OPINIÃO AAS: As mentiras do Cissoko sobre os seus diplomas

Em 1995, Umaro Cissoko Embaló, jovem oficial de diligência do Tribunal Superior Militar, rumou para Portugal para frequentar estudos superiores, com uma bolsa que lhe foi oferecida pelo General João Bernardo Vieira.

Nas terras lusas, Cissoko começou a sua aventura académica em Coimbra. Não ficou, porém, muito tempo nesse reputado centro estudantil de Portugal.

Alegando não poder viver numa cidade tão pequena, zarpou para Lisboa onde se inscreveu no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP).

Durante a sua permanência em Lisboa, fez amizades com alguns altos dirigentes do Partido Socialista Português. Foi no reinado de António Guterres.

Cissoko falava facilmente e com regularidade com José Sócrates, António Costa, José Lello entre outros dirigentes socialistas. Ao mesmo tempo, viajava frequentemente para países como a Turquia, Israel, Venezuela e outros, em estadias curtíssimas que por vezes não ultrapassavam 48 horas.

É impossível não se intrigar com a facilidade com que um jovem estudante oriundo de África conseguiu conexões fáceis com a estrutura do poder em Portugal, bem como com as suas viagens-relâmpago a vários países. O que Cissoko fazia em Portugal era tudo menos estudar.

Em 1999, Cissoko abandona Portugal sem ter terminado o curso no ISCSP. É curioso que alguns dos seus actuais apoiantes políticos foram colegas dele no ISCSP e sabem que o seu percurso académico foi um fiasco.

Quando em Novembro de 2016, Cissoko Embaló é nomeado Primeiro-ministro da Guiné-Bissau por José Mário Vaz, ele surpreende o mundo com um currículo vitae invejável.

Além de ser General, o que não deixa de ser surpreendente para um jovem de 44 anos na altura (mas isso é outra história), Cissoko assina que, além da licenciatura no ISCSP, é titular de um mestrado e de um doutoramento em universidades Espanholas (os referidos estabelecimentos não o conhecem, como DC provou nas trocas de e-mail), além da frequência de universidades Sul Africanas e Israelitas, bem como da prestigiada Harvard.

Uma amiga Portuguesa telefonou-me na altura da sua nomeação ao cargo de Primeiro ministro e perguntou se o currículo do novo Primeiro-ministro era verdadeiro.

– Claro que é falso – respondi-lhe com a maior das calmas.

Essa amiga observou que também já desconfiava, e acrescentou que se esse currículo fosse verdadeiro era fabuloso para um Primeiro ministro. Infelizmente para Cissoko, esse currículo é falso. Como Judas.

Em qualquer outro país democrático, isso era suficiente para o desqualificar para uma candidatura presidencial. Já se viu ministros demitirem-se em alguns países por se descobrir que mentiram acerca dos seus diplomas ou até mesmo por plágio de teses de doutoramento.

O problema do Cissoko é que a sua fraca capacidade intelectual o trai. Como comprar a ideia de que tem todas as formações que diz ter, se é um vazio de ideias e uma nulidade argumentativa?

Como pretender aceitar que tem os diplomas que diz ter se não consegue articular-se minimamente, se o seu raciocínio é básico e se não domina nenhuma das línguas dos países onde diz ter obtido seus diplomas?

Na verdade, Umaro Cissoko Embaló é oco e não convence. Durante toda esta campanha eleitoral só lhe ouvimos um discurso sectário, intriguista e mentiroso:

– fulano de tal é ‘tchuné’; o outro é lion brandy; o fulano e o beltrano é que impedem o levantamento de sanções aos militares; o fulano é feio, eu sou mais bonito; a mulher do fulano é isto e aquilo; o meu amigo milionário virá em quatro jatos privados trazer 1 bilhão de dólares à Guiné-Bissau, mas só se eu ganhar as eleições.

Este é todo o discurso que aquele que pretende dirigir os destinos do nosso país e de perto de 2 milhões de guineenses tem para oferecer.

Sem ideias e sem um manifesto, sem preparação e sem a mínima noção de responsabilidade, Cissoko Embaló é o protótipo de um charlatão perigoso e sem vergonha que não olha a meios para atingir os fins, mesmo que para isso tenha que nos mentir olhando-nos no fundo dos olhos.

A mentira sobre seus supostos diplomas é apenas a ponta do iceberg de uma série triste de mentiras a que já nos habituou desde que apareceu na cena política nacional em 2016.

Mas o que é realmente preocupante é o facto de ainda haver entre nós pessoas que o levam a sério. Cissoko é um homem que anda com um bidão de gasolina numa mão e um isqueiro aceso na outra. AAS