Prevenção do Covid-19: ORGANIZAÇÕES JUVENIS EXORTAM GUINEENSES A CUMPRIREM AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO

As duas organizações juvenis guineenses, Conselho Nacional da Juventude (CNJ) e a Rede Nacional da Juventude (RENAJ) exortaram os cidadãos nacionais e estrangeiros que vivem no país em particular os jovens a cumprirem com as  medidas prevenção adotadas pelas autoridades sobre a doença de coronavirus (covid-19), sobretudo abdicar de frequentar os locais de maior concentração.

A propagação do covid-19 que ceifa milhares de vidas, na Guiné-Bissau já foram confirmados dois casos e dezenas de casos nos países vizinhos com os quais a Guiné-Bissau tem uma vasta linha fronteiriça.

CNJ: “É PRECISO ACELERAR E AUMENTAR AS MEDIDAS DE PREVENÇÃO”

A presidente do Conselho Nacional de Juventude (CNJ), Aissatu Forbs Djaló, apelou à população guineense para reforçar as medidas preventivas recomendadas pelo Ministério de Saúde Pública ou Organização Mundial de Saúde (OMS) na luta contra o COVID-19 (Coronavírus), sobretudo numa altura em que já foram confirmados dois casos da doença no país.

Aissatu Forbs Djaló referiu que a única arma que os guineenses possuem neste momento é a prevenção rigorosa da doença e pediu a maior seriedade e para não acreditarem nos mitos que estão a ser veiculados no seio da população.

A ativista garantiu que o Conselho Nacional da juventude dividiu as suas atividades de prevenção em três eixos, através das redes sociais, partilha de mensagens oriundas das organizações credíveis como a Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde Pública e vídeos gravados em crioulo e línguas maternas.

Quanto a atuação no terreno, a CNJ tem previsto no seu plano uma campanha de sensibilização porta a porta, as limpezas nas regiões e nos setores e a criação de um plano denominado “frente comum contra o covid-19”.

A líder juvenil exortou o governo para assumir a responsabilidade de garantir a realização de testes a cada indivíduo que chegar às instituições hospitalares como a forma de diminuir o pânico.

Reconheceu que a Guiné-Bissau não está preparada para enfrentar a doença. Durante a entrevista, Aissatu Forbs Djaló explicou que apesar das autoridades estarem a tomar o engajamento sério ainda falta acelerar as medidas vigorosas de prevenção.

Realçou que as populações das regiões do país, sobretudo as que vivem nas zonas com maior abertura para interior do território devem engajar-se seriamente para impedir a entrada das pessoas nas fronteiras com os países vizinhos ou por vias clandestinas e denunciar os casos junto das autoridades que estão a controlar as principais fronteiras e redobrar as ações de vigilâncias nas fronteiriças.

RENAJ: “NOSSO SISTEMA SANITÁRIO É DÉBIL E SERÁ DESASTROSA SE A DOENÇA ENTRAR NO PAÍS”

O coordenador da Campanha de sensibilização do Covid-19 da Rede Nacional das Associações Juvenis (RENAJ), Ruminik Oliveira Sanca, alertou que o sistema sanitário guineense é débil e que seria desastrosa se a doença entrasse no país. Sublinhou que os guineenses não devem ignorar nenhum pormenor ou orientações dadas pelas autoridades sanitárias.

Sanca afirmou que neste momento uma das preocupações da rede é capacitar um número reduzido de jovens para serem portadores de mensagens de sensibilização para toda a comunidade guineense.

Explicou que a RENAJ visitou e deu orientações as suas organizações para se engajarem nas medidas preventivas. Contudo, esclareceu que a nível das regiões a rede não fez ainda nenhum contato, devido às dificuldades financeiras. Por isso apelou às populações regionais a procurem os centros de saúde mais próximos para se informarem da doença e começarem a observar as medidas de prevenção.

Oliveira Sanca pediu aos condutores de transportes públicos para usarem sempre os desinfetadores como método de prevenção. Condenou as desinformações à volta da doença e lembrou que todos devem redobrar os esforços para o seu combate.

“O Covid-19 é uma realidade e deve merecer a preocupação de todos, por isso os mitos a volta disso devem acabar e que todos devem seguir todas as recomendações dadas pelas autoridades sanitárias”, aconselhou.

