Covid-19: Acordo de livre comércio em África adiado para 2021 – ONU

Adis Abeba, 12 mai 2020 (Lusa) – A Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) anunciou hoje que o acordo de livre comércio, cuja entrada em vigor estava prevista para julho, foi adiado para, pelo menos, 01 de janeiro de 2021.

“Dada a necessidade urgente de os governos se focarem na proteção das vidas face à covid-19, a data de 1 de julho para o início do comércio ao abrigo do novo acordo foi adiada para, pelo menos, 1 de janeiro de 2021”, lê-se no comunicado difundido hoje em Adis Abeba.

Para a organização, “aumentar o comércio intra-africano pode servir como um pacote alternativo de estímulo para a criação de empregos, exportações, desenvolvimento industrial e crescimento económico”,

Segundo o diretor de integração regional e comércio na UNECA, Stephen Karingi, citado no comunicado, “a covid-19 provou que os países africanos conseguem adaptar-se e responder à procura”.

Karingi disse ainda que o adiamento das trocas comerciais ao abrigo das novas regras “oferece uma janela de oportunidade para repensar como o acordo pode ser reconfigurado para refletir as novas realidades e os riscos do século XXI, o que é necessário para posicionar a economia africana em face dos futuros choques adversos que emanam do novo vírus e das alterações climáticas, entre outros”.

O acordo pretende liberalizar o comércio no continente e tem como objetivo eliminar as tarifas aduaneiras em 90% dos produtos.

O AfCFTA permitirá criar o maior mercado do mundo com um Produto Interno Bruto (PIB) acumulado a ascender a 2,5 biliões de dólares (cerca de dois biliões de euros), de acordo com estimativas anteriores à pandemia de covid-19.

Dos países lusófonos, só São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial ratificaram o acordo.

O número de mortos da covid-19 em África subiu hoje para os 2.336, com mais de 66 mil infetados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), nas últimas 24 horas, o número de mortos subiu de 2.290 para 2.336, enquanto os infetados com covid-19 passaram de 63.325 para 66.373.

O número total de doentes recuperados no continente aumentou de 21.821 para 23.095.

A pandemia do novo coronavírus já matou pelo menos 286 mil pessoas e infetou mais de 4,1 milhões em todo o mundo desde dezembro, segundo um balanço da agência AFP, às 11:00 de hoje, baseado em dados oficiais.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Por Lusa/Fim

GRÁVIDAS COM VIH/SIDA TÊM DIFICULDADE EM MANTER TRATAMENTO MÉDICO

As mulheres grávidas guineenses com VIH/Sida seguidas no centro de tratamentos Céu e Terra, em Bissau, estão com dificuldades para aceder aos antirretrovirais, dadas as restrições de movimentos em vigor devido à covid-19, alertou o diretor do hospital esta segunda-feira.

 

Manuel Aquessue, diretor clínico do Céu e Terra, um dos poucos centros de tratamento e seguimento às grávidas e mulheres lactantes infetadas com o VIH/Sida, disse que as restrições para conter a pandemia do novo coronavírus adotadas pelas autoridades sanitárias e políticas guineenses estão a dificultar o seguimento de doentes do Céu e Terra.

Com o estado de emergência, várias mulheres seropositivas, sobretudo as do interior da Guiné-Bissau, “deixaram de se deslocar à clínica, o que também acontece com as dos bairros periféricos” de Bissau, observou Aquessuen.

Em condições normais, a clínica atende, por dia, até 50 mulheres, entre grávidas e lactantes, mas desde o início da pandemia da covid-19, apenas recebe 10 pessoas, notou o diretor clínico da Céu e Terra.

Para não faltar aos doentes com os antirretrovirais, a equipa de Manuel Aquessuen decidiu levar os medicamentos a casa de pacientes em Bissau, mas há mais de 15 dias que não consegue deslocar-se por falta de combustíveis para a única viatura disponível na clínica.

O médico aguarda por uma resposta do Ministério da Saúde Pública a quem pediu combustível para atestar o carro e continuar a distribuição gratuita de antirretrovirais às pacientes de Bissau.

“As pacientes com HIV são pessoas vulneráveis, pessoas de alto risco de contaminação com a covid-19, por isso não podemos deixar de as disponibilizar medicamentos”, observou Manuel Aquessuen.

Entre pessoas em tratamento e aquelas em seguimento, a clínica atende cerca de quatro mil infetados com VIH/Sida, disse Aquessuen.

