GUINÉ-BISSAU REGISTA-SE OITO CASOS CONFIRMADOS DE CORONAVÍRUS 

 

O membro do Comité Interministerial de Luta Contra Coronavírus na Guiné-Bissau confirmou esta noite de 29 de março em Bissau, existência de oito casos de Coronavírus Covid-19 no país.

 Tumane Baldé garante que dos trinta e três casos suspeitos de Codiv-19, catorze deram negativos, 01 inconclusivo e dez casos em análise e seis já confirmados infectados, perfazendo oito pessoas infectadas da pandemia do Covid 19 na Guiné-Bissau.

Conforme o médico, os seis confirmados com coronavírus todos são guineenses, supostamente, contraíram o vírus, pelos cidadãos portugueses no último voo de TAP, que aterrou na capital guineense.

O médico Baldé assegura que, a tendência de Coronavírus no país é para provocar mais casos na Guiné-Bissau. E, aconselha a população para se acatar as orientações dos técnicos de saúde pública para evitar o pior.

De igual modo, equipa de Notabanca aconselha os guineenses e cidadãos estrangeiros que vivem no país para não desafiarem as autoridades do país. A lei é para cumprir e não fazer o contrário.

Cuide de si mesmo e do seu próximo.

Notabanca; 29.03.2020

OPINIÃO AAS: COVID-19 – Queremos números

Depois dos dois primeiros casos de infectados com o novo Coronavírus, nunca mais se ouviu falar em números.

Será que são só aqueles que já sabemos, de há uma semana?

Esconder ou ocultar os números não ajudam e só pioram as coisas.

Em todos os países com infectados há uma actualização diária que é feita pelas autoridades de saúde.

Já ouvi falar em cinco, seis casos. Ninguém sabe ao certo. Não estamos a pedir nomes ou moradas. Não. Queremos números. Números concretos. As regiões, que cidades?

Quantas pessoas estão infectadas? São quantos os suspeitos isolados e em acompanhamento? Quantos recuperaram? Quantos morreram?

Não existe nenhuma coordenação?, os doentes infectados têm tido um mau acompanhamento? Queremos saber.

O P5, que delegou o ponto focal (OMS, ONU e Banco Mundial) para acompanhamento que nos diga oficialmente o que sabe. AAS

Prevenção Covid-19 em Cambadju: GUARDA NACIONAL SEM MÁSCARAS DE PROTEÇÃO CONTROLAM A TEMPERATURA DE PESSOAS QUE ATRAVESSAM A FRONTEIRA

Os elementos da Guarda Nacional colocados no posto da fronteira terrestre entre a Guiné-Bissau (aldeia de Cambadju) e o Senegal (Salequenhe) trabalham sem máscaras de proteção, usando termómetros recebidos há três dias para medir a temperatura das pessoas que entram para o território nacional. O posto do controlo de fronteira de Cambadju no setor de Contubuel, região de Bafatá no leste do país, é uma das maiores entradas de cidadãos comuns, comerciantes e mercadorias provenientes do Senegal em camiões.
A falta de equipamentos de  proteção e prevenção de contaminação do novo Coronavírus – Covid-19 foi revelada aos jornalistas pelo chefe do posto da fronteira, Bacar Na Man, durante a visita do ministro da Administração Territorial e Poder Local, Fernando Dias, para entregar caixas de máscaras de proteção e de lixívia aos elementos da defesa e segurança colocados na linha da fronteira e aos centros de saúde.
O ministro fez-se acompanhar na sua visita de trabalho pelo ministro de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Abel da Silva, pela Secretária de Estado da Gestão Hospitalar, Cornélia Lopes Man, pela Secretária de Estado da Integração Regional, Mónica Buaro da Costa e elementos do seu gabinete. A visita iniciou na cidade de Bafatá, onde a delegação passou pelo matadouro e pelo mercado central, encerrado para pulverização, no âmbito das medidas de quarentena anunciadas pelas autoridades sanitárias guineenses.
“Estamos (Forças de segurança) aqui em nome do país para fiscalizar a nossa fronteira. Mesmo com esta doença invisível, ficamos aqui a fazer o nosso trabalho. Vamos obedecer às ordens dadas pelas autoridades e mesmo sem condições necessárias”, revelou o chefe do posto na sua declaração aos jornalistas.
Explicou que a maior dificuldade que enfrentam tem a ver com a falta de meios de transporte, em particular motorizadas, para vigiar os caminhos clandestinos usados para a travessia das populações entre os dois países.
“Não temos condições de trabalho e isso é do conhecimento dos nossos superiores hierárquicos. Aqui usamos apenas água e lixívia para as pessoas lavarem as mãos, porque não temos pistolas de laser para a medição da temperatura. O termómetro que temos é usado por uma enfermeira para a medição da temperatura”, contou para de seguida assegurar que muitas vezes apanham indivíduos que tentam atravessar a fronteira e obrigam-nas a voltar, mas se são guineenses são obrigados a desinfetar as mãos e submetê-las à medição da temperatura.
O ministro da Administração Territorial e do Poder Local, Fernando Dias da Costa, disse que a visita visa constatar a situação dos postos fronteiriços.
“Ouvimos a declaração do chefe do posto sobre as preocupações concernentes à falta de equipamentos de proteção. Vamos transmiti-las ao primeiro-ministro, sobretudo a questão da falta de condições de trabalho a fim de evitar a contaminação”, assegurou.
Sobre a colocação de uma equipa  de saúde de resposta rápida, referiu que é um assunto de extrema urgência e que a referida brigada deveria ter sido instalada há muito tempo.
“Uma enfermeira apenas não pode trabalhar aqui na linha da fronteira e  no centro de saúde. Primeiramente faz as consultas médicas no centro e depois ocupa-se do posto. Não podemos prever o que pode acontecer naquele intervalo de tempo”, enfatizou o ministro que, realçando, entretanto a postura dos elementos da Guarda Nacional que recorrentemente têm mandado de volta muitas pessoas na ausência da enfermeira, porque tinham que ser submetidas à medição da temperatura antes de atravessarem a linha.
Trazemos máscaras, álcool, gel e lixívia que vamos deixar convosco. São materiais que deverão usar para a prevenção”, frisou.
Por: Assana Sambú 
Foto: A.S

