Comunicação Social guineense paralisa actividades quinta-feira em defesa da liberdade de imprensa e de expressão

Bissau, 05 Ago 20 (ANG)- Os órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau  prevêem paralisar, por completo, as suas actividades  quinta-feira com o objectivo de exigir a conclusão do inquérito e punição dos actores do acto de vandalização da Rádio Capital FM, ocorrida em Julho.

Na madrugada de 26 de Julho um grupo de indivíduos fardados e arma

dos destruíram a Rádio Capital FM deixando a referida estação emissora privada sem capacidades para emitir.

A decisão de paralisação das actividades nos órgãos de comunicação social nacional foi revelado pelo  Secretário Geral do Sindicato dos Jornalistas e Técnicos da Comunicação Social (SINJOTECS), Diamantino Lopes em entrevista exclusiva à Agência de Notícias da Guiné(ANG).

 “O que está em causa não é o acto de vandalização à Radio Capital FM, mas sim a ameaça à liberdade de imprensa e de expressão no país. Por isso, é necessário a colaboração de todos os actores do sector da comunicação social no que tange ao processo de luta para afirmação das referidas liberdades”, defendeu aquele responsável.

Diamantino Lopes acrescentou  que já contactaram os directores dos diferentes órgãos de comunicação social no sentido de aderirem a campanha Zero Comunicação em Favor de Liberdade de Imprensa e de Expressão, frisando que esperam uma resposta positiva  por parte dos mesmos para que juntos poderem alcançar um impacto desejável.

Referiu que uma  democracia pura se faz com a imprensa livre e com uma sociedade na qual existe a liberdade de expressão, tendo reconhecido que a liberdade de imprensa e de expressão não devem significar  insultos, e alertou que quando assim fôr só cabe as autoridades competentes  a resolução da situação e mais ninguêm.

“Quando alguém se sentir ferido com um determinado assunto ou situação, não é necessário atacar uma pessoa, instituição e muito menos um órgão de comunicação social , mas sim, só é preciso reclamar os seus direitos junto das autoridades competentes para tal”, disse o Secretário Geral de SINJOTECS.

Informou que na quinta-feira estarão na Rádio Capital FM no período da manhã para mostrar as suas preocupações face a situação da liberdade de imprensa e de expressão no país.

Disse que contam  enviar uma nota ao Ministério Público para pedir a celeridade do processo de investigação e punição dos actores de vandalização da  Rádio Capital FM.

Questionado se a paralisação será apenas um dia, respondeu que pode ser feita outras actividades em favor da liberdade de imprensa na base do desenrolar do processo de investigação por parte das autoridades judiciais.

“Ou seja a medida que autoridade judicial demora para apurar os factos a pressão continuará por parte do SINJOTECS”, explicou.

Um grupo de homens desconhecidos, fardados, armados e encapuçados vandalizaram no passado dia 26 de Julho a Radio Capital FM tendo destruído por completo os seus equipamentos.ANG/AALS/ÂC//SG

“As lacunas da Constituição da República foram aproveitadas por grupos em prejuízo do sistema jurídico”, diz o Presidente da LGDH

 

Bissau, 05 ago 20 (ANG) – O Presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos (LGDH), afirmou que as lacunas, as insuficiências e as incongruências do texto constitucional vigente no país foram aproveitadas por determinados setores ou grupos em claro prejuízo da coerência do sistema jurídico do país.

Augusto Mário da Silva que falava no ato de apresentação públic

a  da Constituição da República Anotada, esta quarta-feira, na Assembleia Nacional Popular (ANP), disse que o respeito ao funcionamento dos órgãos do poder político, ao alcance da efetividade das normas consagradoras dos direitos fundamentais revelarem-se com maior aquidade durante a crise e foram perigosamente aproveitados.

Disse que a ideia de proceder a anotação da Constituição resultou das manifestas dificuldades reveladas pelos mais variados setores da vida pública nacional, ao longo da crise política iniciada em 2015 e que ainda persiste quanto a interpretação e apreensão do sentido útil das normas constitucionais.

Informou que essas fragilidades da Constituição da República tributária da sua persuaficação à imagem e  medida de quem tinha o poder no momento da sua elaboração e aprovação pela Assembleia Constituinte, deu azo a interpretação dispersas e em certos casos corretivas das normas constitucionais, sendo que ao final do dia tudo se justificava pelas incoerências ou ambiguidade que a própria Constituição encerre.

