DE SE RECONCILIAR

 

Um dos Vice-presidente da APU-PDGB, disse esperar a reconciliação no seio da família apuana.

Batista Té em entrevista exclusiva quinta-feira à Agência de Notícias da Guiné, explicou que a iniciativa de fazer reconcilição no seio da família apuana deve-se ao momento difícil que o partido vive no que tange ao aspeto político.

“Chegamos a uma conclusão e propomos aos colegas de que devemos buscar a forma de sentar-se a mesma para ultrapassar as questões internas no partido. Tentamos fazer isso durante o mês de junho e julho, e nesse momento todas as atividades estão suspensas porque muitos dos nossos colegas estavam fora e espero que chegará um momento que vamos retomar”, informou.

Disse esperar ainda que os apuanos vão sentar-se a mesa para dialogar a fim de ultrapassar o mal que existe entre eles, lembrando que não existe nenhum conflito sem diálogo.

Apelou os dirigentes e militantes de APU-PDGB à buscar a forma de estar mais próximos possível uns dos outros, acrescentando que na política há momentos altos e baixos, e se assim seja, devem saber compreender.

“A política é assim, tem momentos altos e baixos, e nesse caso devemos saber compreender uns aos outros. Quando não sabemos compreender, a pessoa leva em conta uma questão política interna do partido por um assunto pessoal”, explicou, frisando que esta pessoa ainda não percebe a política, porque no campo político as opiniões divergem-se e nunca devemos transformar em inimigos.

Aquele responsável apelou ainda aos militantes do seu partido em saberem separar os problemas coletivos dos individuais.

A APU-PDGB estabeleceu recentemente um novo acordo de incidência parlamentar e governativa com Madem G-15 e PRS, para assegurar uma maioria parlamentar mas quatro de seus deputados declararam que continuam fiéis ao acordo com o mesmo objectivo assinado em 2019 com o PAIGC.

Notabanca;07.08.2020

Bairros inundados pela chuva: MORADORES CLAMAM POR AJUDA DO GOVERNO E PEDEM MEDIDAS DE SEGURANÇA

05/08/2020 / Jornal Odemocrata 

[REPORTAGEM julho de 2020] Os moradores de alguns bairros periféricos da capital Bissau (Bôr, Cuntum Madina, Jericó e Quelelé), inundados nos últimos dias pela forte chuva que caiu sobre Bissau, clamam por ajuda do governo e pedem a adoção de medidas de segurança às suas vidas, porque a chuva forte que tem ocorrido tem deixado esses bairros do litoral e das zonas húmidas (bolanhas) de Bissau, completamente alagadas. As inundações têm causado danos materiais e quiçá, perda de vidas humanas.

Os gritos de socorro dos moradores daqueles bairros foram lançados à repórter do jornal O Democrata, que num fim-de-semana percorreu os bairros afetados para constatar os estragos. Alguns moradores explicaram que quando chove, a água chega a atingir uma altura de dez centímetros ou mais, “o que pode deixar muitas famílias sem teto, se as chuvas se intensificarem nos próximos dias, numa altura em que o país se prepara para enfrentar o mês mais chuvoso da época, agosto”.

MORADORES PEDEM AO GOVERNO QUE INVISTA EM INFRAESTRUTURAS E URBANIZAÇÃO DE RUAS

A maioria dos habitantes ouvidos pelo nosso jornal foi unânime em apelar ao governo para investir na construção de infraestruturas e urbanização da cidade de Bissau, sobretudo na construção  de grandes valas e esgotos que permitam a circulação das águas pluviais, para assim diminuir a inundação e o sofrimento das populações das zonas afetadas, que todos os anos enfrentam o mesmo problema na época das chuvas. Na mesma entrevista, os moradores criticaram a atitude de algumas entidades e organizações que apenas aparecem no momento de grandes sinistros para fazer propaganda ou deixar promessas que depois não cumprem, porque “até agora nenhuma organização ou entidade conseguiu solucionar, pelo menos, um único caso de acidentes naturais relacionados com  sinistros que já ocorreram na Guiné-Bissau”.

