PRESIDENTE SISSOCO PROLONGA ESTADO DE EMERGÊNCIA POR 30 DIAS
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, prolongou hoje o estado de emergência no país até 25 de julho devido ao aumento de casos provocados pelo novo coronavírus e possível expansão do contágio para as regiões.
“É renovado o estado de emergência em todo o território nacional, por um período de 30 dias”, refere o decreto presidencial enviado à imprensa.
O decreto estabelece que o estado de emergência, prolongado pela sexta vez, começa às 00:00 de dia 26 de junho e termina às 00:00 de 25 de julho, podendo ser renovado.
O Presidente guineense decidiu levantar a medida de recolher obrigatório, imposta há um mês.
No decreto, Umaro Sissoco Embaló explica que decidiu prolongar o estado de emergência por um período de um mês devido à persistência do aumento de casos de infeção pelo novo coronavírus, aumento do número de mortos e devido a uma possível expansão do contágio para as regiões.
Outras das razões invocadas pelo chefe de Estado guineenses é o início da época da chuva, período em que há um aumento da “morbilidade e mortalidade da população, com um aumento significativo das infeções respiratórias e paludismo” e porque 15 dias são insuficientes para fazer uma “avaliação à eficácia das medidas” para combater a pandemia.
“Face a este inimigo invisível, que resiste em não desaparecer, temos que, a bem da saúde pública e proteção da vida humana, continuar a adotar algumas medidas restritivas dos direitos, liberdades e garantias”, afirmou, num discurso à nação, Umaro Sissoco Embaló.
O Presidente guineense decretou pela primeira vez o estado de emergência em março.
A Guiné-Bissau tem 1.556 casos de infeção confirmados, a maior parte dos quais no Setor Autónomo de Bissau, e já registou 19 vítimas mortais.
In lusa
VACINA SUSPENSA NA AMÉRICA E CONSIDERADA PERIGOSA CONTINUA A SER APLICADA NA GUINÉ-BISSAU
Estudo americano-dinamarquês está a testar o uso da vacina contra a poliomielite para o combate à covid-19. Colectivo de artistas, cientistas e activistas denuncia falta de transparência. Experiência semelhante, liderada pelo mesmo médico, foi considerada perigosa pelas autoridades norte-americanas.
Um colectivo de activistas, cientistas, artistas e jornalistas guineenses denunciou, através de uma nota enviada à imprensa, a falta de transparência das autoridades sobre um estudo científico cujo trabalho de campo está a decorrer na Guiné-Bissau, com a participação de mais de três mil guineenses, sem que haja informação pública sobre o mesmo e sem se saber se os direitos das pessoas que estão a participar no ensaio clínico estão a ser salvaguardados.
Uma experiência semelhante, liderada pelo cientista Robert Gallo, um dos descobridores do vírus da sida, acaba de ser suspensa nos Estados Unidos porque as autoridades o consideraram perigoso.
Sem porem em causa a validade científica do estudo, os dez membros do Colectivo chamam a atenção que a busca de uma resposta à pandemia do novo coronavírus “não se poderá sobrepor a direitos humanos fundamentais”, daí que “o enquadramento legal e a regulamentação aplicável a ensaios clínicos envolvendo seres humanos” seja “particularmente exigente garantindo a protecção dos participantes neste tipo de estudo experimental”.
“Preocupados com a aplicação de ensaios clínicos na Guiné-Bissau, um país com um sistema de saúde frágil e pouco funcional, características exacerbadas pela pandemia da covid-19 e pelo contexto de instabilidade institucional, [o Colectivo] tem vindo a exigir o respeito por um dos princípios básicos na execução de ensaios clínicos: transparência!”, lê-se na nota à imprensa.
O estudo visa perceber se a vacina contra a poliomielite (também chamada pólio ou paralisia infantil), poderia conferir alguma imunidade contra a infecção pelo novo coronavírus, tal como a da BCG (contra a tuberculose). Há vários ensaios clínicos a decorrer noutros pontos do mundo para testar a hipótese da BCG.
Só que as autoridades guineenses só falaram em público sobre este ensaio clínico porque apareceu uma notícia no jornal brasileiro Folha de S. Paulo, que referia que o trabalho de campo estava a ser feito na Guiné-Bissau.
A notícia motivou uma denúncia do activista social e ambiental Miguel Barros no Twitter e a notícia apanhou muitos de surpresa na Guiné-Bissau. O que levou o Colectivo a escrever cartas às autoridades de saúde e aos envolvidos no projecto para tentar esclarecer todas as dúvidas. A falta de respostas levou-os a tornar públicas as suas preocupações e exigências de transparência.