A Céu e Terra é uma associação de profissionais de saúde, tutelada pelo Ministério da Saúde Pública e que trabalha sob a supervisão do secretariado guineense de luta contra a sida, desde 2002

Notabanca; 12.05.2020

Publicada por notabanca à(s) 10:38

GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU APROVA O RECOLHER OBRIGATÓRIO A PARTIR DAS 08 HORAS DA NOITE A 06 HORAS DA MANHÃ DA MANHÃ

Foto arquivo.
O Conselho de Ministro propôs ao Presidente da República o recolher obrigatório a partir das 20h até 06h no âmbito da regulamentação do Estado de Emergência em vigor até ao próximo dia 26.
O diploma governamental destaca ainda a obrigatoriedade de uso de máscaras nos locais públicos e em toda as localidades de concentração social fechada.
Estas medidas de restrições das liberdades dos cidadãos reforçam as outras já adotadas para travar a propagação do vírus-corona na Guiné-Bissau.
O Conselho de Ministros de hoje foi convocado em especial para regulamentar a quarta vaga de estado de emergência, cujo o terceiro decreto de prorrogação foi tornado público ontem durante a Mensagem à Nação do Presidente Umaro Cissoko Embalo.
Conosaba/Aliu Cande

Crise política pode levar a que a Guiné-Bissau volte a ser um Narcoestado

FONTE: WORLD POLITICS REVIEW

O anúncio no final de abril de que o primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Nuno Gomes Nabiam, e outros quatro altos funcionários do governo haviam testado positivo para o coronavírus, era apenas a mais recente crise para o frágil estado da África Ocidental. A Guiné-Bissau sofreu quatro golpes – o mais recente em 2012 – e 16 tentaram golpes desde que conquistou a independência de Portugal em 1974.

Mais recentemente, o país está atolado de instabilidade desde as disputadas eleições presidenciais do segundo turno, em dezembro passado. A Comissão Nacional Eleitoral declarou que Umaro Sissoco Embalo, oficial militar aposentado e ex-primeiro ministro, venceu a pesquisa com 53,6% dos votos. Mas o rival de Embalo, Domingos Simões Pereira, pró-reforma do partido governista PAIGC, que também é ex-primeiro ministro, alegou fraude, dizendo que em algumas assembleias de voto o total de votos ultrapassou o número de eleitores registrados.

No primeiro turno das eleições em novembro, Embalo levou apenas 28% dos votos aos 40% de Pereira. Mas desde então, a Embalo reuniu uma ampla coalizão de apoio entre os militares do país e outros importantes agentes do poder na elite política.

Ele também pode ter sido ajudado por fraude eleitoral, como alega seu oponente, mas as reivindicações ainda precisam ser totalmente fundamentadas. Pereira repetidamente contestou os resultados das eleições no Supremo Tribunal, que inicialmente decidiu em janeiro que a comissão eleitoral deveria auditar a contagem dos votos. Mas a comissão nunca cumpriu, e o tribunal disse que não pode se pronunciar sobre as queixas subsequentes de Pereira porque seu juiz principal fugiu para Portugal após a eleição, dizendo que temia por sua segurança. Pereira também está em Portugal, incapaz de viajar devido ao bloqueio relacionado ao COVID-19.

A turbulência pós-eleição atingiu o pico no final de fevereiro, quando Embalo avançou com uma cerimônia de juramento presidencial. A Assembléia Nacional se recusou a jurá-lo por causa dos desafios jurídicos não resolvidos para sua vitória nas eleições e, em vez disso, votou em Cipriano Cassama, presidente do parlamento, como líder interino do país.

A lista de presenças na inauguração improvisada de Embalo – realizada em um hotel na capital, Bissau – ilustrou as alianças políticas que ele nutria desde o outono passado. Incluía o presidente cessante José Mario Vaz e personalidades militares como Antonio Indjai, um general aposentado que ainda está listado sob as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas por liderar o golpe de 2012. A maioria dos representantes de governos estrangeiros e organizações internacionais estava ausente, e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental, um bloco regional que inclui a Guiné-Bissau, declarou que a cerimônia estava “fora dos marcos legais e constitucionais”, embora os embaixadores do Senegal e da Gâmbia, ambos os membros da CEDEAO, compareceram.

Ao mesmo tempo, a Assembléia Nacional realizou uma cerimônia de posse paralela para Cassama, cuja posição como presidente interino foi apoiada por 52 dos 102 membros do parlamento. Cassama descreveu a posse de Embalo como um golpe. Ele também anunciou que pretendia manter o então primeiro-ministro Aristides Gomes do PAIGC no cargo. Embalo, no entanto, ignorou a Assembléia Nacional e emitiu um decreto executivo substituindo Gomes por Nabiam, outro ex-oficial militar de alto escalão.

