CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU REJEITA MUDANÇA DE PODER DECIDIDA PELO PRESIDENTE DA GUINÉ-BISSA

O Conselho de Segurança das Nações Unidas apelou ao respeito pela data das próximas eleições presidenciais na Guiné-Bissau, rejeitando a mudança de poder decidida pelo presidente guineense.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitou, por unanimidade, a mudança de poder decidida pelo presidente da Guiné-Bissau, apelando ainda ao respeito pela data das próximas eleições presidenciais naquele país.
A declaração das Nações Unidas foi adotada na quinta-feira, no mesmo dia em que o presidente guineense, José Mário Vaz, deu posse ao novo governo de Faustino Imbali, dias depois de ter destituído o Executivo liderado por Aristides Gomes.
A adoção da declaração do Conselho de Segurança foi resultado de uma reunião à porta fechada na quinta-feira, convocada a pedido dos três membros africanos deste órgão, no caso a África do Sul, Costa do Marfim e Guiné Equatorial, estando já agendada outra reunião para a próxima segunda-feira, dia 04, de manhã.
No documento, o Conselho de Segurança manifesta “profunda preocupação com a situação política e social” na Guiné-Bissau” e pede “ao presidente José Mário Vaz e ao governo liderado pelo primeiro-ministro Aristides Gomes, responsável por liderar o processo eleitoral, que resolvam as suas diferenças num espírito de respeito e de cooperação”, parecendo ignorar a mudança de executivo.
“Exorta os atores políticos da Guiné-Bissau a observarem a máxima contenção, a não recorrerem à violência ou ao incitamento ao ódio e a privilegiarem o diálogo com a única maneira de resolver diferenças e preservar a paz e a segurança no país”, lê-se no documento.
O Conselho de Segurança sublinha a “necessidade urgente de realizar as eleições presidenciais de 24 de novembro, conforme acordado, a fim de concluir o ciclo eleitoral que permite uma transferência pacífica de poder ao presidente eleito”.
O órgão das Nações Unidas lembra ainda que pode decidir avançar com sanções contra os que desestabilizam o país, e aproveita para elogiar “a estrita neutralidade” que as forças de segurança e o Exército têm tido até agora.
A Guiné-Bissau vive um momento de grande tensão política, tendo o país neste momento dois governos e dois primeiros-ministros, nomeadamente Aristides Gomes e Faustino Imbali.
O Presidente guineense deu na quinta-feira posse a um novo Governo, depois de ter demitido o Governo liderado por Aristides Gomes na segunda-feira.
A União Africana, a União Europeia, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente, José Mário Vaz, de demitir o Governo liderado por Aristides Gomes e disseram que apenas reconhecem o executivo saído das eleições legislativas de 10 de março, que afirma continuar em funções.
O Governo de Aristides Gomes já disse que não reconhece a decisão de José Mário Vaz, por este ser candidato às eleições presidenciais, por o seu mandato ter terminado a 23 de junho — cinco anos após a posse como chefe de Estado – e por se ter mantido no cargo, após o final do seu mandato, por decisão da CEDEAO.
Este sábado arrancou no país a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 24 de novembro.
Conosaba/Lusa

PAIGC NÃO AVANÇA PARA SUPREMO TRIBUNAL DE JUSTIÇA PARA IMPUGNAR NOMEAÇÃO DE FAUSTINO IMBALI


O líder do PAIGC, partido que suporta o executivo liderado por Aristides Gomes, anunciou que não vai avançar para o Supremo Tribunal de Justiça no sentido de impugnar o decreto que nomeia Faustino Imbali como primeiro-ministro.
“Um ato que não existe não precisa ser impugnado no Supremo Tribunal de Justiça”, vincou Domingos Simões Pereira.
Em declaração esta quinta-feira, 31 de outubro de 2019, a imprensa no aeroporto internacional Osvaldo Vieira, em Bissau, de regresso da Inglaterra, Domingos Simões Pereira diz que espera do povo guineense em fazer valer o Estado de Direito Democrático no país.

De acordo com Simões Pereira, em decorrência da observância do Estado de Direito Democrático que os parceiros da Guiné-Bissau vão contribuir para a restauração da normalidade constitucional no país.