Segundo  Augusto Mário , o próprio Supremo Tribunal da Justiça quando foi requerido para intervir enquanto entidade a quem a Constituição deu a responsabilidade de terminar o sentido útil das normas constitucionais em caso de dúvidas, também revelou algumas dificuldades em apreender o elemento teleológico das normas constitucionais ao proferir sobre o mesmo objeto dois acordãos contraditórios entre si.

O Presidente da LGDH sustentou que perante esta manifesta dificuldade da comunidade jurídica nacional em determinar, com objetividade, a interpretação mais ajustada da teleologia das normas vigentes, a LGDH e a Tininguena, no âmbito do projeto Diálogo Político financiado pela Nações Unidas assumiram, pela primeira vez, o desafio de propôr à sociedade guineense uma doutrina constitucional capaz de servir de um referencial comum no que tange a interpretação das normas constitucionais.

Disse que  trata-se de mais um exercício da Sociedade Civil guineense que se increve no esforço conjunto de contribuir para assegurar a almejada estabilidade governativa e, consequentemente, a paz social, nomeadamente nos setores do ensino, saúde , justiça, infraestruturas, energia e segurança alimentar.

Segundo Augusto Mário, a Constituição da República Anotada é um instrumento que, se for devidamente explorada, pode ajudar a reduzir as ambiguidades na sua interpretação que apesar de teoricamente professar o sistema semi-presidencial de pendor parlamentar, as suas incoerências podem ser exploradas de modo a transformar, dependendo da boa ou má fé de quem exerce a função do Presidente da República, no sistema presidencialista tal como a realidade dos fatos que demonstrou ao longo de últimos 25 anos da sua vigência.

O  Diretor da Faculdade de Direito de Bissau, Alcides Gomes, declarou na ocasião que  a sua instituição se congratula com a iniciativa de elaborar uma Anotação da Constituição da República, justificando que tinham a consciência clara de que é o trabalho que se deve fazer perante todo o cenário político que tinha e se vive no país.

Disse esperar três coisas com esta Anotação da Constituição, nomeadamente, a divulgação mais ampla não só para os deputados da Nação, mas também pelos membros do governo e demais operadores jurídicos do país, que se chegue à todos e que todos possam realmente ler e aprender o conteúdo, e por último, espera com a leitura e apreensão feitas pelas faculdades que surjam outras Anotações e outras leituras. ANG/DMG/ÂC//SG

GOVERNO DE NUNO NABIAN QUER A MODERNIZAÇÃO DE AGRICULTURA PARA EVITAR A EXPORTAÇÃO DE ARROZ

O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural defendeu hoje (17) a modernização da agricultura intensiva irrigada para auto-suficiência alimentar a fim de evitar a exportação de arroz.
A ideia do titular da pasta da agricultura é tornada pública durante o acto da entrega de 120 mil dólares em sementes agrícolas ao governo da Guiné-Bissau doado pela FAO com financiamento do reino de Marrocos com intuito de reforçar a resiliência dos agricultores no âmbito de luta contra covid-19.
Abel da Silva Gomes diz que a sede de lutar contra a fome é na agricultura por isso, aposta no incentivo aos agricultores para produzirem mais “porque não se pode pensar no real combate ao insuficiência alimentar sem modernizar agricultura”.
“É preciso lutar contra a fome e a sede de lutar contra a fome é na agricultura para incentivar os agricultores para terem capacidade de produzir mais porque enquanto não trabalhamos para modernizar agricultura intensiva irrigada, não haverá real combate a insuficiência alimentar no país”, alertou o ministro da agricultura.
De acordo com o ministro da agricultura e desenvolvimento rural 25 bolanhas estão em risco de inundação devido as faltas de tubos da evacuação da água facto que considera de urgente a sua resolução para minimizar esforços da população.
“Mais de 25 bolanhas estão ameaçadas de inundação por falta de tubos da evacuação da água e se não for feita até final do mês de Julho, alguns trabalhos de colocação destes tubos com esta intensidade de chuva, provocará a perda destas bolanhas trabalhadas pela população”, advertiu Abel da Silva.
O titular da pasta da Agricultura diz ainda que o país precisa de mais de 650 máquinas de lavoura para colmatar as lacunas de 74 que a Guiné-Bissau dispõe ao nível nacional.
“Num país como a Guiné-Bissau com grande extensão da terra aráveis dispõe somente de 74 tractores ao nível do país e algumas extensões da terra continua sem ser lavradas, contudo há muitas sementes agrícolas, por isso, o país precisa de mais ou menos de 650 a 675 tractores para fazer face aos desafios”, assegurou o ministro da agricultura Abel da Silva Gomes.
As sementes doadas, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e a Agricultura (FAO) são constituídas pelas sementes de arroz (para mangrofe e bafon), milho e mancara destinadas aos agricultores.
Durante a cerimónia foi inaugurado o laboratório nacional da agricultura financiada pelo BAD para a luta contra a invasão da lagarta legionária de outono na Guiné-Bissau.
Por: Marcelino Iambi/radiosolmansi com Conosaba do Porto