Tudo significava que o país teve brevemente dois presidentes e dois primeiros ministros disputando o poder – até Cassama renunciar em 1º de março, citando o perigo de guerra civil e ameaças de morte para sua família. Poucos dias depois, em um sinal ameaçador, os soldados ocuparam a Suprema Corte, recusando-se a permitir que juízes e oficiais entrassem no prédio.

A CEDEAO, que tem sido o principal ator que promove a estabilidade na Guiné-Bissau desde o golpe de 2012 no país, normalmente desempenharia um papel mais forte para intervir no caos, mas, em vez disso, reconheceu oficialmente a Embalo como presidente em 23 de abril. Desde 2012, a CEDEAO mantém uma pequena força de manutenção da paz de aproximadamente 500 membros no país, conhecida como ECOMIB, e desempenhou um papel fundamental para garantir que as eleições de 2019 fossem realizadas pacificamente. Mas a CEDEAO ficou muito dividida sobre a Guiné-Bissau nos últimos meses. Senegal, Nigéria e Níger – cujo presidente, Issoufou Mahamadou, atualmente atua como presidente rotativo anual do principal órgão executivo da CEDEAO – liderou a acusação pelo bloco de reconhecer a disputa da presidência de Embalo.

De certa forma, esse foi um resultado previsível. Muitos observadores internacionais estavam excessivamente otimistas de que um candidato reformista como Pereira pudesse prevalecer. Afinal, as alianças que a Embalo estabeleceu com as elites políticas e militares do país são projetadas para proteger o status quo. A Embalo também conta com o apoio de figuras poderosas de outras partes da região. Ele é um protegido de Bashir Saleh, ex-assessor e gerente de dinheiro do ex-ditador líbio Moammar Gadhafi. Embalo também é meio Burkinabe e serviu como assessor próximo da ex-presidente de Burkina Faso, Blaise Compaore, que governou o país por quase três décadas até uma revolta popular em 2014. Embalo permanece próximo da família Compaore.

Embalo também se beneficiou de laços étnicos. Ele é membro do grupo étnico Fulani, assim como muitos líderes da África Ocidental, incluindo o presidente nigeriano Muhammadu Buhari, o presidente senegalês Macky Sall e o presidente da Gâmbia Adama Barrow. Todos os membros da CEDEAO, eles pressionaram para manter um colega líder Fulani no poder em Bissau. Vozes regionais que apoiaram Pereira, como Costa do Marfim, Mali e Presidente da Comissão da CEDEAO Jean-Claude Kassi Brou, eram simplesmente menos enérgicas.

Havia um limite para quanto governos vizinhos poderiam investir em esforços de mediação e construção da paz na Guiné-Bissau, dados os custos financeiros da manutenção das forças de paz da CEDEAO. Também existem outras preocupações prementes na África Ocidental que competem por atenção, incluindo a pandemia de coronavírus e a crescente violência na região do Sahel. Nabiam ordenou que as forças de paz da ECOMIB parassem suas operações no início de março, antes do final oficial de seu mandato, e espera-se que elas deixem o país em junho. Uma equipe de mediação da CEDEAO também foi impedida de visitar Bissau em março, resultando em apenas um fraco protesto do órgão regional.

Este cansaço pelas crises recorrentes na Guiné-Bissau se estende além da região. Em abril, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, reconheceu o reconhecimento da Embalo pela Embaixada como vencedor das eleições presidenciais e instou os atores políticos da Guiné-Bissau a aceitar os resultados e a cooperar para formar um governo. A ONU mantém uma missão de construção da paz na Guiné-Bissau desde 1999, mas o Conselho de Segurança estendeu recentemente seu mandato pela última vez, de modo que interromperá as operações até o final de 2020. Parece que a comunidade internacional está ficando indiferente ao que acontece na Guiné-Bissau.

Embalo, então, provavelmente enfrentará alguns obstáculos à sua autoridade no futuro. A coalizão governista liderada pelo PAIGC na Assembléia Nacional tem apenas uma maioria de seis assentos, então Embalo poderia facilmente incentivar deserções do partido no poder para garantir a aprovação de seu primeiro ministro ou pedir novas eleições legislativas para tentar obter a maioria. E enquanto a CEDEAO recomendou que a Guiné-Bissau reformasse sua constituição até o final de maio – a Carta não define claramente os respectivos poderes do presidente, primeiro ministro e instituições estatais, uma lacuna que é freqüentemente citada como um fator no processo contínuo do país. instabilidade – é improvável que alguma mudança se materialize, dado o atual clima político e a força das forças pró-Embalo na CEDEAO.