Prevenção do COVID-19: PRESIDENTE SISSOCO DECLARA ESTADO DE EMERGÊNCIA NA GUINÉ-BISSAU PARA DUAS SEMANAS

O Presidente da República da Guiné-Bissau, Úmaro Sissoco Embaló, declarou na tarde desta sexta-feira, 27 de março de 2020, o Estado de emergência através do decreto presidencial n°. 6/2020, com a duração de 15 dias, devendo terminar no dia 11 de abril.

Na declaração, o Chefe de Estado afirma que a Constituição da República permite que, em situações como esta a que estão a viver de calamidade pública, sejam suspensos alguns direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, através da declaração de estado de emergência, uma medida excepcional com vista a salvaguarda bens essenciais, valores e princípios fundamentais previstos na Constituição.

“Tal como previsto na lei magna do país, a declaração do estado de emergência não afetará os direitos à vida, integridade pessoal e à identidade pessoal, a capacidade civil e a cidadania, a não retroatividade da lei penal, o direito de defesa dos arguidos e a liberdade de consciência e de religião. Por outro lado, as medidas restritivas de direitos, liberdades e garantias têm caráter geral e abstrato, devem limitar-se ao estreitamente necessário para salvaguardar outros direitos ou interesses constitucionalmente protegidos e não podem ter efeitos retroativos, nem diminuir o conteúdo essencial dos direitos”, lê-se no decreto.

O decreto precisa que o recurso a declaração de estado de emergência por razões da pandemia de COVID-19, abrange toda república da Guiné-Bissau, tendo a duração de 15 dias, devendo iniciar-se às 0:00 horas do dia 28 de março e cessando às 24:00 horas do dia 11 de abril do ano em curso, sem prejuízo de eventuais renovações nos termos da lei.

O documento sustenta igualmente que a presente declaração do estado de emergência fundamenta-se na necessidade de unir esforços no combate à pandemia do COVID-19, mundialmente reconhecida como uma situação de calamidade pública. Acrescenta ainda que o governo, através do primeiro-ministro e outras entidades e instituições integrantes da comissão interministerial, habilitadas a tomarem as providências necessárias e adequadas para execução do presente decreto Presidencial com vista ao combate da epidemia do COVID-19, devendo para o efeito, manter permanentemente informado o Presidente da República sobre o desenrolar da situação.