Apesar dos esforços da população local para travar a invasão de água e desentupir as valas entupidas com recurso a sacos de plástico ou de arroz enchidos de areia, a força da natureza tem vencido a “batalha”, trazendo com ela lixo de todo o tipo, causando prejuízos materiais e ameaça à saúde  dos moradores, porque os diques das bolanhas  mal construídos  não conseguem  impedir a circulação do lixo e a inundação.

Os jovens moradores do bairro de Ponta Neto, arredores de Bôr, pediram ao governo ou pessoas de boa vontade no sentido de apoiá-los com materiais de limpeza e de saneamento básico. Os jovens informaram que não lhes falta vontade e união para lutar contra a triste realidade que enfrentam há vários anos, “mas a falta de meios materiais para enfrentá-la é o grande desafio para a materialização da iniciativa”.

O Democrata constatou, no bairro de Ponta Neto (em Bôr), que algumas casas próximas às valas têm tubos de casas de banho canalizados à fossa de fezes e à fossa rota de água ligados diretamente ao riacho que vai dar ao Rio e à ponte, uma situação criticada pelos próprios jovens moradores, que revelaram que quando chove intensamente, a inundação e a água levam as fezes humanas  até às portas das casas vizinhas.

Os jovens lamentaram a forma como alguns moradores, próximos da Ponte, se preocupam apenas com os seus umbigos, construindo  muros para se protegerem da água, e criam complicações aqueles que não estão em condições de vedar as suas casas.

“Há dias quase zangamo-nos com o nosso vizinho do lado, que construiu muros e fez um buraco onde não devia ter feito. Se a água não tiver como sair, corre e faz paragem nas nossas zonas”, explicou a jovem Samira Gomes.

Sobre o assunto, Ulaimatu Baldé, uma das proprietárias que tem a canalização de casa de banho para o riacho, disse que na época das chuvas é difícil construir uma fossa rota, porque a intensidade da água acaba por estragá-la.

Baldé relatou com tristeza que os moradores do bairro não têm paz, porque são obrigados a conviver com tudo, mesmo correndo riscos.  Disse que cada chuviscar é uma constante preocupação para procurar esconderijos para as crianças, até passar o pesadelo. Lembrou na sua explanação que já passaram por ali várias entidades, prometendo melhorar o nível de vida da população, mas que até agora nada tinha sido feito.

A moradora frisou que já estão  cansados de contar a mesma história de água à imprensa e outras entidades sem que tenha havido, pelo menos, uma faísca de mudança. A idosa de aproximadamente 60 anos de idade, que vive nos arredores da Ponte de Bôr, apelou à rápida intervenção de todas as pessoas de boa vontade, em particular do governo para melhorar a situação dos cidadãos daquela localidade, porque são famílias carenciadas e os filhos não têm emprego que lhes garanta uma remuneração aceitável para construir casa própria.

“Todos os anos, a maior preocupação de todos que vivem nessa zona é que não aconteça um desastre”, frisou Ulaimatu Baldé. Contudo, essa lástima despertou em muitos a vontade  de falar sobre o assunto para desabafar  e revelar  o mau convívio com a natureza.

“Os nossos meninos adoecem sempre por causa da frieza causada pela humidade e água suja que invadem as nossas casas”, criticou.

No bairro de Quelelé, os moradores afirmaram que já não conseguem praticar as atividades agrícolas, devido à água salgada que invade todos os anos a bolanha, estraga todo o cultivo e inunda as casas. Aproveitaram para apelar ao governo no sentido construir a estrada que liga o bairro de Bôr ao mercado de caracol e proceder à abertura de valas ou fazer drenagens de qualidade para permitir a circulação completa da água.

MADINA: MORADORES ACUSAM GOVERNO DE FALTA DE INTERESSE EM RESOLVER SEUS PROBLEMAS

Os jovens residentes naquele bairro periférico de Bissau acusaram o governo de falta  de interesse  em resolver os problemas que assolam os habitantes do bairro, “tudo o que é de pior existe em Cuntum Madina”, disseram.