Ruminik Sanca defendeu que o hospital nacional Simão Mendes não seja priorizado como um lugar para o isolamento das pessoas infectadas com a pandemia, mas sim um lugar especial para combater o Covid-19. Ruminik Sanca apelou por isso ao governo para reforçar as medidas de controlo nas fronteiriças, sobretudo nas zonas periféricas das regiões que fazem fronteiras com os países vizinhos.

Por: Djamila da Silva

COVID-19 – PALOP preocupam

Declarações do diretor do IHMT (Instituto de Higiene e Medicina Tropical).

O diretor do IHMT considerou hoje que a situação da covid-19 nos países africanos lusófonos “não é crítica”, mas mostrou-se preocupado com a falta de ventiladores para tratar os doentes mais graves.

Países lusófonos em África não estão preparados para doentes críticos
“Ainda não estamos numa situação crítica. Cabo Verde registou um óbito, Angola tem a situação mais ou menos estabilizada e Moçambique também”, disse Filomeno Fortes à agência Lusa.

O médico angolano entende que as condições climáticas nestes países, associadas a medidas de controlo epidemiológico das fronteiras e ao facto de, na sua maioria, não terem grandes fluxos turísticos tem contribuído para a diminuição do risco de propagação da doença.

“Preocupa-nos é o facto de esses países não estarem preparados para receber doentes em estado crítico”, disse, considerando que esta deve ser uma das principais preocupações dos governos.

“Não há pessoal suficientemente preparado, em quantidade, para responder aos casos críticos e não há equipamentos, por exemplo ventiladores. Se houver um acréscimo exponencial de casos, não vamos ter como colocar em ventilação esses pacientes”, disse.

Filomeno Fortes entende que a questão dos profissionais pode ser solucionada com recurso à ajuda de países amigos, considerando que quer Angola quer Moçambique podem “rapidamente recorrer a Cuba para apoio em recursos humanos”.

“Fica por resolver a questão dos equipamentos, e aí sim, começamos com outro drama”, disse.

O diretor do IHMT sublinhou também a importância de os governos apostarem na “mobilização social” para “disciplinar a população em relação aos comportamentos, quer de higiene, quer culturais”.

Filomeno Fortes manifestou preocupação particular em relação à Guiné-Bissau, tendo em conta a crise política e institucional em que o país continua mergulhado e a fronteira com o Senegal.

“A Guiné-Bissau tem uma fronteira com o Senegal, onde há uma grande movimentação, e [também], neste momento, é difícil encontrar uma voz única de comando”, disse, defendendo intervenções da União Africana e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no sentido de apoiar o país na luta contra a doença.

Filomeno Fortes adiantou que o IHMT está a mobilizar a rede dos seus antigos doutorados e mestres nos países lusófonos e a trabalhar em parceria com a CPLP na criação de uma “plataforma metodológica” com documentação técnica e informação atualizada e credível sobre a doença, em português.

A ideia é, segundo Filomeno Fortes, ajudar os países a desenvolverem os respetivos planos de contingência, “evitando cometer alguns erros por disseminação de informação que vai pululando pelas redes sociais”.

Além de ações de apoio à luta contra a doença em Portugal, o diretor do IHMT adiantou que a organização está também preparada para dar formação, à distância, aos técnicos dos países lusófonos.

“Neste momento, já estamos em articulação com Angola e Cabo Verde e queremos estabelecer também a ligação com a Guiné-Bissau porque, como entendemos que a situação é preocupante, podemos, fora dos ‘links’ políticos, dar um apoio técnico aos colegas da Guiné-Bissau no manuseamento destes casos”, disse.

Angola e Cabo Verde registam, cada um, três casos da covid-19 nos seus territórios, tendo ocorrido uma morte pela doença em Cabo Verde.
Moçambique confirmou cinco casos de infeção e a Guiné-Bissau dois.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Globalmente, o continente africano contabiliza mais 2.700 casos e 72 mortes. Lusa

MEDIDAS RESTRITIVAS DO GOVERNO AUMENTAM PRESSÃO AO CONSUMIDOR GUINEENSE

As medidas restritivas adotadas pelo governo da Guiné-Bissau, na sequência dos dois casos de novo Coronavírus (Covid-19) registados no país aumentaram, em menos de 24 horas, a pressão ao consumidor.