A turbulência política e a fadiga da crise podem fazer mais do que apenas facilitar a consolidação do poder da Embalo. Eles também poderiam colocar a Guiné-Bissau em risco de se tornar um importante narco-estado novamente, como foi na década de 2000. Em 2013, um ex-oficial militar de alto escalão do país foi preso em uma operação secreta pela Agência de Repressão às Drogas dos EUA, que expôs o envolvimento dos militares da Guiné-Bissau no tráfico de drogas. Como o New York Times escreveu na época, “uma história política de golpes sem parar e uma variedade aparentemente interminável de enseadas e ilhas costeiras … o tornaram o cenário ideal para a cocaína latino-americana com destino à Europa”. A picada de 2013 pareceu causar uma trégua no narcotráfico por vários anos.

Mas em setembro passado, as autoridades da Guiné-Bissau fizeram um de seus maiores ataques de drogas já registrados, apreendendo quase duas toneladas de cocaína. Desde então, fontes em Bissau me dizem que aviões não identificados chegam à cidade semanalmente, sugerindo que esse comércio ilícito continua a florescer.

Os laços estreitos de Embalo com as forças armadas e sua poderosa rede de apoio na África Ocidental podem fornecer a incubadora perfeita para ampliar o comércio de drogas novamente, especialmente com atores regionais e internacionais procurando em outros lugares.

(*) Alex Vines é o chefe do Programa África na Chatham House e professor sênior na Coventry University

TERCEIRA PRORROGAÇÃO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA ATÉ AO DIA 26 DE MAIO

Caros Concidadãos,
Fidjus di Guiné,
Estamos a aproximar do fim da segunda renovação do Estado de Emergência. Infelizmente, os últimos quinze dias desta guerra contra um inimigo invisível, chamado de COVID-19, não foram fáceis, pois, o número de novos casos de infeção pela COVID-19 subiu de forma galopante. Portanto, temos que reconhecer que o objetivo de conter a propagação do vírus não foi atingido.
Vários fatores justificam o insucesso das medidas adotadas para a prevenção e combate desta pandemia durante a vigência da segunda renovação do Estado de Emergência. Contudo, esta não é altura para apontarmos o dedo uns aos outros, mas sim identificar e analisar de forma objetiva os aspetos menos positivos e corrigi-los o mais rapidamente possível.
Nha Ermons,
Em qualquer guerra há sempre momentos menos bons ou em que as estratégias adotadas não produzem os efeitos desejados.
No entanto, não podemos virar as costas à luta, não devemos desanimar ao ponto de darmos por vencidos, mas pelo contrário, devemos redefinir as estratégias e reorganizar para melhor enfrentar este combate. É esta a postura que devemos adotar face aos resultados obtidos nos últimos quinze dias.
Por que não devemos baixar a guarda, sou obrigado a renovar pela terceira vez o Estado de Emergência em todo o território nacional, após muita reflexão em torno da situação vigente e tendo apreciado a proposta do Governo.
Fidjus di Guiné,
Os próximos quinze dias de prevenção e combate ao COVID-19 serão decisivos para o futuro desta pandemia no nosso país. Por isso, quero aqui lançar um vibrante apelo a todos os cidadãos guineenses e estrangeiros que, por algum motivo, estejam a residir no nosso país, neste período difícil no sentido de cada um tem que fazer a sua quota parte porque, os desafios que o país enfrenta, neste momento, exige de todos a assunção da responsabilidade cívica e social.
O Governo deve continuar a assumir as suas responsabilidades e trabalhar para a aplicação efetiva e rigorosa das medidas que irá adotar para regulamentar este novo ciclo. Essas medidas devem incluir o uso obrigatório de máscaras, nos locais públicos e espaços fechados.
Nha Ermons
Fidjus di Guiné,
Não podia terminar esta minha intervenção sem antes, renovar os meus agradecimentos a todos os países, organizações e organismos, regionais e internacionais e aos empresários do nosso país que nos têm apoiado neste momento difícil. Aos profissionais de saúde, as nossas forças de defesa e segurança, aos profissionais de comunicação social e da proteção civil, renovo as minhas calorosas felicitações pela coragem, abnegação e espírito patriótico que têm revelado na luta contra este inimigo invisível.
A todos os cidadãos de boa vontade e associações que se têm desdobrado em ações humanitárias e de caridade por todo o país, vai aqui o meu encorajamento e gratidão pelo trabalho que têm desenvolvido.
JUNTOS VENCEREMOS A COVID-19
VIVA A GUINÉ-BISSAU!