Benjamim Quintino da Silva, morador de Cuntum Madina, lembrou que, apesar de várias diligências feitas junto das autoridades para resolver a situação da inundação e outras situações,  nada surtiu efeito e que “Cuntum  Madina continua a ser um dos  piores bairros de Bissau, com falta das estradas, bolanhas inundadas ou estragadas por água salgada, lixo por todos os lados, a falta de drenagem nas estradas e quando chove na época  das chuvas, a água invade as casas”.

“Essa bolanha encontra-se num estado avançado de degradação, portanto  não creio que seja fácil a sua recuperação. Tentamos de várias formas, mas a água salgada não está a facilitar os trabalhos e tem cortado recorrentemente os diques, isso precisam da intervenção especializada do governo”, assinalou.

Os jovens criticaram duramente a sociedade guineense pela forma como trata o lixo. “Basta cair a chuva e começam a deitar lixo na água que faz paragem nas nossas portas, essa situação é imoral, por isso tem que se começar a pensar urgentemente no saneamento básico, na moralização da sociedade, sobretudo no que tem a ver com o tratamento de lixo e ter um meio ambiente saudável”, aconselharam.

A  nossa reportagem fez também um passeio longo pelas bolanhas do bairro de Jericó, uma localidade circundada por pequeno rio que liga o troço de Caracol à bolanha de Santa-Lágua, para se inteirar da situação dos moradores desse bairro e medir o pulso sobre à situação higiênico-sanitária local. Porém, a realidade encontrada no local é mesma que a dos outros bairros e clamam por melhoria da sua situação.

CÂMARA MUNICIPAL DE BISSAU AFIRMA QUE FALTA DE URBANIZAÇÃO É OBSTÁCULO AO SANEAMENTO

Contatado pelo nosso semanário para falar da situação de bairros inundados pela chuva por causa de lixos que dificultam a circulação de água nas valetas, o diretor do Serviço de Saneamento, Proteção Civil e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Bissau (CMB), João Intchama, afirmou que a falta de urbanização da cidade de Bissau tornou-se num obstáculo à edilidade, sobretudo aos agentes de saneamento básico de aceder ao interior de nalguns bairros, nomeadamente: o Jericó e o Cuntum Madina.

Em reação à preocupação dos moradores de Cuntum Madina e Jericó levantada em relação ao saneamento básico e à inundação, João Intchama frisou que esse assunto ultrapassou a capacidade dos serviços de saneamento da Câmara Municipal de Bissau e requer uma intervenção urgente do governo no que tem a ver com a construção de grandes valas e esgotos.

Sobre a situação da Ponte de Bôr e do bairro de Quelelé, Intchama esclareceu que esses dois bairros não estão no mapeamento da capital Bissau e que o serviço de saneamento da CMB tem a sua intervenção limitada apenas à cidade Bissau.

“É preciso que o governo comece a pensar que é urgente construir valas e esgotos na cidade. Temos uma situação no bairro de ajuda, “Fim de Alcatrão”, com uma vala em fase avançada de degradação e que quase atingiu a varanda de um dos moradores, e aquela situação constitui uma forte ameaça, não só para o proprietário da casa, como também para muitas pessoas”, advertiu.

Intchama realçou que tendo em conta a previsão meteorológica, será preciso criar uma política de evacuação dos moradores das zonas húmidas para evitar qualquer eventualidade que possa ser causada pelas fortes chuvas, sobretudo no mês de agosto, o mês mais chuvoso. Porém, criticou os ocupantes ou proprietários por construírem as habitações nas zonas improprias sem consultar os técnicos da Câmara Municipal de Bissau para que pudessem fazer o seu trabalho ou procedessem ao um estudo do impacto ambiental.

Aconselhou, por isso, as populações que residem nessas zonas húmidas a desalojarem-se desses lugares para que, depois do período das chuvas, o governo possa tratar da situação da melhor maneira possível sem muita pressão, tendo sublinhando que é necessário que os ocupantes ou proprietários das casas respeitem as regras de construção.