“Doravante, todos os passageiros que desembarcaram no aeroporto Internacional Osvaldo Vieira, assim como aqueles que atravessaram as nossas fronteiras terrestres e marítimas a contar da data do início da vigência do presente decreto, devem preencher no momento do desembarque ou travessia, o formulário para o controlo sanitário obrigatório, entregue pelas autoridades competentes, e em caso de suspeição, são obrigados a ficarem nas suas casas confinados por um período mínimo de 14 dias,  cumprindo as orientações dadas para o efeito pelo ministério da saúde”, sublinhou.

Por: Redação

VETERANOS DO PAIGC PEDEM A GUINEENSES PARA ACATAREM ORDENS DOS TÉCNICOS DE SAÚDE

Os veteranos do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) apelaram hoje aos guineenses para cumprirem com as ordens dos técnicos de saúde no âmbito do combate ao novo coronavírus.
Em comunicado, após uma reunião do seu comité, os veteranos do PAIGC apelaram aos guineenses para “acatar com rigor e disciplina todas as orientações emanadas pelos técnicos de saúde, no domínio das medidas preventivas destinadas a travar a pandemia” do novo coronavírus.
Na Guiné-Bissau, as autoridades confirmaram a existência de dois infetados com covid-19.
Os veteranos salientaram que a vigilância nas fronteiras terrestres e marítimas deve ser mantida para que não passem “potenciais infetados”.
Na nota, os veteranos condenam todas as “medidas tendentes a fazer silenciar órgãos de comunicação social que estão a desempenhar com lisura, competência e verdade o dia-a-dia que se vive na Guiné-Bissau e no mundo”.
Os veteranos do PAIGC também manifestaram solidariedade com todos os “políticos, ex-membros do Governo, jornalistas” e analistas “que têm sido alvo de ameaças, perseguições, violência e demais pressões psicológicas”.
No comunicado, apelaram também às organizações internacionais para continuarem a apoiar a Guiné-Bissau com vista à reposição da ordem constitucional e legal.
A Guiné-Bissau vive mais um período de crise política, depois de o general Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, enquanto decorre no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira.
Umaro Sissoco Embaló tomou posse numa cerimónia dirigida pelo vice-presidente do parlamento do país Nuno Nabian, que acabou por deixar aquelas funções, para assumir a liderança do Governo nomeado pelo autoproclamado Presidente.
O Governo liderado por Nuno Nabian ocupou os ministérios com o apoio de militares, mas Sissoco Embaló recusou que esteja em curso um golpe de Estado no país e disse que aguarda a decisão do Supremo sobre o contencioso eleitoral.
Na sequência da tomada de posse de Umaro Sissoco Emabaló e do seu Governo, os principais parceiros internacionais da Guiné-Bissau apelaram a uma resolução da crise com base na lei e na Constituição do país, sublinhando a importância de ser conhecida uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso de contencioso eleitoral.
Na Guiné-Bissau, as autoridades confirmaram a existência de dois infetados por covid-19.
O Presidente da Guiné-Bissau declarou hoje o estado de emergência no país, no âmbito do combate ao novo coronavírus.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 25 mil.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Conosaba/Lusa 

SOCIEDADE CIVIL CONSIDERA DE COBARDE IGNÓBIL E DE VERGONHA NACIONAL ATAQUE AO JORNALISTA

 

COMUNICADO DE IMPRENSA

É com bastante estupefação que o Movimento Nacional da Sociedade Civil para Paz, Democracia e Desenvolvimento, tomou conhecimento através dos órgãos de comunicação social a agressão que foi alvo o jornalista da Rádio Capital – Serifo Tawel Camará, a saída daquela estação emissora na calada da noite, no dia 25 de pressente mês de Março por indivíduos fardados com trajes e não identificados. 



Este ato cobarde, ignóbil e de vergonha nacional, não coaduna e nem tem espaço num estado de direito democrático como a nossa, onde a liberdade de expressão e de pensamento de qualquer cidadão não se pode ser posta em causa, pelo que, dispensam de qualquer que seja a perseguição, intimidação, tentativa do sequestro ou rapto para se silenciar um individuo ou um órgão de comunicação social, neste caso a Radio Capital.



Visto que qualquer alguém que sente lesado a sua honra e dignidade por outro cidadão assiste-lhe o direito de recurso as instâncias legais competentes, quer no próprio órgão difusora na qual for citado, em jeito de direito a resposta; Conselho de comunicação Social ou os tribunais para eventual responsabilização de restauração da imagem e bom nome de recorrente que viu tocado a sua personalidade publicamente.