CUSAS KASTA DIRITU NA TERRA!» COVID-19: AUTORIDADES SANITÁRIAS GUINEENSES PEDEM ISOLAMENTO DE BISSAU, PRINCIPAL FOCO DE INFEÇÃO

 

O presidente do Instituto Nacional de Saúde Pública da Guiné-Bissau, Dionísio Cumba, pediu hoje o isolamento da capital do país, Bissau, por ser o principal foco de infeção.
Na conferência de imprensa diária sobre a evolução do novo coronavírus no país, o médico guineense e coordenador do Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) pediu às autoridades políticas para isolarem a cidade de Bissau, por ser, a par das localidades de Cumura e Bor, nos arredores da capital, principal foco da infeção.
O médico defendeu que os casos de infeção pela covid-19 vão continuar a aumentar “porque a maioria de guineenses ainda não está a levar à serio a doença”.
Em declarações à Lusa, no sábado, Dionísio Cumba já tinha defendido o prolongamento do estado de emergência no país, que termina segunda-feira, e a imposição de medidas mais restritivas.
O COES elevou hoje para 726 os casos registados com infeção por covid-19 no país.
Nas últimas 24 horas foram registados mais 85 casos positivos, elevando para 726 o número de infeções registadas, incluindo 26 recuperados e três mortos.
Dionísio Cumba explicou que a “situação tende a agravar-se”.
O médico disse também que há 16 pessoas internadas no Hospital Nacional Simão Mendes, principal unidade hospitalar do país, cinco das quais estão em estado grave e a necessitar de oxigénio induzido.
Para fazer face ao novo coronavírus, as autoridades guineenses encerraram também as fronteiras, serviços não essenciais, incluindo restaures, bares e discotecas e locais de culto religioso, proibiram a circulação de transportes urbanos e interurbanos e limitaram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 14:00 horas.
O Presidente guineense poderá prolongar o estado de emergência, que termina segunda-feira, e impor medidas mais restritivas devido ao aumento de casos no país.
O número de casos da covid-19 em África ultrapassou hoje os 60 mil e 2.223 pessoas morreram em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (726 casos e três mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (246 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (212 casos e cinco mortos), Moçambique (91) e Angola (43 infetados e dois mortos).
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 279 mil mortos e infetou mais de quatro milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,3 milhões de doentes foram considerados curados.
Conosaba/Lusa

100 ANOS DE VIDA: DSP FAZ HOMENAGEM À MÃE

O amor incondicional atravessa séculos e hoje Domingos Simões Pereira rende homenagens à sua mãe que completa um século de vida e inunda toda a família de alegria.
Uma mensagem de agradecimento e reconhecimento.

Юбилей (iubilei)

A Tatanha, minha mãe, mãe do Donis, do Ciro, do Tiago e do Note, avó do Hussein e da Tânia, do Epy, do Edson, da Ita, da Dé e do Antosha, do Ni, Samir, Dadá, do Ivan e do Jú, a tia da Ndumbé, Abulaye, Pipi, Djoni, Djoquim, Ina e Nené, Tata da Gina, do Ensá, da Pumpa e da Simone, a Tata de todas as noras, dos amigos dos filhos que são filhos, dos amigos dos netos que são netos, dos velhos e jovens de Cacheu, Farim, Bolama, Olossato, Bafata-Oio, Farandinto e Bissum Naga, que são todos família, completa hoje 100 anos de vida.

Mais que um simples aniversário, este é um “iubilei” (fui emprestar ao russo). Esperamos tanto por este dia imaginando formatos para uma verdadeira homenagem à nossa heroína mãe Vitoriana Monteiro.

Eu sonhei muitas vezes com uma festa em todos esses sítios, de nascença, de “criação”, terra da mãe e do pai, do casamento e da vida. Pensei nisso, porque todos seriam convidados, os pais balantas e as mães manjacas, os Oincas e mandingas que receberam e ofereceram terra até chegar aos cristãos de Bolama e Bissau com quem cresceu e conviveu.

Mas não lamento que seja diferente, para a mãe, há muito que a festa é todos os dias, ao acordar e reconhecer os seus, poder respirar e sorrir, não ter muita dor nem muito sofrimento, sendo bónus, não ter muita dor nem muito sofrimento.

Por isso, aposto que nesta ocasião, ninguém irá pedir mais anos de vida, mas simplesmente, que siga iluminando cada momento que partilhar, seja connosco, seja com quem preencher a sua existência naquele momento.

E é por isso que esta dedicatória, para chegar à bisavó, avó, mãe e tia, para chegar à Tatanha, é dirigida a todas as mães, africanas e guineenses. Aquelas que ainda hoje se levantam antes do raiar do sol, e só se deitam quando todos já adormecidos; as que, todos os dias, seja de trabalho seja de descanso, têm de manter a casa limpa e arrumada, pôr comida na mesa, manter a todos asseados com a roupa lavada, passada e arranjada. Aquelas que escondem tão bem a sua varinha mágica, que nos esquecemos que são humanos e têm limites.