O diretor do Serviço de Saneamento, Proteção Civil e Meio Ambiente da Câmara Municipal de Bissau apelou à sociedade em geral para evitar vazar o lixo nas valas, porque na época das chuvas esses resíduos atrapalham a circulação da água, o que provoca inundações nos bairros e a contaminação das bolanhas.

Na entrevista, João Intchama disse que a falta de colaboração da população tem criado dificuldades enormes aos agentes de Câmara, sobretudo no horário e lugares identificados ou permitidos para os moradores colocarem o lixo.

João Intchama frisou que é preciso trabalhar mais na questão de sensibilização da população e consciencializá-la a ter noções de tratamento do lixo.

Por: Djamila da Silva

Foto. D.S

CARLOS GOMES JÚNIOR É O MAIS RICO DA GUINÉ-BISSAU

05/08/2020
Um ranking publicado pela Africa Trendy revela as pessoas mais ricas da Guiné-Bissau, onde o ex-primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior lidera, sem que, no entanto, seja adiantado o valor da sua fortuna
Nascido em Bolama há 70 anos, Carlos Gomes Júnior foi duas vezes primeiro-ministro da Guiné-Bissau. Foi-o desde 10 de setembro de 2004 a 2 de novembro de 2005, e acabou novamente nomeado para o cargo de 2 de janeiro de 2009 até 10 de fevereiro de 2012.
Foi ainda presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) de 2002 a 2014, com Nino Vieira no exílio. É banqueiro e empresário, e há algum tempo que é considerada a pessoa mais rica da Guiné-Bissau.
Pouco antes de 2009, Carlos Gomes Júnior era um acionista maioritário no Banco da Africa Ocidental, posteriormente detido em grande parte pela empresa Geocapital do magnata chinês do jogo Stanley Ho, recentemente falecido. Esteve ainda à frente do Rotary Club de Bissau, bem como da União Desportiva Internacional de Bissau.
Na segunda posição surge o ex-Presidente da Guiné-Bissau José Mário Vaz, que liderou os destinos do país entre junho de 2014 e fevereiro de 2020, antecedendo a Umaro Sissoco Embaló (que fecha o pódio dos mais ricos).
José Mário Vaz, conhecido como Jomav, nasceu em 1957. É um economista de carreira e foi ainda Ministro das Finanças, escolhido pelo seu partido PAIGC, do qual é militante desde 1989. Foi ainda presidente da Câmara Municipal de Bissau. Conseguiu ser o primeiro presidente na história da Guiné-Bissau independente a concluir um mandato de cinco anos.
O actual Presidente da República da Guiné-Bissau surge a encerrar o pódio. Umaro Sissoco Embaló, nascido em Bissau em 1972, também foi primeiro-ministro do país entre novembro de 2016 e janeiro de 2018. Especializado em questões africanas e do Médio Oriente, Embaló construiu a sua carreira académica entre Lisboa e Madrid.
Em quarto lugar surge Aristides Gomes, ex-primeiro-ministro do país, demitido por Umaro Sissoco Embaló e susbtituído por Nuno Gomes Nabiam.
Nascido no Canchungo em 1954, Gomes foi ainda primeiro-ministro de novembro de 2005 a abril de 2007. Licenciado em Sociologia em França, foi também director-geral da Televisão Experimental da Guiné-Bissau e ministro do Planeamento e Cooperação Internacional.
O ex-primeiro-ministro está refugiado nas instalações da ONU desde fevereiro, altura em que foi demitido. As autoridades alegam que Aristides Gomes estará envolvido num alegado esquema de corrupção.
O quinto lugar é ocupado política Suzi Carla Barbosa. Nascida em 1973, é membro do parlamento guineense e coordenadora do Comité de Mulheres Parlamentares da Guiné-Bissau.
Defensora acérrima dos direitos das mulheres, Suzi estudou na Universidade de Lisboa. Em 2016 foi secretária de Estado para a Cooperação Internacional e Comunidades da Guiné-Bissau e, em 2019, foi empossada Ministra das Relações Exteriores.
Africa Trendy é uma empresa de média digital para rankings baseados em opiniões e com crowdsourcing em praticamente tudo.
Conosaba/plataformamedia.