O Colectivo é composto pelo produtor e actor Welket Bungué, a bióloga Bianca Flamengo, o activista Adama Baldé, o músico Manecas Costa, as actrizes Ady Batista e Bebetidja Sadjo, o jornalista Carlos Pereira, o artista plástico Nú Barreto, o escritor Edson Incopté e o modelo Fernando Cabral.
Garantindo que nunca “questionou a validade do racional científico para o estudo”, porque não tem informações para isso, o Colectivo diz que a sua preocupação, “para já, é a de garantir que a aplicação de ensaios clínicos na Guiné-Bissau, a fazer-se, segue os procedimentos obrigatórios e aplicáveis ao país”, diz a nota.
“Todos os documentos do estudo devem ser publicamente acessíveis e a participação de voluntários deverá seguir as disposições legais em aplicação e que garantem o consentimento informado prévio”, acrescentam o texto.
O Colectivo refere que sem o protocolo do estudo conhecido, nem a identificação dos financiadores e responsáveis pela execução, assim como o seu processo de autorização registados em plataforma certificada, tal como é exigido a nível internacional, as dúvidas levantam-se.
“Nenhuma das comunicações feitas pelo Alto Comissariado de Luta Contra a Covid-19, pelo ministro da Saúde, pelo Projecto Saúde de Bandim e, no dia 23 de Junho, pelo Comité de Ética que aprovou o estudo em retorno à nossa carta de 19 de Junho, respondem a estas questões”, explica a nota.
O Ministério da Saúde limitou-se a confirmar, na semana passada, segundo a Lusa, a existência do estudo e que cabe ao Conselho de Ministros pronunciar-se sobre qualquer “decisão relacionada com a aplicação de vacinas em toda a extensão do território da Guiné-Bissau”.
“O ministro da Saúde esclareceu que o que está em curso é um estudo promovido pelo Projecto de Saúde de Bandim, visando apurar a validade ou a pertinência científicas do uso de vacinas até aqui aplicadas no combate à poliomielite para o combate da nova pandemia”, referiu o comunicado do ministério.
De acordo com a Folha de S.Paulo, os cientistas por trás do estudo – uma equipa americano-dinamarquesa que inclui Robert Gallo, director do Instituto de Virologia Humana da Universidade de Maryland, que ajudou a descobrir o vírus que causa a sida – defendem a possibilidade de a vacina oral contra a poliomielite poder ser usada eficazmente para a prevenção dos casos de covid-19 quando administrada regularmente.
Para testar a hipótese foi escolhido um grupo de 3400 adultos guineenses com mais de 50 anos para, durante seis meses, metade receber a vacina contra a pólio e a outra metade apenas um placebo. O estudo é coordenado no terreno pelo Projecto de Saúde de Sandim, criado em 1978 por Peter Aaby, professor na Universidade do Sul da Dinamarca, uma das entidades envolvidas no estudo, que admite suspender o estudo se assim for a vontade da população.
O projecto financiou em 2012 a criação do Centro de Investigação em Vitaminas e Vacinas, destinado a investigar efeitos não-específicos de vacinas, e que já participou noutro estudo sobre o uso da vacina da pólio que chegou à conclusão que, quando dada à nascença, a vacina reduz a mortalidade infantil em 32%.
“O mundo da investigação, dos ensaios clínicos ou qualquer outro tipo de estudo experimental, assenta em princípios de transparência, ética e responsabilidade pública”, refere o Colectivo. “Estudos de investigação que não estão abertos a escrutínio, que escolhem o sigilo em detrimento da transparência, que reagem na defensiva a questões pertinentes exigindo o seguimento de padrões internacionais, são estudos que não têm lugar no mundo investigativo sério.”
Vírus mais perigoso
Um estudo semelhante, levado a cabo pelo mesmo Robert Gallo, com várias instituições americanas, foi suspenso pelo Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecto-contagiosas dos Estados Unidos por razões de segurança. Segundo o New York Times, a agência pública justificou a sua decisão pela possibilidade de o vírus da pólio poder acabar no sistema de abastecimento de água e infectar outras pessoas. No entanto, as experiências na Guiné-Bissau e na Rússia continuam.
A vacina da poliomielite utiliza um vírus enfraquecido para accionar o sistema imunitário e impedir que a pessoa desenvolva a doença, tal como acontece com outras vacinas. No entanto, existe a hipótese de acontecer uma mutação no vírus capaz de o tornar mais agressivo.
Os casos são raros, é certo – o risco de paralisia é de um em cada 2,7 milhões; no entanto, como a ideia de que a vacina da poliomielite pode ajudar-nos a ficar imunizados contra outras doenças virais implica que a mesma seja aplicada regularmente (uma vez por ano, por exemplo), porque a imunização é de curta duração, multiplicar a inoculação, torna a possibilidade de a doença, que hoje está quase erradicada, de voltar com mais força.