Ladeado dos vice-presidentes do partido, Simões Pereira afirma que não houve nenhuma nomeação de um outro primeiro-ministro que não seja o Aristides Gomes, indigitado pelo partido vencedor das eleições legislativas de março último.
Confrontado com a acusação que foi alvo pelo Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), segundo a qual Simões Pereira está a desencadear mais uma campanha de desinformação, pondo em causa a dignidade e a credibilidade externa do país, o antigo primeiro-ministro guineense limitou a dizer que não trabalha para o Madem.
O Presidente guineense, José Mário Vaz, demitiu, na segunda-feira, o Governo liderado por Aristides Gomes e nomeou Faustino Imbali como primeiro-ministro da Guiné.
O Governo de Aristides Gomes não acatou a decisão do Presidente, que é candidato às presidenciais de 24 de novembro, e contínua em funções.
A União Africana, a União Europeia, a CEDEAO, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e as Nações Unidas já condenaram a decisão do Presidente José Mário Vaz e disseram que apenas reconhecem o Governo saído das eleições legislativas de 10 de março.
Notabanca; 02.11.2019Publicada por notabanca

APU-PDGB:“ATUAL IMPASSE POLÍTICO É ARTIFICIAL E ESTÁ SENDO PERPETUADO COMO TAL PERANTE COMUNIDADE INTERNACIONAL”

03/11/2019 / OdemocrataGB / No comments

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A Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) diz num comunicado que o atual “impasse” político é artificial e está a ser perpetuado como tal, perante a comunidade internacional, por atores que desejam deturpar as disposições da Constituição da República da Guiné-Bissau.

Num comunicado datado 02 de novembro do ano em curso, a APU-PDG discorda completamente da deturpação dos fatos relacionados com o atual “impasse” político para o qual, segundo esta formação política, alguns atores internacionais tenham contribuído na deturpação no que diz respeito à posição desta formação política com assento parlamentar.

O documento adianta ainda que, após as eleições legislativas de 10 de março de 2019, nenhum partido obteve uma maioria absoluta na Assembleia Nacional Popular para formar Governo. Assim, o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), sob a liderança de Domingos Simões Pereira, procurou a APU-PDG, sob a liderança Nuno Gomes Nabiam, para formar uma coligação e posteriormente formar governo. Na base desta coligação o governo foi formado e empossado pelo Presidente da República José Mário Vaz a 3 de julho de 2019, apesar de seu mandato ter expirado a 23 de junho de 2019.

Entre 3 de julho e 28 de outubro, vários desenvolvimentos políticos, não consentâneos com as aspirações dos nossos membros e cidadãos guineenses que confiam em nossa liderança, levando o nosso partido a considerar ilógico e insustentável continuar com a coligação política com o PAIGC no governo.  

No dia 29 de outubro, o nosso partido rompeu a coligação política com o PAIGC ao assinar um novo acordo de coligação com dois partidos com representação na Assembleia Nacional Popular nomeadamente o Partido da Renovação Social (PRS) e o Movimento para Alternativa Democrática (MADEM-G15), lê-se no comunicado.

Aquela formação política liderada por Nuno Gomes Nabiam informa neste mesmo documento que foi esta nova coligação que encaminhou o nome do novo primeiro ministro Faustino Fudut Imbali, ao Presidente da República, acabando assim por ser nomeado e formar novo governo que tomou posse.

“Nosso partido não se juntou à coligação com o PAIGC sob os auspícios da CEDEAO ou de qualquer outro órgão internacional e da mesma forma, não aderimos à nova coalizão sob os auspícios da CEDEAO ou de qualquer outro órgão internacional. Assim apelamos à comunidade internacional e a todos os amigos da Guiné-Bissau que respeitem a constituição de nosso país e a incipiente democracia”, salienta o comunicado.

Por: Aguinaldo Ampa 

OPINIÃO: Nuno Nabiam quer tudo… e perdeu tudo.

O candidato Nuno Nabian as Eleições Presidenciais de 24 de Novembro “bateu fundo” ao ponto de não saber como levantar…Aparece ontem com um comunicado, contendo ideias dele, tentando, cinicamente, vincular o mesmo aos órgãos da APU-PDG.