UNIOGBIS ENCORAJA ATORES POLÍTICOS GUINEENSES A PROSSEGUIREM COM AS REFORMAS

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A representante do Secretário-geral das Nações Unidas e chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Rosine Coulibaly, encorajou os atores políticos e autoridades guineenses a prosseguirem as reformas políticas com as quais estão todos comprometidos. A diplomata burkinabe que trabalha ao serviço da ONU, falava aos jornalistas esta segunda-feira, 03 de agosto de 2020, a saída de uma audiência com o Chefe de Estado guineense, Úmaro Sissoco Embaló, para falarem sobre a situação política.

Rosine Coulibaly explicou que o objeto da sua visita ao Chefe de Estado guineense era debruçar sobre a situação política e social do país, tendo assegurado que no próximo dia 18 do mês em curso vai fazer um “briefing” aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas no concernente a evolução da situação política da Guiné-Bissau.

“Devo reunir-me com alguns atores nacionais, mas a primeira pessoa com quem deveria reunir-me é o Presidente da República, para analisarmos a situação e os progressos alcançados bem como os desafios a enfrentar ainda. Como sabem a UNIOGBIS vai terminar a sua missão em dezembro deste ano. Por isso é importante que as reformas às quais estamos engajados a implementar que avancem” notou para de seguida reconhecer o empenho do Chefe de Estado da Guiné-Bissau no processo da reforma. Por isso encorajou-o a prosseguir com a reforma com os atores nacionais, visto que “o país sofre com as sucessivas crises políticas”.

Solicitada a pronunciar-se sobre a situação política vigente na Guiné-Bissau, Rosine Coulibaly disse que as Nações Unidas estão contentes por ver alguns progressos depois das eleições presidenciais, como também a reabertura da Assembleia Nacional Popular.

“Vimos que o debate democrático prossegue, o que enaltecemos muito. Infelizmente, notamos certas vezes que, em vez de comportarem-se como adversários políticos com ideias, notam-se ações como se fossem inimigos, o que não pode acontecer neste país, porque somos todos filhos e filhas desta terra”, lembrou a representante do Secretário-geral da ONU.

Questionada se a UNIOGBIS reconhece o atual governo e se está disposto a trabalhar com o mesmo, Coulibaly disse que no âmbito da luta contra a pandemia da covid-19, a Nações Unidas mobilizaram-se, com outros parceiros, para dar apoio à resposta nacional implementada pelas autoridades.

“No plano humanitário estamos engajados em certas ações. E a nível do executivo também. As agências das Nações Unidas têm programas de cooperação que não são programas políticos. Mas nós, a nossa missão é política, por exemplo, a nível da FAO viram que realizou-se a cerimónia da entrega de sementes agrícolas. Estamos aqui para a população e para a nação! Não estamos aqui apenas para a política. Os políticos devem trabalhar em conjunto para que os desejos das populações sejam correspondidos”, enfatizou.

A representante aproveitou a ocasião para manifestar a solidariedade das Nações Unidas para com a luta de afirmação do povo guineense, sobre a data de 03 de agosto, dia dos mártires de Pindjiguite.

“Vários países celebram a independência. São aspetos importantes, porque a população tem o direito à soberania, a vida, que são direitos inalienável e sobre o qual a Nações Unidas luta”, frisou.