Esta manhã, 26 de março de 2020, uma feira improvisada, por apenas algumas horas, à entrada de Pefine da Areia, arredores de Matandim, seção de Bôr, foi “invadida” por um grupo de pessoas que se deslocou ao local para comprar malagueta  “candja” e “ badjigui”, sinais claros de que a maior parte dessas pessoas poderá ter no seu almoço o prato típico chamado “futi”, devido a escassez de alguns produtos da primeira necessidade.

Horas antes, o repórter de O Democrata esteve no bairro de Pefine de pescadores onde encontrou cerca de uma dezena de viaturas e desportistas que fazem diariamente exercícios matinais das suas localidades até ao Pefine de pescadores e no final dos exercícios aproveitavam para fazer pequenas compras (legumes, peixes, etc). Hoje, a grande verdade é que ninguém destes desportistas estava em exercício matinal como habitualmente acontecia, mas sim a procura de peixe e de legumes, etc.

Apesar da pressão, o ambiente estava calmo e não se ouvia palavras obscenas ou insultos que pudessem suscitar reações de um ou de outro lado. Apenas era audível “mindjer ami ki purmeru, bindin pis!” Mas tudo isso em tons suaves sem nervosismo a flor de pele. Eram de fato dezenas de pessoas a tentarem conseguir alguma coisa que as deixasse ficar em casa por uns quatro ou cinco dias, cumprindo assim as medidas restritivas adotadas pelo governo liderado por Nuno Gomes Nabiam.

Infelizmente, o repórter do semanário não conseguiu reter as imagens dessas pessoas e viaturas para ilustrar o ambiente que se vivia no local, porque a bateria da sua câmera estava descarregada e teve que recorrer, através da cortesia de um amigo, à  imagem da pequena feira improvisada à entrada de Pefine da Areia que mostram as poucas pessoas que estavam no Pefine de pescadores, mas sem  viaturas.

Por: Filomeno Sambú

Materiais doados pela fundação Ali Baba e Fundação Jack Ma chegam esta tarde à Bissau

 

Bissau, 26 mar 20 (ANG) – O lote de materiais médico/sanitário oferecido pelas  Fundações Ali Baba e Jack Ma à todos os países africanos chegam hoje à Bissau, noticiou a Radiodifusão Nacional que cita uma fonte da embaixada da República Popular da China, em Bissau.

O donativo é constituído de  20 mil testes, 100 mil máscaras e 1000 batas médicas.

As autoridades sanitárias guineenses confirmaram quarta-feira a existência de dois caos de coronavírus em Bissau.

A situação motivou o reforço das restrições de circulação no quadro da prevenção contra a pandemia.

A partir de sexta-feira, (27) entra em vigor o funcionamento de mercados, lojas e supermercados, para efeitos de venda de produtos de primeiras necessidades entre as sete  e as 11 horas da manhã.

Nos locais de trabalho o governo determinou a redução do pessoal  em função ao mínimo necessário para que os diferentes serviços públicos se mantenham em funcionamento.

A circulação na via pública de transportes públicos ficam proibidas, salvo por questões de emergência hospitalar. Caros particulares podem circular  mas nunca com mais de três pessoas.

A restrição de circulação nas vias públicas, segundo um comunicado do Ministério do Interior, não abrange os profissionais de órgãos de comunicação social, de bancos, Finanças, farmácias e Saúde.

Entretanto uma equipa médica cubana iniciou esta quinta-feira uma campanha de sensibilização nos bairros de Bissau sobre medidas de prevenção e controlo da propagação do coronavírus, em colaboração com a comissão inter-ministerial de prevenção e combate ao coronovirus. Trata-se da Brigada médica cubana em missao na Guiné-Bissau.ANG/SG