Na qualidade de militante da APU, venho através desta mensagem denunciar as mentiras e falsidades de Nuno, com a companhia de um nucleo insignificante de dirigentes. Vou passar aos factos:

1. Nuno não dispõe da maioria no seio do Partido e por isso não tem conseguido convocar os órgãos do partido;

2. Nuno perdeu a confianca de todos os membros da cupula, nomedamente os Vice-Presidentes Mama Saliu Lamba (este por vezes so faz fugura), Armando Mango, Joana Cobde Nhanca, Fatumata Djau Balde, etc.

3. Nuno perdeu a confianca de 3 dos 4 deputados do APU que, com ele, constituem a Bancada

4. Nuno perdeu a confiança de Juliano Fernandes, Secretário Geral e um dos principais ideólogos na criação do Partido;

5. Nuno perdeu a confiança do seu próprio Chefe de Gabinete, o jurista Marcelino Ntupe, com quem se embirou ao meio da semana, por este ter condenado, com fundamentos, a demissão do Primeiro-Ministro Aristides Gomes

6. Nuno perdeu Malam Biai, um dos principais activistas durante as Eleições Presidenciais de 2014;

7. Nuno diz ter estabelecido acordo com MADEM e PRS para a nova maioria, mas perguntem a ele se algum dos órgãos estatutários do Partido viu ou deu anuência para assinatura desse acordo?

8. Nuno perdeu até apoio da ala militar que o defendia por se apresentar como discipulo de Kumba Yalá.

Nesse caso Nuno fica com quê? Acho que com “migalhas”dentro do APU, estando sob a ameaça de ser corrido a qualquer dia.

Aliás, posso vos garantir que no dia em que Nuno convocar uma reunião dos órgãos estatutários, não haverá quórum porque a maioria dos membros não tomará parte nesta palhaçada…

Para terminar quero apelar aos militantes e simpatizantes da APU a estarem calmos, atentos e se manterem fiel ao Acordo da Aliança com PAIGC, UM e PND, que assegura a maioria no Parlamento e permitiu inclusive a aprovação do Programa do Governo.

O resto são sonhos e imaginações de Nuno Nabiam candidato.

Militante anônimo da APU-PDGB

Comício popular: CANDIDATO DO PAIGC DENUNCIA QUE “VENDEDORES DE DROGA ESTÃO NO PALÁCIO DA REPÚBLICA”

03/11/2019 / OdemocrataGB / No comments

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O candidato apoiado pelo Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), Domingos Simões Pereira, denunciou que os “vendedores de droga” na Guiné-Bissau encontram-se no Palácio da República.

O líder e candidato dos libertadores fez esta denúncia, sem entrar em detalhes, durante o comício popular realizado na cidade de Buba, região de Quínara no sul do país, marcando assim a abertura da campanha eleitoral de 21 dias para as eleições presidenciais agendadas para 24 do mês em curso.

Simões Pereira disse no seu discurso aos seus apoiantes que alguns candidatos estão no terreno a fazer campanha eleitoral, porém o candidato José Mário Vaz, convoca reuniões no Palácio da República para desenhar como controlará o poder.

O candidato dos libertadores mostrou-se confiante que a partir do dia 24 deste mês será o Presidente da República da Guiné-Bissau e de todos os guineenses, tendo assegurado que se for eleito vai garantir as condições para que o executivo liderado por Aristides Gomes possa trabalhar para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

Explicou que escolheu o  sul do país para fazer abertura da sua campanha eleitoral, porque   “o sul foi uma zona determinante na libertação do país o que permitiu hoje sermos livres e independentes”.

“O mapa que será desenvolvido no país depois da minha eleição como Presidente da República, a cidade de Buba será considerada centro  da Guiné Bissau, tendo em conta a sua potencialidade económica e cultural.

Por: Aguinaldo Ampa

Aristides Gomes: “MILITARES TÊM ESTADO A RESPEITAR A LINHA QUE LHES É TRAÇADA PELA CONSTITUIÇÃO”

03/11/2019 / OdemocrataGB / No comments

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O Primeiro-ministro demitido, Aristides Gomes, disse que os militares até agora têm estado, na verdade, a respeitar a linha que lhes é traçada pela Constituição, pelo que felicitou o comportamento da classe castrense que mantêm uma distancia e não se imiscuem na vida política do país.