Hoje, com estas tentativas de ataque a um jornalista da estação emissora Rádio Capital, parece que estar posta em ação aquele que alguns dirigentes deste país haviam proferido de que estão na posição de pegar os seus críticos pela noite dentro a fim de fazerem justiça com as próprias mãos lamentavelmente e infelizmente.



Considerando que a atual situação de instalação das novas autoridades no país, neste momento particularmente conturbado, em que todos guineenses estão com expetativas de algorar o entendimento para apaziguar os ânimos, e, concomitantemente conjugar as sinergias no combate a pandemia dos novos vírus corona (Covid-19), o Movimento Nacional da Sociedade Civil, delibera:



  1. Repudiar com toda veemência, este ato cobarde, ignóbil e de vergonha nacional, que poem causa a liberdade de expressão e de imprensa na Guié-Bissau;

 

  1. Solidarizar com o jornalista Serifo Tawel camará, alvo de ataque e assim a sua estação emissora de Rádio Capital que sente ameaçada supostamente no exercício das suas atividades de serviço publico;

 

  1. Instar as novas autoridades para garantir a segurança a todos cidadãos, em especial os fazedores de opiniões tanto agentes da imprensa como ativistas sociais independentemente das suas posições coincidirem ou não com o poder vigente no país;

 

  1. Exortar as autoridades judiciais do país, em particular a polícia judiciária para perseguirem os autores e que lhes sejam traduzidos para barra da justiça; 

 

  1. Apelar a comunidade nacional e internacional para continuar acompanhar e apoiar o país e o povo.



Bissau, 27 dias do mês de Março de 2020.



A Direcção Nacional do Movimento,

DIREÇÃO DA RÁDIO CAPITAL CONSIDERA ATAQUE AO JORNALISTA DO ÓRGÃO É MAIS UMA TENTATIVA DE SILENCIÁ-LOS 


Caros Guineenses,

Antes de mais, as nossas saudações fraternais.

A rádio Capital FM acaba de ser, uma vez mais, atacada na noite do dia 24 de março 2020, por um grupo de pessoas armado, não identificado, mas com uniforme militar.
O acto, que se considera covarde, aconteceu pouco mais das 23horas, vitimando o nosso colega jornalista, Serifo T. Camará, que acabava de editar o último jornal da noite.
Bom é dizer que a situação não é nova. Mudou-se apenas o modus operandi. Até aqui eram ataques verbais, tentativas de intimidações por vias judiciais, através de sucessivas notificações/queixas que a direção da Rádio Capital tem assistido nos últimos tempos.


Mas, hoje, da teoria aos factos, o nosso colega foi lavo de uma agressão física brutal, num país, que, a partida, considera-se estar, a deriva, com cenários imprevisíveis.

Em face desta condenável realidade, a Direção Executiva da Rádio Capital FM, não tem outra interpretação, se não afirmar, perentoriamente, que se trata de uma tentativa de silenciar uma das mais activas rádios da Guiné-Bissau, cuja missão assenta e assentará apenas na verdade e no rigor de informação.

Com o agravar da situação, viemos, por este meio, não só denunciar a perseguição de que estamos a ser alvo, desde 2017, por parte do então Primeiro-ministro, hoje autoproclamado Presidente da Republica, e, responsabilizar, por conseguinte, a quem de direito, para assumir as suas responsabilidades, com provas de que as nossas vidas, a liberdade de imprensa e de expressão, a cada dia que passa, devem ser rigorosamente preservadas e não postas em causa na Guiné-Bissau. Uma marca que seria penosa para um país que diz ser democrático.

Caros guineenses,

Na cronologia dos factos recentes, de citar que durante uma semana, três dos nossos colegas foram chamados a justiça, numa estratégia única de fazer-nos calar e submeter-se ao silêncio absoluto, quando o povo augura pela liberdade e autodeterminação.

Tal como havíamos referido, a Direção da Rádio Capital FM, através desta comunicação, renova ao conhecimento de todos os guineenses que esses condenáveis actos praticados por homens armados e com fardamentos militares, que põem em causa a integridade física de todo o pessoal, sejam levados severamente em conta e os seus presumíveis autores responsabilizados judicial e criminalmente, como, ironicamente, alguém disse, e bem, que a “Guiné-Bissau já não é uma república das bananas”.

E, se assim é, acreditamos que sim, exigimos uma resposta rápida e contundente sobre este caso, e de outros processos ainda pendentes na Policia Judiciária e no Ministério Publico, todos ligados a Radio Capital FM.