Postado por ANG às 06:55:00

MINISTRO DO AMBIENTE ALERTA QUE A DEGRADAÇÃO DO MANGAL CONTRIBUIU NO AUMENTO DA EROSÃO

O ministro do Ambiente e da Biodiversidade alertou que a degradação do ecossistema de mangal e das florestas têm contribuído no aumento do fenómeno da erosão no país.
Viriato Cassama falava no âmbito da entrega de vários lotes de materiais que a direcção-geral do ambiente e da agricultura recebeu por parte do Instituto da Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP) através da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).
Estes donativos e no quadro do projecto da protecção e restauração de mangais e paisagem produtiva para fortalecer a segurança alimentar e mitigar os efeitos das alterações climáticas financiado pelo fundo para Ambiente Mundial.
“A Guiné-Bissau é considerada um dos países mais vulneráveis ao impacto das alterações climáticas devido a sua baixa costa, a irregularidade do regime da chuva e aumento da temperatura associada a fraca capacidade técnica e tecnológica, e ao défice de meios financeiros para fazer face aos problemas decorrente inegável realidade”, diz para depois realçar que “os aumentos dos fenómenos da erosão e da segmentação devido a degradação do ecossistema de mangais e das florestas tem contribuindo para aumento do fenómeno da erosão associada a má gestão de água de cultivo de arroz tem ameada subsistência das comunidades locais”.
Ocasião serviu por outro lado para o ministro do Ambiente e da Biodiversidade pedir o respeito na aplicabilidade de medidas de prevenção contra o coronavírus que assola o mundo.
“Esta ocasião serviu também para pedir o respeito a aplicabilidade de medidas de prevenções contra a COVID 19 assim desejar boa sorte a todos guineenses no combate a esta pandemia”, pede Viriato Cassama.
O director-geral do IBAP Justino Biai defendeu a valorização de mangais assim como a sua protecção sobretudo no contexto da alteração climática.
“Hoje cada vez mais, estamos a descobrir o papel económico e social do mangal no que aumenta a sua importância por isso é imperioso a valorização sistemática de mangal e por outro lado, devemos proteger-lhe porque joga um papel de grande importante sobretudo neste momento que estamos da mudança climática”, advertiu Justino Biai do IBAP.
Os mangais são um ecossistema de enorme importância para a protecção costeira, a segurança alimentar e para a conservação e refúgio da biodiversidade.
Por: Marcelino Iambi/radiosolmansi com Conosaba do Porto

SOCIEDADE CIVIL GUINEENSE CRIA CONSELHO ECONÓMICO SOCIAL E AMBIENTAL

SOCIEDADE CIVIL GUINEENSE CRIA CONSELHO ECONÓMICO SOCIAL E AMBIENTAL

Dada a crescente preocupação do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento, com a falta doespaço de consultas, concertações, conciliações e coordenação dos setores da vida nacional sobre as matérias de índole económico, social e ambiental; sendo notória a destruturação e desarticulação das estruturas públicas do estado do governo que acarreta falta de sintonia na conjugação de sinergias interinstitucional; sabendo que nos estados membros da UEMOA com a exceção da Republicas da Guiné-Bissau e Togo que se encontram no incumprimento da sua diretiva sobre a matéria, já la vai, há mais de uma década que foram instituídos e postos em funcionamento o Conselho Economico, Social e Ambiental, enquanto estrutura com finalidade de tecer orientações ao equibilirio económico, social e exploração racional da floresta e ecossistema inerente nos nossos países da União.

  

E, em observância do papel de complementaridade que nutri a existência das Organizações da Sociedade Civil (OSC) associados aos outros Atores Não Estatais (ANE); e, sendo o Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento, maior plataforma das OSC no país, e, parceiro incontornável do governo, Membro Estatutário do Conselho de Trabalho e do Dialogo Social da UEMOA – órgão de consultivo da UNIÃO, cujos representantes no referido fórum, têm sidos rotineiramente abordados sobre a pertinência de criação do espaço em causa supracitado, pelo que, a fim de assessor a quem de direito – o governo da Guiné-Bissau, nestes termos urge tomar a disposição para o efeito.

Assim, no uso das minhas prorrogativas na qualidade do Presidente do Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento, decido sob as orientações da direção que dirijo o seguinte:

  1. Criar a Comissão Instaladora (CI) do Conselho Economico, Social e Ambiental Independente abreviadamente designado CESAI;
  1. A CI/CESAI, é composto pelas personalidades que abaixo se afiguram:

2.1.      Senhor José Biai, Economista membro (Coordenador);

2.2.      Senhora Alice Mariama Mané membro (Coordenadora-Adjunta);

2.3.      Senhor Seco Bua Baio, Geólogo – membro;

2.4.      Senhor Adulai Djaló, Economista – membro;

2.5.      Senhor Welena da Silva, Jurista Ambientalista – membro;

2.6.      Senhor Aliu Soares Cassama, Economista – membro;

2.7.      Senhor Lai Baldé, Jornalista, membro (Secretário).

  1. Serão membros de Conselho de Administração (CA)/CESAI, o Presidente e o Vice-presidente das áreas temáticas inerentes aos setores económicos, sociais e ambientais incluídos o Secretário Permanente (SP) do Movimento  associados aos membros da CI/CESAI, mantendo-lhes os mesmos estatutos de membro, coordenador e Adjunta acrescidos de vogais efetivos;
  1. É incumbida a CI/CESAI, as tarefas de estabelecimentos do Regulamento de Funcionamento Interno, composição da lista das entidades particulares OSC e ANE membros e também das entidades públicas que integrarão na qualidade de membro-observadores;
  1. Será atribuída os membros do CA/CESAI, a faculdade de negociação dos acordos, convénios e projetos e de engajamento dos fundos da subsistência funcional e participação nos fóruns congéneres e/ou similares;
  1. A instalação efetiva e funcional do CESAI, é prevista dentro de 1 (um) mês, dando por fim a CI, salvo por razões alheias a ela e que possam constranger a progressão dos trabalhos dos seus membros e que venha justificar a prorrogação do tempo de limite máximo inicial vencido;
  1. A CI, será assistido nos seus trabalhos por alguns membros da direção como supervisor, assistente e um pessoal terceiro eventual para o recurso;
  1. A presente decisão entra em vigor a partir da data da sua assinatura, á contar de anuncio para os efeitos concernente;
  1.    Comunique-se.

Bissau, 25 de Março de 2020.-

PM Aristides Gomes

 

O primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Aristides Gomes, afirmou que o seu Governo tinha um plano de contingência que poderia evitar a entrada do novo coronavírus no país, caso não houvesse o golpe de Estado que o afastou do poder.

Em mensagem dirigida aos guineenses e divulgada nas redes sociais, Aristides Gomes, que tem estado em lugar incerto nas últimas semanas, defendeu que “o golpe de Estado fez colapsar os dispositivos previamente montados” pelo seu Governo, para alerta e prevenção à covid-19.

O chefe do Governo disse registar “com muita preocupação” o facto de terem sido anunciados dois casos de infeção por novo coronavírus na Guiné-Bissau, situação que “tende a piorar”, porque, considerou, as novas autoridades não têm “um plano orientador” nem medidas preventivas e reativas para a população.

“Neste momento, estamos perante uma incerteza quanto à propagação da pandemia”, afirmou Aristides Gomes, para quem são precisas “ações dinâmicas, com respostas imediatas” de acordo com a evolução da doença na Guiné-Bissau.

Aristides Gomes considerou que as “autoridades instaladas com o golpe de Estado” revelam “uma inércia” no que se refere às respostas, apontando o que diz serem falhas na estratégia, nomeadamente o facto de os infetados ainda não terem sido isolados para evitar o contágio e de material de proteção aos profissionais de saúde que vão lidar com os doentes.

O primeiro-ministro considerou ainda estar em falta um plano de assistência à população, em caso de calamidade, medidas para mitigar os efeitos do isolamento e o abastecimento de bens e produtos, uma vez que o comércio e os mercados encontram-se fechados.

O governante saúda os apoios da comunidade internacional, particularmente o gesto da fundação chinesa Jack Ma / Alibaba que, no âmbito dos apoios a todos os países africanos, vai doar à Guiné-Bissau 20 mil testes da covid-19, 100 mil mascaras e outras tantas batas médicas.

“Portanto, não se trata de diligência de ninguém em especial”, referiu Aristides Gomes na sua mensagem aos guineenses, reforçando a necessidade de ser criada uma autoridade técnica “competente e autónoma” para lidar com a covid-19 na Guiné-Bissau.

Gomes levanta, na sua mensagem, várias questões sobre a forma como as autoridades instaladas têm estado a lidar com a doença, nomeadamente questionando sobre se já se sabe quando será o pico da infeção, qual o numero de pessoas a serem internadas e como serão isoladas e atendidas.

Disse ainda que, “ao contrário do que muitos afirmam”, o momento é para se falar de política, salientando que as políticas públicas que o seu Governo vinha a implementar e interrompidas com o golpe tinham respostas para os problemas sociais do país, e agora, refere, as “consequências estão a ser dramáticas”.