Gomes fez estas constatações à imprensa à saída de uma reunião de quase uma hora com a missão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), aberta aos membros do seu executivo no salão Francisco Mendes (Tchico Té). A delegação reuniu-se primeiramente com o Presidente da República cessante, José Mário Vaz, a porta fechada e sem a cobertura de jornalistas.
O chefe do governo explicou aos jornalistas que a missão está no país  para ver o evoluir da situação política, tendo assegurado que durante a reunião abordaram a forma como podem cumprir a missão do seu governo, que é a realização das eleições presidenciais.

Questionado sobre a situação da segurança em particular a nível da classe castrense, informou que até agora os militares estão a respeitar a linha que lhes traçada  pela constituição.

Sobre as forças de segurança, assegurou que todas as forças da seguranças mantêm-se nos limites dos deveres que lhes são atribuidos na constituição.
Relativamente a presença dos elementos da força do ECOMIB no ministério do Interior, explicou que a ECOMIB está no país para ajudar  a manter um clima de paz.

“A presença de ECOMIB é uma presença que decorre da nossa participação na CEDEAO. Quando se entra numa organização, há regras que se devem seguir e respeitar. A ECOMIB somos nós, a ECOMIB é a CEDEAO. Se amanhã houver o mesmo tipo de problema noutro país, as nosssas forças também. Aliás, as nossas forças participaram em várias operações de manutenção de paz”, sustentou para de seguida afirmar que a ECOMIB está no país para ajudar  a manter a tranquilidade bem como permitir a Guiné-Bissau sair de eventuais crises políticas.

“A ECOMIB não vai atacar pessoas que vivem pacificamente e que respeitem as leis do país, mas está ao lado de nossas forças policiais para nos ajudar a manter um clima de tranquilidade”, espelhou.

Salienta-se que a missão da CEDEAO chegou ontem a noite a Bissau. A delegação chefiada pelo ministro nigerino dos Negócios Estrangeiros, Kalla Ankourao, que é igualmente o presidente do Conselho de Ministro da CEDEAO, conta ainda com a presença do Secretário-geral da Presidência da Guiné-Conacri, Naby Kirirdi Bangoura, presidente da Comissão da CEDEAO, Jean-Claude Kassi Brou, Comissário de Assuntos Políticos, da Paz e Segurança, General Francis Behanzin e oficiais generais da força do ECOMIB. 

Ainda de acordo com as informações apuradas pelo jornal O Democrata a missão vai realizar uma conferência de imprensa no fim de trabalho, onde apresentará o comunicado final com a sua posição sobre a crise política.

Por: Assana Sambú

Foto: A.S

OPINIÃO: Jomav, do narcisismo político ao suicídio político: memórias de uma morte política anunciada

No dia 23 de Maio de 2014, três dias depois de ser declarado vencedor da segunda volta das eleições presidenciais da Guiné-Bissau e no dia seguinte ao seu adversário, Nuno Nabiam, ter aceite a derrota depois de 48 horas antes de ter ameaçado rejeitar os resultados eleitorais, José Mário Vaz dirigiu-se ao Hotel Azalai em Bissau para se encontrar com o presidente Joaquim Chissano, Chefe da Missão de Observação da União Africana e ex-enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas à Guiné-Bissau (2005).

José Mário Vaz não pedira para se avistar com o presidente Chissano na sua qualidade de Observador-Chefe da União Africana, mas sim na de ex-Chefe de Estado. Jomav vinha com um pedido muito específico: queria que o presidente Chissano o ajudasse a (re)estruturar o Gabinete da Presidência da Guiné-Bissau. Especificamente, queria o conselho do presidente Chissano sobre as várias posições que deveriam existir num Gabinete da Presidência. E trazia, ele próprio, algumas ideias: queria rodear-se de uma equipa de assessores técnicos para as diversas áreas de governação: economia, finanças, educação, saúde, etc.

O presidente Chissano escusou-se a dar uma resposta positiva à solicitação, argumentando falta de tempo, mas durante longos minutos tentou fazer ver a José Mário Vaz que a estrutura que este visualizava para o seu Gabinete da Presidência não fazia muito sentido, pois diferentemente dum sistema presidencialista, como Moçambique, onde o PR é também o Chefe do Governo, no sistema semipresidencialista/semiparlamentarista como o da Guiné-Bissau, o Chefe de Estado não tem funções nem responsabilidades executivas, pois estas pertencem ao Conselho de Ministros chefiado pelo primeiro-ministro. Seria, portanto, redundante, o Presidente da República rodear-se do tipo de assessores que ele pretendia.