Notabanca; 26.06.202
CORONA» GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU ADMITE RETOMAR ANO LETIVO ENTRE JULHO E SETEMBRO
CARLOS LOPES AO ‘EXPRESSO’: “Os africanos são tratados de forma irracional”
Lide-se como se lidar com a questão sanitária, o impacto da pandemia nas economias africanas será devastador, diz o antigo braço-direito de Kofi Annan na ONU. O seu trabalho na economia e na política visa reformar, inverter perceções negativas e levar África a dialogar, finalmente, “de continente para continente”
Deutsche Welle, RFI, AllAfrica.com, Accord.org.za, “El País”, IndiaChinaInstitut.com, “Le Monde”, “The Telegraph”, “Project Syndicate” e muitos outros publicam entrevistas, vídeos, divulgam master classes e op-eds que espelham as opiniões refletidas sobre África de um dos mais vigorosos intervenientes na política, educação e redesenho do continente. Carlos Lopes falou ao Expresso a partir da Cidade do Cabo, onde reside e leciona na Escola de Governação Pública Nelson Mandela da UCT (University of Cape Town) que, a par de Oxford, Sheffield e do MIT, conta cinco cursos online entre os melhores do mundo. Ex-secretário-executivo da Comissão Económica para África das Nações Unidas (UNECA, 2012-16), foi um dos braços-direitos de Kofi Annan, é o atual alto-comissário da União Africana para as relações com a Europa e é conselheiro de um largo número de chefes de Estado e do Governo africanos. Nascido na Guiné-Bissau em 1960, estudou História, especializou-se em Economia e tem ideias para África que vão do inovador ao revolucionário, como a que defende que metade do ensino primário no continente deveria ser dedicado a algoritmos. Visões como esta estão reunidas numa série de livros, o mais recente dos quais tem versão portuguesa, “África em Transformação”. Saiu ao mesmo tempo que a prestigiada Routledge lançava “Structural Change in Africa”, escrito com George Kararach.
Cidadãos se divergem em relação à renovação do estado de emergência no país
Bissau 25 Jun 20 (ANG) – Alguns cidadãos ouvidos hoje pela ANG para opinarem sobre o término da quinta fase do estado de emergência decretada pelo Presidente da República, no âmbito de prevenção da pandemia, se divergem sobre o seu prolongamento ou não no país.
Abduram
ane Djalo, vendedor ambulante morador no Bairro de Tchada e estudante na Universidade Lusófona da Guiné, é de opinião de que o estado de emergência deve ser prolongado por mais 15 dias, uma vez que os casos positivos de coronavírus estão a aumentar de uma forma preocupante na Guiné-Bissau.
“O Estado deve contudo fazer funcionar o país, abrindo escolas, liberando transportes públicos para as regiões e fazer cumprir as regras higiénicas de prevenção. São as autoridades que fazem os cidadãos cumprir as regras estabelecidas”, disse.
Para Verónica Ié, moradora em Quinhamel, o estado de emergência deve acabar para que a população, sobretudo do interior de país, possa tornar a sua vida diária normal.
Verónica acha que a população já sabe como se prevenir da doença.
“O maior problema tem são os transportes privados que levam as pessoas e cobram duas ou três vezes mais do que o preço normal, que era de 500 francos CFA. As vezes andamos à pé quilómetros e quilómetros para poder vender os nossos produtos, em Bissau para o sustento das nossas famílias”, lamentou.
Adiantou que é do conhecimento de todos que é por causa da doença e que ninguém tem culpa disso, mas que o Estado deve acabar com o período de emergência para facilitar a população e controlar o cumprimento das regras que estabeleceu, punindo quem não cumprir.
“Caso contrário vamos morrer de fome e de outras doenças”, disse.
O magarefe, Wilson da Silva, morador em Cuntum Entrada de Caju, disse que o Estado deve se engajar mais para que todos possam cumprir com as recomendações do Ministério de Saúde e do Interior, principalmente no uso obrigatório de máscaras “porque esta doença além de ser grave ainda não tem vacina”.
Da Silva defende que o estado de emergência deve ser prolongado e que os transportes públicos (táxis e toca-tocas) devem funcionar das 6 da manha as 21 horas da noite, e os transportes para o interior devem trabalhar das 6 da manha até as 19 horas . Quem violar as regras impostas pelo Estado deve pagar conforme a gravidade do seu acto”, disse.
Nelson José da Silva, estudante morador do bairro de Mindará, é de opinião de que, apesar de tudo, as autoridades nacionais e sanitárias fizeram um trabalho incansável na luta contra a covid-19, uma vez que o número das pessoas infectadas e mortas causados pelo coronavírus podia ser muito superior ao verificado.