A Guiné-Bissau vai atravessar esta pandemia no meio de uma crise política, após Umaro Sissoco Embaló ter tomado posse como Presidente enquanto ainda decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso do candidato Domingos Simões Pereira, que alega irregularidades nas eleições de 29 de dezembro.

Depois de ter tomado posse, Embaló nomeou um Governo, liderado por Nuno Nabian, que ocupou os ministérios com apoio de militares, mas recusa que esteja em curso um golpe de Estado no país e diz que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.

O número de mortes causadas pela covid-19 em África subiu hoje para 72 com o número de casos acumulados a ultrapassar os 2.700 em 46 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. Lusa

FMI E BM DEFENDEM PERDÃO IMEDIATO DA DÍVIDA DOS PAÍSES MAIS POBRES

O Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (BM) defenderam hoje, com efeito imediato, um perdão da dívida oficial bilateral dos países mais pobres, entre os quais estão Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.

“Com efeito imediato, e consistente com as leis nacionais dos países credores, o Grupo BM e o FMI apelam a todos os credores oficiais bilaterais que suspendam os pagamentos de dívida dos países [abrangidos pela] Associação para o Desenvolvimento Internacional (IDA, na sigla em inglês) que assim o solicitem”, lê-se num comunicado conjunto difundido hoje em Washington pelas duas instituições financeiras internacionais.

“Isto vai ajudar os países da IDA com necessidades imediatas de liquidez a lidarem com os desafios colocados pela pandemia do novo coronavírus e dar tempo para uma análise do impacto da crise e sobre as necessidades de financiamento para cada país”, lê-se ainda no texto.

A IDA é uma instituição que funciona no âmbito do Banco Mundial com a missão de apoiar os 76 países mais pobres, entre os quais estão todos os países lusófonos africanos, à exceção de Angola e Guiné Equatorial.

Neste apelo ao G20, o BM e o FMI apelam a estes países “que façam esta avaliação, incluindo a identificação dos países em situação de dívida insustentável, e preparem propostas para uma ação abrangente dos credores oficiais bilaterais sobre as necessidades de financiamento e de alívio de dívida nestes países”.

O grupo dos 20 países mais industrializados está esta semana a realizar um conjunto de reuniões no seguimento da pandemia da covid-19, tentando delinear um plano de ação conjunto.

“O FMI e o BM acreditam que neste momento é imperativo fornecer um sentimento global de alívio aos países em desenvolvimento, bem como um forte sinal aos mercados financeiros”, conclui-se no comunicado, que incide apenas sobre a dívida bilateral e não sobre a dívida emitida nos mercados internacionais e detida por investidores privados ou institucionais.

Dos países lusófonos, apenas São Tomé e Príncipe não tem, até ao momento, registo de contágio pelo novo coronavírus.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou perto de 428 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 19.000.

O continente africano registou 64 mortes devido ao novo coronavírus, ultrapassando os 2.300 casos.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

Notabanca; 25.03.2020

Publicada por notabanca à(s) 14:44

COVID-19: Mensagem do Primeiro-ministro Aristides Gomes


Minhas Senhoras e meus Senhores
Povo da Guiné-Bissau em geral
O Governo que tenho a honra de liderar, sufragado nas urnas, regista com muita preocupação o facto de terem sido anunciados 2 casos confirmados de Coronavírus no país.

Sendo que o momento é de encontrarmos soluções, gostaríamos de vos lembrar que o nosso Governo tinha adoptado um Plano de Contingência que, se tivesse sido operacionalizado a tempo, poderia ter evitado a entrada da pandemia no nosso território.

Infelizmente, os trabalhos de alerta e de prevenção contra o COVID-19, que tinham sido iniciados com sucesso, através dos dispositivos previamente montados, colapsou com o Golpe de Estado.

Sem um Documento-Plano orientador, quer em termos de medidas preventivas, quer reactivas da população em diferentes fases, a situação tende a piorar.

Neste momento estamos perante uma incerteza quanto ao propagio da pandemia, agora que foram detectados 2 casos. Por isso, o momento exige acções dinâmicas, com respostas imediatas de acordo com a evolução do COVID-19.