À medida que o presidente Chissano lhe dava esta explicação, a expressão facial de Jomav foi transformando-se: o ar solícito de discípulo e aluno foi dando lugar à estupefacção e à incredulidade. Adivinhava-se-lhe pelo olhar o que lhe ia na cabeça: “What are you talking about?! Como não vou mandar?! É claro que que sou eu quem vai mandar!” Era como se José Mário Vaz nunca tivesse lido a Constituição do seu próprio país ou, apesar dela, nunca lhe tivesse passado pela cabeça manter-se afastado dos assuntos executivos, como a Constituição da Guiné-Bissau determina, sobretudo tendo como primeiro-ministro Domingos Simões Pereira, o seu némesis político dentro do PAIGC. E assim o encontro terminou, de forma desconfortável e inconclusiva.

À saída do encontro, tiraram-se as fotos da praxe do ex-presidente ao lado do presidente-eleito, mas quando um funcionário superior da União Africana pediu para posar para uma foto junto a Jomav, este recusou o pedido de forma brusca, dizendo que as pessoas poderiam usar essas fotos no futuro para conseguirem favores, alegando intimidade com o Chefe de Estado. O já desconfortável ambiente ficou ainda mais pesado e foi preciso o admirável tacto do presidente Chissano, que prontamente se ofereceu para fazer uma foto com o funcionário da União Africana, dizendo que já ninguém conseguia favores à custa do seu nome, para desanuviar a desagradável situação.

Tanto a conversa com o presidente Chissano como o incidente da fotografia foram indícios claros de estarmos na presença de um narcisista político, cujas acções futuras só poderiam causar problemas sérios à frágil arquitectura governativa guineense. Os meses e anos que se seguiram vieram provar os receios suscitados por aquele encontro: Jomav não descansou enquanto não se viu livre de Domingos Simões Pereira como primeiro-ministro e nunca parou de se imiscuir nas zonas de governação que se encontram para além dos limites constitucionais que lhe são impostos, fomentando e fabricando querelas e divergências políticas, na melhor tradição de dividir para reinar, e tentando assegurar que os únicos primeiros-ministros possíveis fossem os que lhe servem de marionetes nesse jogo.

No entanto, a soberba de José Mário Vaz levou-o ao longo destes 5 anos de forma cega a embates constantes não só com o bloco regional de que a Guiné-Bissau faz parte, a CEDEAO, sob cuja tutela política e de segurança tem vivido nos últimos anos, como mais importantemente com as estruturas e lideranças do PAIGC, o partido que lhe serviu de plataforma para chegar à presidência da República e, paradoxalmente, o único veículo viável para uma possível recandidatura com probabilidades de sucesso, já que Jomav nunca dispôs de base política suficiente fora do PAIGC e agora nem mesmo dentro deste.

Hoje, a 3 semanas das eleições presidenciais de 24 de Novembro, assiste-se aos últimos estertores do suicídio político a que foi condenado o agora pálido candidato independente, sem apoio partidário de relevo, pelo narcisismo político, já patente no presidente-eleito, naquela suite do hotel Azalai naquele dia de Maio de 2014.

Miguel de Brito

Ditadura de Consenso

OPINIÃO: Porque é que eu apoio a candidatura do DSP a Presidente da República?

Poderia responder facilmente a esta pergunta: apoio Domingos Simões Pereira porque ele é o que melhor está preparado, com conhecimento profundo da nossa realidade e uma visão de futuro e do que é necessário para que a “terra fria e ranka um bias” e sobretudo é um homem que tem amor à Guiné.

Quando o conheci em 2015 nas cerimónias do “Setembro Vitorioso” Domingos tinha acabado de ganhar as legislativas, tinha organizado com sucesso a apresentação do projecto “Terra Ranka” à comunidade internacional, estava a mudar a imagem negativa da Guiné e o povo estava pleno de confiança e esperança no novo governo. Simpatizei com esse homem elegante cheio de carisma, grande orador e de uma simpatia irresistível.

Mas, foi quando o JOMAV o destituiu de Primeiro-ministro e deitou abaixo o seu governo, quando ele sacrificou a sua ambição em prol da paz no país demonstrando um desapego ao poder que há muito não tinha visto, principalmente em dirigentes africanos, que eu compreendi que estava perante um homem especial, um Líder peculiar, que punha a Nação e o Partido que dirigia à frente de seu ego.