Estando a mãe presente, tudo se arranja, tudo se compõe.

Uma mulher que nos ensinou tudo e soube resistir a tudo, à perda de todos os bens num único dia, porque a administração assim decidiu na altura e, de seguida ter o marido preso pela PIDE em lugar incerto; o desaparecimento dos dois primeiros filhos de forma violenta e inesperada, e outras, várias contrariedades da vida.

Mas a Tatanha sempre teve um sentido de relação muito refinado, sendo a primeira a se apresentar como coitada porque não a ensinaram (lamentando o analfabetismo), que a permitiu colocar a felicidade sempre numa condição imaterial e superior.

Nunca a vi reclamar nenhuma propriedade, de qualquer natureza, e isso hoje me faz lembrar um episódio, que na altura eu injustamente admiti que fosse falta de coragem. A Guiné vivia momentos de penúria e as famílias tinham muita dificuldade.

Em casa, preparava-se para um casamento e os familiares chegavam com pequenas doações para ajudar nos preparativos. O nosso quintal, bem isolado, estava cheio de galinhas, e de outros pequenos animais. Nisto, aparece uma vizinha do Bairro, conhecida por ser muito problemática, a reclamar que suas duas galinhas tinham se misturado com as nossas.

Uma tia, que tinha vindo nesse quadro, conhecendo a atitude da minha mãe, adianta-se logo e faz saber à Senhora que dali não iria levar nem uma pena. A Tata acompanhou a discussão e só tratou de acalmar as partes e fechar o assunto.

Mas, nessa tarde, quando tudo já estava esquecido de todos, me manda apanhar duas galinhas para levar, só que uma para a senhora e a outra para a sua vizinha do lado. Os meus olhos terão denunciado a minha surpresa, ao que ela tranquilizou – “é para a festa. Ou cozinhamos para as servir, ou podemos dar para elas prepararem”.

Ela de verdade, viveu para os filhos que pôs neste mundo. Dizemos a brincar, que a sua alma é o Camilo (o seu Ciro), enquanto que a alma do papá era o Bartolomeu (o Note); a da nossa madrasta Meta era o Tiago e, portanto, nós dois, eu e o Dionísio, dizíamos disputar o que restava.

Mas tudo era mesmo a brincar, por que eu sabia bem ter a atenção e a proteção de todos, como ainda tenho e ainda sinto, e como certamente saberá e sentirá o Dionísio, tal como sentiram e sentem todos os netos sem exceção.

E esta é uma dádiva de uma mulher, que foi sempre a mãe de todos.

Com o nosso sentimento de modernidade e rigor, às vezes protestávamos porque os víveres dela (enquanto viveu afastada) se esgotavam antes do tempo previsto.

É claro que sabíamos, que todas as manhãs ela fazia comida extra, para os familiares e amigos que vinham do interior (sobretudo de Cacheu e Farim) para tratar de algum assunto. Insurgindo contra o mau exemplo que isso podia dar, se mal-aproveitado, ela me respondeu numa ocasião, que eu não era melhor que ninguém, mas que tinha simplesmente sido um escolhido, para ajudar a distribuir o que Deus coloca no mundo.

Pensando nesses momentos, vou dando conta de como a mãe na sua consciência introspetiva tenta corrigir os males que testemunhou de um mundo que ela sabe não ser totalmente justo.

Então esta é uma homenagem que, mais que adiada, é uma promessa renovada, dedicada a todas as mães e a todas as mulheres dos espaços que vamos partilhando, nesta nossa passagem e convivência terrena, de celebrar com pequenos gestos e pequenas ações, a nossa determinação de corrigir o que está ao nosso redor e depender de nós, neste mundo ainda assimétrico e longe do equilíbrio e da perfeição.

Parabéns Tata. Feliz 10 de maio.

PICO DA COVID-19 NO CONTINENTE AFRICANO DEVERÁ ACONTECER DENTRO DE QUATRO A SEIS SEMANAS

A directora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, afirmou que o pico da covid-19 no continente africano deverá acontecer dentro de quatro a seis semanas, mostrando-se esperançosa na recuperação da região após a pandemia.
Matshidiso Moeti falava durante a conferência de imprensa online sobre a evolução da covid-19 no continente africano. “Olhando para a evolução da pandemia de covid-19 e especialmente agora que estamos a olhar para a propagação comunitária em alguns países, estimamos que a doença atingirá o seu pico dentro de quatro a seis semanas, se nada for feito”, disse.