A representante do Secretário-geral das Nações Unidas e chefe do Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau, Rosine Coulibaly, encorajou os atores políticos e autoridades guineenses a prosseguirem as reformas políticas com as quais estão todos comprometidos. A diplomata burkinabe que trabalha ao serviço da ONU, falava aos jornalistas esta segunda-feira, 03 de agosto de 2020, a saída de uma audiência com o Chefe de Estado guineense, Úmaro Sissoco Embaló, para falarem sobre a situação política.

Rosine Coulibaly explicou que o objeto da sua visita ao Chefe de Estado guineense era debruçar sobre a situação política e social do país, tendo assegurado que no próximo dia 18 do mês em curso vai fazer um “briefing” aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas no concernente a evolução da situação política da Guiné-Bissau.

“Devo reunir-me com alguns atores nacionais, mas a primeira pessoa com quem deveria reunir-me é o Presidente da República, para analisarmos a situação e os progressos alcançados bem como os desafios a enfrentar ainda. Como sabem a UNIOGBIS vai terminar a sua missão em dezembro deste ano. Por isso é importante que as reformas às quais estamos engajados a implementar que avancem” notou para de seguida reconhecer o empenho do Chefe de Estado da Guiné-Bissau no processo da reforma. Por isso encorajou-o a prosseguir com a reforma com os atores nacionais, visto que “o país sofre com as sucessivas crises políticas”.

Solicitada a pronunciar-se sobre a situação política vigente na Guiné-Bissau, Rosine Coulibaly disse que as Nações Unidas estão contentes por ver alguns progressos depois das eleições presidenciais, como também a reabertura da Assembleia Nacional Popular.

“Vimos que o debate democrático prossegue, o que enaltecemos muito. Infelizmente, notamos certas vezes que, em vez de comportarem-se como adversários políticos com ideias, notam-se ações como se fossem inimigos, o que não pode acontecer neste país, porque somos todos filhos e filhas desta terra”, lembrou a representante do Secretário-geral da ONU.

Questionada se a UNIOGBIS reconhece o atual governo e se está disposto a trabalhar com o mesmo, Coulibaly disse que no âmbito da luta contra a pandemia da covid-19, a Nações Unidas mobilizaram-se, com outros parceiros, para dar apoio à resposta nacional implementada pelas autoridades.

“No plano humanitário estamos engajados em certas ações. E a nível do executivo também. As agências das Nações Unidas têm programas de cooperação que não são programas políticos. Mas nós, a nossa missão é política, por exemplo, a nível da FAO viram que realizou-se a cerimónia da entrega de sementes agrícolas. Estamos aqui para a população e para a nação! Não estamos aqui apenas para a política. Os políticos devem trabalhar em conjunto para que os desejos das populações sejam correspondidos”, enfatizou.

A representante aproveitou a ocasião para manifestar a solidariedade das Nações Unidas para com a luta de afirmação do povo guineense, sobre a data de 03 de agosto, dia dos mártires de Pindjiguite.

“Vários países celebram a independência. São aspetos importantes, porque a população tem o direito à soberania, a vida, que são direitos inalienável e sobre o qual a Nações Unidas luta”, frisou.

Covid-19: GUINÉ-BISSAU ULTRAPASSA A BARREIRA DOS DOIS MIL CASOS DE INFEÇÃO POR CORONAVÍRUS

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A Alta Comissária para o combate à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), Magda Robalo disse esta segunda-feira, 03 de agosto de 2020, que a Guiné-Bissau regista neste momento 2032 (dois mil e trinta e dois) casos de infeção pela Covid-19, acumlados desde o anúncio dos primeiros casos no país. Acrescentou que dos 2032 casos de infeção, registaram-se 944 recuperados e 27 óbitos.

A responsável do Alto Comissariado fez este anúncio durante a apresentação dos dados epidemiológicos sobre a pandemia. O número de casos de infeção subiu de 1981 para 2032, e o número de recuperados evoluiu de 893 para 944. Registou-se também o aumento do número de óbitos, que subiu para 27 casos.

Os dados apresentados indicam que a capital Bissau continua a registar maior número de casos de infeção, 1824, dos quais, 829 recuperados e 20 óbitos.

A segunda região com o maior número de casos é Biombo, no norte do país e muito próxima da capital Bissau. Biombo conta com 120 casos de infeção, dos quais, 70 recuperados e 6 óbitos. Cacheu é a terceira região mais afetada e conta com 37 casos, deste número, 21 recuperados e não tem nenhum óbito. Seguida de Bafatá com 27 casos, 12 recuperados e um óbito.