Aí eu compreendi que estava diante de um Líder excepcional do meu Partido, do Partido do meu Pai, e que eu tinha o dever de o apoiar já que pude perceber que nesse homem ainda jovem estava o futuro do meu país e a realização das promessas que a luta de libertação representava para o povo guineense.

Pode-se dizer que foi o DSP e a obrigação que senti em apoiá-lo, que me fez entrar na política activa com a certeza que ele seria um grande Primeiro-ministro e estava a fazer um trabalho admirável na reestruturação do PAIGC.

Após a última eleição legislativa, quando JOMAV se negou a empossá-lo como Primeiro-ministro, muitos de nós compreendemos que DSP devia candidatar-se à Presidência da República. Para ser sincera, no início tive muita tristeza porque achei que, como presidente do PAIGC, Domingos estava a fazer um trabalho inestimável e insubstituível. Mas depois, pouco a pouco compreendi que DSP será uma mais-valia como Presidente de todos os guineenses porque ele hoje é a figura que nos pode reunir, que é capaz de representar a Nação, que consegue transformar o cargo de Presidente da República num posto de observação do cumprimento das regras democráticas, da ética na governação, da defesa dos mais desfavorecidos, das crianças e das mulheres.

Os poderes de que disporá vão-lhe permitir que seja o conselheiro do executivo e faça-se ouvir por ele, que siga o cumprimento do programa “terra ranka”, que apoie os jovens, que seja o exemplo de que eles tanto necessitam!

Mas além de tudo, o acima exposto, há um episódio que o tempo de convivência com o DSP e com os militantes e jovens do Partido me fez recordar: Um dia, logo após o assassinato do meu pai, fui juntamente com outros camaradas ao posto de comando do Francisco Mendes em Cumbanghori.

Aí encontrei-me com Moussa Djassi que cuidava de mim na Granja, e na brincadeira disse-lhe, após ele me ter pedido cigarros, que meu Pai não me tinha deixado herança. Uns dias depois Chico mandou-me chamar à sua “barraca” e disse ter ouvido a minha conversa com o Mussa.

Pediu-me então que nunca mais repetisse que Cabral não me tinha deixado herança, já que meu Pai, segundo ele, me deixou a maior herança que se pode deixar aos filhos: Homens e Mulheres. Chico disse-me: “nós todos somos a tua Herança”. Com essa afirmação ele ligou-me definitivamente à Guiné!

Houve tempos em que essa herança estava perdida! Mas hoje eu a reencontro graças ao DSP, aos militantes do PAIGC, às mulheres da UDEMU, aos jovens da JAAC e da geração positiva.

Por isso, além de todas as suas virtudes e capacidades, eu apoio Domingos Simões Pereira a Presidente da República pela oportunidade que me concedeu de reencontrar a Herança de meu Pai: os Homens e as Mulheres que lutam pelos ideais pelos quais morreu, e um Partido unido e uma Guiné cheia de esperanças!
Obrigado meu irmão Domingos pela possibilidade que me dás de recuperar essa minha Herança!

Ditadura de Consenso

02 de Novembro de 2019
Iva Cabral

Quem são os candidatos às presidenciais na Guiné-Bissau?

Doze figuras procuram convencer o eleitorado guineense para assumir o mais alto cargo do país. A DW África lança um olhar descritivo sobre esses homens que ambicionam a Presidência da República da Guiné-Bissau.

Principais candidatos à Presidência da Guiné-Bissau

Principais candidatos à Presidência da Guiné-Bissau

São doze as figuras que querem chegar à Presidência da Guiné-Bissau, um candidato a menos do que em 2014. O país procura a eleição da quinta figura eleita democraticamente desde 1994, ano das primeiras eleições multipartidárias do país. Os percursos e perfis políticos dos candidatos são diferentes, assim como as suas ideologias.

Um dos estreantes nestas eleições é Gabriel Fernando Indi, candidato apoiado pelo Partido Unido Social Democrata (PUSD). Tem o curso de Direito por concluir em Portugal e está sempre ligado ao futebol nacional, tendo dirigido por alguns anos o Futebol Clube de Safim, sediado a 16 quilómetros de Bissau.

