O Diretor Executivo da ONG TINIGUENA, Miguel de Barros, afirmou que a “exploração anárquica” das florestas potenciou a corrupção ao nível das estruturas públicas e das comunidades locais, sublinhando que algumas comunidades puseram em causa a pertinência de conservação de florestas e “hoje têm falta de recursos, têm conflitos entre si e têm maior precariedade em termos de condições de vida”. O ativista social fez estas afirmações esta quarta-feira, 14 de julho, durante a abertura da Conferência Nacional de Apresentação da Proposta do Regulamento sobre as Florestas Comunitárias no país.
Miguel de Barros disse que a Guiné-Bissau não tem tido, nos últimos dez anos, a capacidade de gestão ao nível de concessão de licenças de exploração de madeira bruta, afirmando que, entre 2012 a 2020, é difícil encontrar as florestas primárias nas regiões de Cacheu e de Oio, por o governo ter dado a licença de exploração de madeira sem nenhum inventário do estado da floresta.
O diretor executivo da ONG Tiniguena assegurou que o país não desenvolveu nenhuma capacidade interna que permitisse transformar os produtos derivados da exploração florestal, compensar as comunidades, através de recursos financeiros provenientes da exploração de madeiras, assim como investir no apoio aos operadores nacionais que trabalham com a produção da madeira para fins domésticos.
Miguel de Barros frisou que a ausência da possibilidade da gestão efetiva e técnica das comunidades para gerir e monitorizar os seus recursos tem fragilizado o elemento de conservação e a capacidade de potenciar maiores valências em termos de exploração económica, defendendo que seja reconfigurado o mandato das delegacias regionais de Florestas para dar assistência às comunidades, assim como a formação dos autores locais para o registo do estado de implementação das medidas associadas à gestão das florestas comunitárias.
Miguel de Barros disse esperar que o governo adopte a Proposta do Regulamento sobre as Florestas Comunitárias para que a questão da floresta seja mais um elemento de “união, coesão e do bem-estar” do que dos conflitos de tensões e de desconfianças, afirmando que “adopção desta proposta de Regulamento sobre as Florestas Comunitárias será a maior conquista da Guiné-Bissau em matéria da conservação e valorização da floresta comunitária”.
Em representação da delegação da União Europeia no país, Ivo Balde afirmou que “infelizmente, nos últimos anos, assistimos em todo o mundo a uma rápida degradação dos recursos naturais para a qual contribui de modo inquietante o impacto das mudanças climáticas, bem como as atividades humanas”.
Para Ivo Balde, quanto mais a Guiné-Bissau for capaz de combinar as oportunidades económicas com a devida valorização e preservação ambiental, melhor assegurará um futuro promissor para as geração futura, “a nossa juventude”, afirmando que o Regulamento sobre Florestas Comunitárias é um documento indispensável para a valorização e preservação do “rico e precioso património ambiental do país”.
Por: Tiago Seide