O número de mortos devido à covid-19 em África ultrapassou esta quinta-feira os dois mil (2012), com mais de 51 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente. “Existem agora cerca de 50 mil casos confirmados e dois mil perderam a vida em todo o continente africano e é incrivelmente importante que os países utilizem abordagens baseadas em dados e em evidências na resposta”, defendeu.

Sobre o alívio de algumas medidas de confinamento que se registam em vários países, Matshidiso Moeti aconselhou prudência: “Não é uma questão em que simplesmente se passe de uma situação em que hoje tudo está fechado para amanhã estar tudo aberto.”

O desconfinamento “tem de ser gradual, com as partes mais essenciais da economia a serem abertas primeiro”, defendeu. Questionada sobre África pós-covid-19, Moeti começou por esclarecer que não pretende ignorar “a severidade e gravidade da situação”.

“Se nada for feito vai ser grave. O impacto económico já começa a sentir-se. Mas também vejo muitos países a tomarem medidas e a fazerem grandes investimentos para que o impacto não seja tão devastador”, disse. E sublinhou: “Tenho uma grande fé na resiliência do povo africano e confio na generosidade e solidariedade internacionais para ajudar” o continente.

Notabanca, 10.05.2020

COVID-19: GUINÉ-BISSAU ANUNCIA TERCEIRA VÍTIMA MORTAL E AUMENTA CASOS REGISTADOS PARA 641

O Centro de Operações de Emergência de Saúde da Guiné-Bissau confirmou hoje a morte de uma terceira pessoa devido à covid-19 e aumentou o número de casos registados com a infeção para 641
O Centro de Operações de Emergência de Saúde (COES) da Guiné-Bissau confirmou hoje a morte de uma terceira pessoa devido à covid-19 e aumentou o número de casos registados com a infeção para 641.
Nas informações diárias aos jornalistas, o coordenador do COES, Dionísio Cumba, disse que foi registada mais uma vítima mortal, aumentando para três o número de pessoas que morreram devido à infeção.
O médico guineense, que lidera também o Laboratório Nacional de Saúde Pública, afirmou que foram confirmados mais 47 novos casos, elevando para 641 o número de casos registados no país.
O número de recuperados mantém-se nos 25, adiantou na conferência de imprensa diária sobre a evolução da doença no país, que agora está a ser feita através da plataforma zoom.
Questionado pela Lusa sobre as recomendações que o COES está a fazer ao Governo, tendo em conta que o estado de emergência decretado pelo Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, termina segunda-feira, Dionísio Cumba disse que recomendaram a manutenção do estado de emergência e a aplicação de medidas mais restritivas.
“Continuamos a ver muitas pessoas a circular desnecessariamente. Bissau devia ser isolado”, afirmou Dionísio Cumba.
A cidade de Bissau, capital do país, é onde foram registados a maior parte de casos de covid-19.
O médico guineense pediu também para ser revista a atribuição de livres trânsito para circulação.
Para fazer face ao novo coronavírus, as autoridades guineenses encerraram também as fronteiras, serviços não essenciais, incluindo restaures, bares e discotecas e locais de culto religioso, proibiram a circulação de transportes urbanos e interurbanos e limitaram a circulação de pessoas ao período entre as 07:00 e as 14:00 horas.
O Presidente guineense poderá prolongar o estado de emergência na segunda-feira devido ao aumento de casos no país.
O número de mortos devido à covid-19 em África subiu hoje para 2.151, em quase 58 mil casos da doença registados em 53 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.
Entre os países africanos que têm o português como língua oficial, a Guiné-Bissau lidera em número de infeções (641 casos e três mortos), seguindo-se a Guiné Equatorial (439 e quatro mortos), Cabo Verde (230 e duas mortes), São Tomé e Príncipe (212 casos e cinco mortos), Moçambique (82) e Angola (43 infetados e dois mortos).
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 271 mil mortos e infetou quase 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Mais de 1,2 milhões de doentes foram considerados curados.
Conosaba/Lusa

RUTH MONTEIRO: “Quando cheguei a Portugal soube o quão difícil foi tirar-me de Bissau”

FONTE: EXPRESSO


Ruth Monteiro, em Lisboa

Esteve para ser detida até ao último momento, quando finalmente entrou, a 28 de abril, num voo de repatriamento da TAP, ao fim de quase dois meses escondida em Bissau. Já em Lisboa, onde se formou em direito na década de 1980 e onde se tornou cidadã portuguesa, passando a ter dupla nacionalidade, Ruth Monteiro aceitou dar uma entrevista ao Expresso em que fala abertamente sobre o que se está a passar na Guiné-Bissau. “As pessoas pensam que o facto de eu falar significa coragem. Não acho que seja coragem. Eu não quero condicionar os meus actos ao medo. É diferente.” A ex-ministra da Justiça admite que essa recusa de ficar em silêncio faz com que seja muito difícil regressar, tão depressa, a Bissau.