Umaro Sissoco Embalo

Umaro Sissoco Embaló lança campanha eleitoral em Espanha

Por sua vez, Umaro Sissoco Embaló, apoiado pelo Movimento para Alternância Democrática (MADEM G-15) é general na reserva e já foi primeiro-ministro, entre dezembro de 2016 e janeiro de 2018, ano em que Carlos Gomes Júnior, candidato independente, regressou à Guiné-Bissau depois de seis anos de asilo em Portugal.

Empresário conhecido com o nome de “Cadogo”, Gomes Júnior foi presidente do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) durante doze anos e foi primeiro-ministro em duas ocasiões (entre 2004 a 2005 e de 2009 a 2012). Quem também foi primeiro-ministro e é candidato às eleições é Baciro Djá, líder e candidato da Frente Patriótica para a Salvação Nacional (FREPASNA). É psicólogo formado em Cuba e foi também Ministro da Defesa Nacional.

Reeleição

As eleições presidenciais de 24 de novembro vão contar ainda com a candidatura independente de José Mário Vaz, economista formado em Portugal, que concorre para a sua própria sucessão no cargo. Antes de assumir a Presidência da República, foi ministro das Finanças.

A figura mais antiga nesta corrida eleitoral é Iaia Djaló, líder e candidato do Partido da Nova Democracia (PND). Formado em Administração Pública, na Nigéria, concorre desde 2005 e, entre as funções de relevo que ocupou no país, foi ministro dos Negócios Estrangeiros e segundo vice-líder do Parlamento.

O vice-presidente da Assembleia Nacional Popular da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, engenheiro de aviação civil formado na antiga União Soviética, é presidente da Assembleia do Povo Unido-Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) e também concorre às presidenciais. Nabiam tinha sido candidato independente em 2014, quando foi lançado pelo antigo Presidente falecido Kumba Ialá.

Empresários querem a Presidência

Guinea-Bissau Domingos Simões Pereira, Vorsitzender PAIGC

Domingos Simões Pereira é líder do PAIGC

O embate eleitoral vai contar com alguns empresários à busca da Presidência da República. Um deles é Idriça Djaló, do Partido da Unidade Nacional (PUN). É economista formado em França e atualmente faz investimento no setor turístico da Guiné-Bissau. Chegou a atuar nos setores da pesca e de combustível.

Outro empresário a concorrer nessas eleições é Vicente Fernandes, líder do Partido para a Convergência Democrática (PCD). Esta é segunda vez que tenta chegar à Presidência, depois de o ter feito em 2012. É advogado formado em Portugal e, atualmente, detentor de uma empresa de filtração, tratamento e venda da água.

Entretanto, o estreante absoluto na arena política e na concorrência às eleições é o empresário Mutaro Intai Djabi, engenheiro civil formado em França.

Domingos Simões Pereira é também um dos que ambicionam a Presidência da Guiné-Bissau. Engenheiro civil formado na antiga União Soviética e com doutorado em Ciências Políticas, em Portugal, é ainda líder do PAIGC e foi primeiro-ministro entre julho de 2014 e agosto de 2015.

Este não é o caso de , presidente do Partido Republicano da Independência para o Desenvolvimento (PRID). É tenente coronel na reserva e foi vice-chefe de Estado Maior General das Forças Armadas Guineenses. É a terceira vez que concorre às  presidenciais.

Ausência de participação feminina

José Mário Vaz

O Presidente da República guineense, José Mário Vaz, busca a reeleição

As presidenciais deste ano, tal como em 2014, não registam a participação de nenhuma mulher. A única que se disponibilizou, Nancy Schwartz, viu a candidatura rejeitada pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

campanha eleitoral inicia este sábado (02.11) e, a propósito, a DW África ouviu os guineenses. “Não esperamos que os candidatos insultem uns aos outros sem uma visão clara. O passado não nos importa, o que importa é o presente e o futuro”, disse um jovem estudante universitário.

Outra cidadã guineense desvaloriza o momento tenso na política guineense e exprimiu o seu desejo para a campanha eleitoral. “Sei que tudo vai correr bem. Acho que vamos fazer uma campanha com civismo e que ninguém vai criar turbulências”, disse.

A opinião é partilhada pelo jovem recém-formado, que chama responsabilidade aos eleitores. “Acho que tudo vai correr normal. Agora cabe a nós cidadãos assumirmos as nossas responsabilidades”, afirmou.