Pela nossa constatação, as autoridades instaladas com o Golpe de Estado, continuam a revelar uma inércia, no que se refere as acções de resposta. Basta só dizer que até aqui se regista uma ausência total de abordagens estratégicas face ao:

– Isolamento das pessoas infectadas para evitar o contágio;
– Materiais e equipamentos de proteção dos profissionais da saúde, que estarão na primeira linha de resposta;
– Plano de assistência à população em caso da situação de calamidade, incluindo os familiares dos profissionais que estarão expostos a maior risco de contaminação;
– Medidas compensatórias para mitigar os efeitos de isolamento e de problemas de acesso aos bens ou produtos essenciais. Este último derivado do encerramento dos mercados e do comércio informal.

Grosso modo, estamos perante o dilema de estabelecer fronteiras e limites entre prevenir e garantir ao mesmo tempo mantimentos a população. Uma situação que, se não for acautelada ou flexibilizada pode engendrar fome e expor a nossa população a outras enfermidades, reflectindo na incapacidade imunológica das pessoas.

Senhoras e Senhores

Pese embora o espectro da propagação de uma pandemia que já dizimou vidas, não deixaríamos de agradecer e registar com apreço os primeiros apoios que nos chegam da Comunidade Internacional. A lista de material (kit de prevenção) foi doada pela fundação Jack Ma e fundação Alibaba a todos os Estados Africanos. Todos receberão 20 mil testes, 100 mil máscaras e 1000 batas médicas.

Portanto, não se trata da diligência de ninguém em especial.

Por isso, apelamos ao uso responsável dessa doação. Para isto, a sociedade deverá ser informada do plano de ação que se pretende implementar, pois a transparência e a organização de brigadas e outras frentes de combate são indispensáveis para o bom aproveitamento de cada item doado.

Diante da complexidade do combate ao COVID-19, deve ser criada uma autoridade técnica competente e autónoma para gerir o processo. É assim que deve se comportar uma gestão pública, sobretudo nos momentos de crise. Estamos a falar da vida de todos os guineenses. Isso impõe que esta responsabilidade seja conduzida pelas mãos sérias e competentes de profissionais com experiência na matéria.

Contudo, e particularizando o caso da Guiné-Bissau, colocam-se interrogações em: como serão usados os respectivos materiais bem como a capacidade operacional das brigadas criadas para apoiar na prevenção?

Como sabemos, as medidas preventivas mais eficazes para reduzir a capacidade de contágio do novo coronavírus são: “etiqueta respiratória”; higienização, com água e sabão ou álcool gel a 70%, frequente lavegem das mãos; identificação e isolamento respiratório dos acometidos pela COVID-19 e uso dos EPIs (equipamentos de proteção individual) pelos profissionais de saúde. Será que temos isso disponível?

Já sabemos quando iremos atingir o pico da doença no nosso país?

Qual a estimativa, em ternos percentuais, dos pacientes a necessitar de internamento hospitalar? Como serão atendidos e isolados?

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Ao contrário do que muitos estão a afirmar, este é sim o momento de falarmos sobre política. Isto porque o Planeamento da Saúde Pública pressupõe a adoção de políticas, que darão as respostas adequadas às necessidades e preocupação do nosso povo. E, importa-se a propósito lembrar que as políticas sociais que nosso Governo adoptara, foram interrompidos por um golpe e as consequências estão a ser dramáticas.

Vamos apostar no mutualismo de esforços, pois, nada podemos esperar daqueles que ambicionaram em chegar ao poder, mas sem saber o que fazer com ele.

Como chefe de um Governo eleito, cada comunicado produzido dá as devidas indicações do que seria feito na normalidade democrática, pois o normal seria a entrega dos dossiers. No entanto, em virtude da força compulsiva do golpe através da ocupação das instituições pelas portas do cavalo, cabe-me o dever patriótico, face ao povo que elegeu a base parlamentar do meu governo, fazer pronunciamentos.

Como Chefe deste Governo eleito, entendo que a conquista do poder pela força leve a medo do debate mas o ônus da perturbação não cabe ao Chefe do Governo.

O meu Governo segue a trabalhar agindo ao serviço das nossas populações, ainda que isto possa custar a minha própria vida.

Eis porque como Primeiro-ministro Constitucional, cumpro o dever de expor os factos e análises a titulo de contribuição do meu Governo para permitir ao nosso país fazer face a pandemia do COVID-19.

Com esforço de todos, venceremos o Coronavírus!

Bissau, 25 de Março de 2020

Aristides Gomes
Primeiro-Ministro