Na semana passada conseguiu voar para Portugal, depois de duas tentativas falhadas. Sente que fugiu da Guiné-Bissau?

Para mim foi uma fuga, claramente, porque saí contra a vontade das autoridades. E o meu regresso estará dificultado.

Numa entrevista à Deutsche Welle no início de abril falou de uma lista de pessoas que estão impedidas de sair do país. Que nomes constam dessa lista?

Sei que dessa lista constam cinco pessoas do governo de Aristides Gomes. O primeiro-ministro logo à cabeça, o ministro das Finanças, eu e os secretários de Estado do Tesouro e do Orçamento.

Quem fez essa lista e por que é que ela foi feita?

Foi o Ministério do Interior que enviou essa lista para o aeroporto. São eles que controlam as saídas dos cidadãos. Agora, quando consegui sair, o meu nome continuava a constar da lista. É uma perseguição. Querem calar, amedrontar. Há uma fragilidade que sentimos perante um governo que persegue os cidadãos em vez de os proteger. E que usa o poder público para intimidar as pessoas. Não é a primeira vez que há um golpe de estado na Guiné-Bissau e que há pessoas que são perseguidas. Temos pessoas que já foram perseguidas e que hoje são os perseguidores. O atual ministro do Interior foi meu cliente na altura em que foi perseguido — ele pertencia ao governo de Domingos Simões Pereira. Agora, ele é o perseguidor.

Por que é que está a ser perseguida?

Ouvi duas versões. Provavelmente são ambas correctas. Há a versão sobre o facto de eu enquanto ministra dos Negócios Estrangeiros — que era um cargo que estava a acumular com a pasta da Justiça — poder ter acesso à comunidade internacional e poder explicar a situação real do país, na qualidade de membro de um governo que saiu de eleições e que só foi afastado porque houve recurso à força das armas, para as pessoas não terem apenas a versão de quem deu o golpe de estado e de quem tinha interesse na subversão da ordem constitucional. Sendo eu jurista por formação, melhor ainda poderia explicar qual é o contexto da violação da constituição e das leis na Guiné-Bissau. Cá fora, eu poderia destruir a imagem que foi dada do atual governo e daquilo que aconteceu durante as eleições presidenciais. A outra versão que ouvi tinha a ver com dossiês — porque no âmbito do exercício da minha tutela, no trabalho com a Interpol e com a Polícia Judiciária, tive acesso a informações que não convinha que viessem a público.

Foi visada pelo Ministério Público num processo-crime por ter alegadamente ficado com um carro que lhe tinha sido atribuído enquanto ministra da Justiça, e de ter aprovado passaportes quando ainda não teria oficialmente assumido a pasta dos Negócios Estrangeiros. No seu entendimento, o Ministério Público só fez isso para haver razões formais que a impedissem de sair do país?

Claramente. Da primeira vez que me impediram de viajar, foi o próprio representante do PNUD [Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento], a entidade proprietária do carro, que comunicou ao Ministério do Interior que esse carro tinha sido devolvido. Essa informação, conjuntamente com uma cópia do termo de entrega assinada e carimbada pelo PNUD, mesmo assim não serviu para cancelar o processo contra mim. As acusações foram sendo desmanteladas no próprio aeroporto… Quanto à denúncia de eu ter assinado passaportes sem ter poderes para tal, entreguei uma cópia que comprovava que todos os passaportes foram assinados com poderes para tal, por um despacho do primeiro-ministro, indigitando-me como substituta da ministra dos Negócios Estrangeiros. O Ministério Público não fez nenhuma prova dos factos. Até que no 8 de abril há um despacho do Ministério Público onde não me é atribuído nenhum facto susceptível de indiciar a prática de um crime. Mas devo dizer que, independentemente disso, o Ministério Público na Guiné-Bissau nunca poderia impedir ninguém de viajar. Nem o Ministério do Interior. Só me poderia aplicar uma medida de coação residual, que é um Termo de Identidade e Residência.

Essa decisão caberia a um juiz, é isso?

Exatamente. Com a gravidade de que quem dirigia o Ministério Público na altura ser um juiz conselheiro que tinha sido um dos subscritores do acórdão do Supremo Tribunal de Justiça que diz precisamente que o Ministério Público só pode aplicar um Termo de Identidade e Residência.