Aos ouvintes guineenses, de bons corações, agradecemos os vossos gestos de solidariedade de sempre, e tenham fé que isso vai passar e em breve.

A verdade triunfará sobre a mentira. A capital FM não vai fechar. Se vier a ser o caso, pela imposição factual, acreditem que não haverá mais rádios na Guiné-Bissau.
Está dito.

É a tal estratégia Matemática:

Me dá 1, te dou 1.

Obrigado a todos.
Direção Executiva.

Notabanca; 26.03.2020

Entrevista com Magda Nely Robalo, Ministra da Saúde Pública do governo legitimo da Guiné-Bissau: “O golpe minou nossa estratégia de resposta contra o COVID-19”


A pandemia global ligada ao novo coronavírus, COVID-19, ocorre no momento em que a Guiné-Bissau está no centro de uma disputa pós-eleitoral com sérias implicações para a economia, o social e, principalmente, a saúde.

Nesse confuso cabo de guerra pelo poder, o plano de resposta do COVID-19 está várias semanas atrasado, como ressalta a Dra. Magda Nely Robalo,Entrevista.

Onde está a Guiné-Bissau na sua estratégia em relação ao coronavírus?

Infelizmente, temos uma resposta que está lutando para se encaixar. Tivemos ontem (terça-feira, 24 de março de 2020) dois casos positivos de coronavírus, duas pessoas que estavam confinadas em suas casas e não em um estabelecimento de saúde. Por uma boa razão, ainda não finalizamos as obras de reforma do pavilhão dedicado que estava sendo montado no hospital Simão Mendes. É uma pena que tenhamos os primeiros casos confirmados que não podem ser isolados e tratados no hospital. Os médicos reclamam que não possuem equipamentos de proteção para lidar com esses casos confirmados ou com casos suspeitos que possam surgir nas estruturas.

Claramente, você não tem capacidade para gerenciar a propagação da doença?

Capacidade, não. A China e a Itália, muito mais poderosas que a Guiné-Bissau, também não a possuem. Mas devemos agir diante da fraqueza do nosso sistema. Medidas administrativas não são suficientes e devem ser acompanhadas por medidas de saúde no nível hospitalar. E especialmente medidas de mobilização social e prevenção maciça.

Até que ponto a crise eleitoral interrompeu seu programa anti-COVID-19?

Devo dizer que esta crise diminuiu nosso impulso. Não temos leitos hospitalares para casos confirmados desde o dia seguinte ao golpe, começaríamos a reforma de um pavilhão. As novas pessoas à frente do ministério disseram que não era uma boa ideia antes de voltar atrás. Muitos dias preciosos foram perdidos. Não foi até domingo passado que as novas autoridades resolveram seguir nossa decisão. Repito, tudo foi bem organizado para a distribuição de equipamentos de proteção e a formação de médicos. Só poderíamos começar esta semana. Muitos médicos não são treinados.

Esta crise que paralisa não apenas a resposta da saúde ao COVID-19, mas também a vida política e econômica, tem uma solução em vista?

É uma pena que a comunidade internacional não tenha continuado os esforços para restaurar a ordem constitucional na Guiné-Bissau. O golpe ocorreu quando o COVID 19 foi designado uma pandemia. O caminho do diálogo é necessário. Mas também é preciso persuasão para que nossas instituições regionais e continentais digam que “não, não podemos aceitar um golpe no século XXI”. É por causa da força das forças armadas que nos encontramos nessa situação. As Nações Unidas, a União Africana e a CEDEAO devem falar a uma só voz e rejeitar o golpe.

Seu partido fala de um golpe. Mas o campo oposto acredita ter vencido as eleições, mas enfrentou um PAIGC da Suprema Corte, que não quis confirmar os resultados das urnas conforme apresentado pela Comissão Nacional de Eleições?

Além da disputa eleitoral e das diferenças entre o Supremo Tribunal Federal e a Comissão Nacional de Eleições (CNE), o governo que saiu vitorioso das eleições legislativas de março de 2019 não tem nada a ver com a disputa e não deve ser descartado. Estamos em um sistema parlamentar. Não havia razão para o governo ser destituído do cargo e para a intervenção militar. Em relação às eleições presidenciais, o campo de Embalo reivindica vitória, mas o caso foi perante a Suprema Corte. Por que tanta precipitação? Até o momento, temos na Guiné-Bissau, um litígio duplo.