O ministro dos Transportes e Comunicações, Augusto Gomes, revelou que está a trabalhar com o Banco Oeste Africano para o Desenvolvimento (BOAD) com o propósito de desbloquear um financiamento na ordem de 15 mil milhões de Francos CFA para a dragagem e sinalização dos canais do acesso ao porto de Bissau. Acrescentou que o fundo já foi consignado à Guiné-Bissau há mais de dez anos, mas o país não concretizou o seu levantamento devido à situação interna, contudo, mostrou-se esperançado que é ainda possível conseguir este financiamento durante o ano em curso.
O governante fez estas revelações durante uma entrevista concedida ao nosso semanário para falar sobre os trabalhos da reinstalação de semáforos nas ruas da capital Bissau, bem como dos trabalhos desenvolvidos pelo seu ministério no que concerne às obras de construção e modernização do aeroporto internacional Osvaldo Vieira e a dragagem dos portos de Bissau.
MINISTRO: “CONSTRUÇÃO DO AEROPORTO OSVALDO VIEIRA PODE INICIAR ANTES DO FIM DO ANO”
Augusto Gomes, disse que as obras de construção do aeroporto internacional vão iniciar antes do fim do ano em curso, se tudo correr como previsto. Acrescentou que o objetivo é ampliar e modernizar o aeroporto internacional, com o propósito de torná-lo atrativo para as companhias aéreas.
“Vamos assinar um contrato com a empresa turca “Summa” que fez o aeroporto do Niamey e o de Dacar. O aeroporto Osvaldo Vieira vai ficar com a mesma configuração do Niamey” assegurou, para de seguida avançar que já assinaram um memorando com a empresa e que dentro de alguns dias vão assinar um acordo definitivo para o arranque das obras.
Augusto Gomes anunciou também a construção do porto seco para descongestionar o porto de Bissau, o que segundo a sua explicação, vai criar as condições normais de operação para os operadores económicos.
“Vamos fazer a dragagem localizada, ou seja, do ponto de vista mais amplo e mais macro, dos canais de sinalização e do cais de Bissau. Este processo de dragagem é um dossiê muito pesado. Estamos a negociar com o BOAD portanto estamos agora a trabalhar no desbloqueamento deste financiamento.
Explicou ainda que o financiamento do BOAD é na ordem de 15 biliões de Francos CFA, contudo mostrou-se esperançado que seja possível conseguir este financiamento ainda este ano.
“Estou a com o representante do BOAD no país para agilizarmos o processo de abertura de uma conta sequestro para a domiciliação deste fundo que já foi consignado à Guiné-Bissau há mais de dez anos, mas só não se evoluiu por coisas nossas”, referiu, afirmando que o porto de Bissau, se for bem construído, pode resolver, de fundo, todo o problema económico da Guiné-Bissau.
“Estamos a perder o oxigénio. A nossa população não consegue respirar, porque este porto está fechado”, lamentou e afirmou que a demora no desbloqueamento deste fundo deve-se à falta de condições necessárias para a gestão do mesmo pelos sucessivos governos.
“Existe a obrigação de reembolso do financiamento, por isso deve haver uma perspetiva de gestão e de organização que garanta o retorno do capital. O porto de Bissau, como tem vindo a ser gerido nos últimos tempos, não garante esta perspetiva. Eu sou bancário, tenho experiência em assuntos desta natureza e sei quais são as exigências dos bancos perante os seus clientes relativamente ao cumprimento da sua obrigação. Se até aqui o desembolso não foi feito é porque nós, solicitantes do empréstimo, não fizemos o nosso trabalho”, contou.
Questionado se já foram reunidas as condições necessárias para conseguir o desembolso, respondeu que estão no bom caminho. Sublinhou que está a ser assistido agora pelo representante local do BOAD que, segundo o ministro, foi responsável do dossiê na sede central do banco em Lomé.
“Podemos conseguir o desembolso até o final do ano 2021, depois vamos lançar o caderno do encargos para conseguir rapidamente um parceiro credível para fazer a dragagem”, afiançou.
GOVERNO NEGOCEIA COM EMPRESA MARFINENSE PARA REINSTALAÇÃO DE SEMÁFOROS EM BISSAU
O ministro dos Transportes e Comunicações revelou que o governo está a negociar com a empresa “ASK” da Costa de Marfim para a instalação de semáforos na capital Bissau e posteriormente nas regiões do país.
“Há um prestador deste serviço que se dignou vir ao país com este produto que foi apresentado na quarta-feira. Escolhemos uma das zonas críticas da cidade de Bissau para testar este produto que nos foi doado. O prestador, que é o potencial parceiro do ministério dos transportes e comunicações, quis vir ao país para operar”, assegurou. Contudo admitiu a abertura do governo para receber outros prestadores do mesmo serviço ou outras empresas que pretendam operar naquele mercado.
Os semáforos foram instalados pela primeira vez em Bissau, em 2010, ao longo da principal avenida, Combatentes da Liberdade da Pátria, após a reabilitação da estrada.
Os trabalhos de instalação dos semáforos nos principais pontos de Bissau, sobretudo na rotunda de chapa de Bissau, ainda nesta fase experimental, estão a ser executados por profissionais da empresa marfinense especializada em matéria.
O ministro dos transportes e comunicações frisou que seria bom que os semáforos fossem testados, antes de qualquer engajamento, se vão ser colocados nas vias públicas das cidades da Guiné-Bissau “para ver se é um produto que vai ou não adequar-se à nossa realidade”.
“Em toda parte do mundo há semáforos, portanto nós não podemos ficar de fora desta realidade”, frisou, acrescentando que existe a necessidade de organizar cada vez mais a circulação rodoviária e urbana, de forma a garantir a fluidez.
Explicou ainda que os técnicos marfinenses colocaram um kit de semáforos para experiência naquela que é considerada uma das zonas mais críticas da capital, em termos de movimentação de viaturas e cidadãos, tendo assegurado que a iniciativa servirá como experiência para a polícia, os motoristas e os peões.
“Os semáforos estão instalados apenas na chapa de Bissau” informou, para de seguida anunciar que está a ser executada, neste momento, outra componente do projeto, que é a formação destinada aos técnicos da direção-geral da viação e transportes terrestres em conjunto com os agentes da polícia de trânsito.
“A formação permitirá que os nossos agentes compreendam bem o funcionamento dos semáforos, mas também que a sua gestão seja eficiente e eficaz, no sentido primário de salvaguardar a segurança na via pública”, contou.
Sobre as medidas a adotar para a proteção dos semáforos depois da sua reinstalação, Augusto Gomes reconheceu que no passado o governo não fez o suficiente para manter e proteger os semáforos instalados ao longo da avenida principal.
“Quem entrar em infração ou derrubar os semáforos assumirá a sua responsabilidade e ser-lhe-á cobrada rigorosamente”, alertou, acrescentando que haverá medidas severas para quem derrubar ou danificar os semáforos.
Explicou ainda que já se iniciaram as atividades da campanha de sensibilização das populações e motoristas sobre o funcionamento dos semáforos, tendo frisado que as autoridades estão ainda a apropria-se dos mecanismos do funcionamento dos mesmos.
Por: Assana Sambú
Foto: A.S