PAIGC ALERTA COMUNIDADE INTERNACIONAL QUE EX-PM ARISTIDES GOMES CORRE RISCO DE VIDA

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O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) alertou esta quarta-feira, 5 de agosto de 2020, que Aristides Gomes, antigo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, corre risco de vida e alertou a comunidade internacional para que não seja entregue às autoridades guineenses.

Num comunicado divulgado à imprensa, o PAIGC refere que esteve reunido com a representante do secretário-geral da ONU no país, Rosine Coulibaly, onde estiveram presentes outros elementos da comunidade internacional, para denunciar “intenções do atual poder golpista”, que a “pretexto de ouvir Aristides Gomes no âmbito de um processo judicial, de perpetrarem mais um crime” “desta feita contra” Aristides Gomes.

“O PAIGC sustentou que as informações fidedignas que dispõe dão conta do elevado risco à vida do próprio primeiro-ministro obrigam a fazer este alerta junto à representante do secretário-geral da ONU na Guiné-Bissau no sentido de travar uma resposta positiva ao pedido da sua entrega às autoridades”, refere o comunicado.

O partido salienta também que Aristides Gomes “sob custódia das Nações Unidas” deve continuar a merecer a “proteção devida a um titular de órgão de soberania, independentemente da circunstância ou da eventualidade de ter pedido ou não asilo político ou outra forma de proteção à instituição onde se encontra refugiado”.

As Nações Unidas na Guiné-Bissau nunca confirmaram ter dado refúgio a Aristides Gomes, sendo o PAIGC a primeira entidade a confirmar oficialmente que o antigo primeiro-ministro está sob custódia daquela organização internacional.

Nos últimos dias, mensagens nas redes sociais em Bissau indicavam que o Ministério Público terá enviado uma carta às Nações Unidas a pedir para ouvir Aristides Gomes. Esta informação também não foi confirmada oficialmente quer pela ONU, quer pela Procuradoria-Geral da República.

Fonte do PAIGC disse à Lusa que os advogados do antigo primeiro-ministro não foram notificados, nem o próprio. No comunicado, o partido sublinha que “nenhuma acusação fundamentada foi apresentada para justificar a pretensa audição e nem tão pouco Aristides Gomes foi formalmente notificado”.

O PAIGC pediu à ONU, bem como à restante comunidade internacional, para “assegurarem a permanência de Aristides Gomes nas instalações das Nações Unidas, em condições de segurança e dignidade para garantia da sua integridade física e moral”.

O Democrata/Lusa

SINJOTECS LANÇA CAMPANHA “ZERO COMUNICAÇÃO” E BOICOTA ATIVIDADES DA IMPRENSA GUINEENSE

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O Sindicato dos Jornalistas e Técnicos de Comunicação Social da Guiné-Bissau lança amanhã, 06 de agosto de 2020, a campanha “Zero Comunicação”, em Defesa da Liberdade de Imprensa e de Expressão na Guiné-Bissau, em protesto contra os últimos acontecimentos na “Rádio Capital FM”, uma emissora privada guineense.

A iniciativa foi anunciada pelo Secretário-geral da organização, Diamantino Domingos Lopes, na sua página oficial no Facebook.

Segundo Domingos Lopes, às primeiras horas desta quinta-feira serão preenchidas com uma vigília de profissionais da comunicação social guineense em frente às Instalações da Rádio Capital, seguida da distribuição de uma carta aberta aos titulares de órgão da soberania, ao Ministério Público e à Sociedade em geral.

O SINJOTECS frisou, na nota, que se trata de uma frente comum em defesa da liberdade de imprensa, de expressão, da democracia, do estado de direito e da promoção da paz na Guiné-Bissau, alertando que será um dia de boicote total às atividades jornalísticas na Guiné-Bissau.

“Perspetiva-se um dia de silêncio sem reportagens, programas e nem notícias nos órgãos de comunicação social”, lê-se na nota divulgada por Diamantino Domingos Lopes.