“A questão de transportes para o interior é das preocupações maiores das populações, tendo em conta o nível económico dos guineenses. Imagina para deslocar de Bissau para Gabú a pessoa tem que pagar 10 mil francos CFA, se dantes pagava 5 mil Isso é grave e quem sai a ganhar são os proprietários das viaturas privadas”, explicou.
Acrescentou que os transportes públicos para as regiões estão proibidos de circular e as pessoas mais carenciadas estão a passar grandes dificuldades em todos os sentidos. “Por isso, já chega, o estado de emergência não deve ser prolongado”, sustenta.
Nelson disse que a solução passa pela sensibilização e orientação das pessoas em como lidar com a pandemia , deixando-as livres das 7 da manha até as 19 horas da tarde, obrigando-as contudo a cumprirem as regras de distanciamento, lavagem sempre das mãos e o uso obrigatório das máscaras da protecção, “porque ninguém sabe até quando vai durar esta praga”.
Na opinião do cidadão Bacar Banora, o estado de emergência deve ser levantado de vez.
Segundo Banora esta medida foi tomada para impedir a propagação e na verdade não está impedindo, por isso deve ser pensada uma nova estratégia de combate da pandemia e contextualizada à realidade do país.
Para a cidadã Chelsia Ramos, com início das aulas previstas na primeira semana de julho, vai ser difícil lidar com os impedimentos nas circulações das pessoas devido os diferentes horários dos estudos na escolas e universidades.
Segundo Chelsia deve ser exigido o uso obrigatório de máscaras e impedimento das aglomerações das pessoas com objetivo de entretenimento.
A quinta fase do estado de emergência no âmbito de prevenção da covid-19, termina hoje, ( 25) do c e número de mortos é de 19 em 1556 infectados.ANG/MSC/ÂC//SG
Operadores Turísticos querem apoio do Governo para relançar suas actividades após pandemia
Bissau,24 Jun 20(ANG) – O Presidente da Associação dos Operadores Turísticos e Similares da Guiné-Bissau afirmou que os seus associados são os maiores prejudicados com a aplicação do estado de emergência decretado no país no âmbito de prevenção ao covid-19.
Em conferência de imprensa, terça-feira, Jorge Paulo Cabral disse que depois de levantado o período de estado de emergência, os seus associados não terão as condições mínimas para retomar as actividades.
Informou que já entabularam contactos junto do Governo, inclusive entregaram uma proposta de relançamento ao primeiro-ministro e ao titular da pasta da economia.
“Igualmente mantivemos um encontro com os responsáveis do Banco Central de Estados da África Ocidental(BCEAO), para usarem as suas influências no sentido de apoiar os nossos associados em créditos com juros insignificantes de forma a relançarem as suas actividades”, afirmou.
O Presidente da Associação dos Operadores Turísticos frisou que tinham agendado um encontro nesse sentido com o ministro das Finanças mas que não veio a acontecer devido a sua ausência do país.
Disse que estão empenhados na realização de um trabalho de base, que consiste em fazer um levantamento exaustivo da situação de cada operador turístico neste período da pandemia.
Jorge Cabral salientou que têm a noção clara de que todos não têm o mesmo problema, acrescentando que existem alguns que estão a funcionar nas suas casas, outros com empreendimentos alugados e muitos ainda com diferentes números de trabalhadores.
“Portanto, são situações que requerem, antes de mais, um levantamento através de uma ficha individual que a Associação tem em posse neste momento ao nível de Bissau. Ao nível do interior do país estará disponível após o ateliê previsto para a próxima sexta-feira, em parceria com a Secretaria de Estado do Turismo”, disse.ANG/ÂC//SG
GOVERNO DA GUINÉ-BISSAU GARANTE REUNIR CONDIÇÕES PARA ARRANQUE DA EXPORTAÇÃO DA CASTANHA DE CAJU
PASSAGEIROS RETIDOS EM BISSAU CORREM RISCO DE PERDER EMPREGO E TEREM PROBLEMAS DE SAÚDE
Conforme Tavares, a companhia prometeu vir a Bissau no dia 3 de julho, caso venha a fronteira a ser aberto, pois já foram traçadas as escalas, ficando tudo a depender das autoridades guineenses.
Reação das agências
Perante esta situação, a nossa reportagem dirigiu-se às três agências de viagens a fim de tentar saber da veracidade dos factos, mas sem sucesso, uma vez que na EuroAtlantic falámos com uma senhora que nos disse que não têm autorização para nos prestar qualquer declaração. Prometeu telefonar-nos quando estivesse na posse de informação. Já na TAP encontrámos tudo fechado, apenas tivemos acesso a um comunicado fixado à porta a informar a todos os passageiros que só após o fim do estado de emergência haveria informações sobre os voos.