A região de Oio regista 17 casos, dos quais 9 recuperados e 2 perdidos (casos da infeção que fugiram do controlo das autoridades sanitárias), Gabú tem  e 2 recuperados. Tombali conta com 3 casos da Covid-19 e 1 perdido. A região sanitária de Farim tinha apenas 1 caso, entretanto já  recuperado.

A Alta Comissária explicou que está a ser montada uma nova estratégia de comunicação e sensibilização para a prevenção contra o contágio e propagação da Covid-19 junto das comunidades como forma de fazer que a população tenha noção do vírus e suas consequências para melhor prevenir-se.

De recordar que foram confirmados primeiros casos da Covid-19 na Guiné-Bissau no dia 25 de março deste ano, considerados importados.

Por: Epifânia Mendonça

EX-MINISTRA RUTH MONTEIRO PEDE AUXÍLIO A PORTUGAL POR TER “VIDA EM RISCO


“A ex-ministra da Justiça guineense pediu auxílio a Portugal após o golpe de Estado, explicando que tinha a vida em risco por sabe demais.


Num restaurante do Bairro Alto, por entre olhares preocupados, sempre atenta a quem entrava e falando num tom baixo, Ruth Monteiro, ministra da Justiça da Guiné-Bissau até fevereiro deste ano, desenrolou a teia de intrigas que derrubou o seu Governo. Ficou no poder o Presidente Umaro Sissoco Embaló, declarado vencedor de umas eleições de legalidade questionada, de onde saiu derrotado o candidato do PAIGC, Domingos Simões Pereira.

A ex-ministra pinta o retrato de um país mergulhado num clima de terror, governado por uma elite política, indistinguível do submundo do crime, que tomou o poder pelas armas e é financiada pelo fluxo de cocaína da América Latina, que passa pela Guiné-Bissau até às mãos dos jiadistas que navegam as areias do Sahel. Conta histórias de altos funcionários do Ministério Público que tentam impedir a revista de camiões de carapaus com quase duas toneladas de cocaína lá dentro, de homens misteriosos que estavam dentro dos veículos e não são acusados de nada. Em março, perseguida e acusada de não devolver três carros do seu ministério, algo que nega, Ruth Monteiro chegou ao ponto de pedir ajuda ao Governo português, explicando que a sua vida estava em risco por saber demais.

Conseguiu escapar, depois de muitas peripécias, com ajuda clandestina de elementos das forças de segurança guineenses.

O drama marcou-a profundamente. Nascida e criada na Guiné-Bissau, Ruth Monteiro veio para Portugal estudar na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e ficou por cá a trabalhar. Décadas depois foi passar umas férias a Bissau e por lá ficou. “Hesitei bastante”, confessa. “Mas fiquei apaixonada de novo pela minha cidade. Redescobri-me, entrei em casa da minha mãe e era como se não tivesse estado longe todos esses anos”. O seu trajeto profissional, como advogada e assessora do Ministério da Justiça, bem como a militância num pequeno partido sem representação parlamentar, o Movimento Patriótico, desembocou num convite para integrar o Governo de Aristides Gomes, do PAIGC. “Agora quero voltar a ser advogada e não me querem deixar”, diz, entre gargalhadas que soam a tristeza. “No fundo, é a única coisa que sei fazer”.

Costuma dizer-se que a História é escrita pelos vencedores. Com Nuno Nabian a conseguir formar Governo e a aprovar o seu programa, com a CEDEAO a reconhecer a Presidência de Umaro Sissoco Embaló, teme que o mundo esqueça aquilo que se passou e a maneira como chegaram ao poder?

Deixe-me dizer-lhe que o Nuno Nabian não conseguiu nenhuma vitória no Parlamento. Nós não estamos a falar de vitórias conseguidas de forma democrática. Estamos a falar de vitórias com base nas ameaças, com base numa violência que vem do submundo do crime. Estamos a lidar com gente ligada ao tráfico de droga e ao terrorismo, foram eles que tomaram de assalto o poder e estão a ditar as leis. Veja que Sissoco disse agora que não irá cumprir com as declarações do Conselho de Segurança da ONU, que determinam que o Governo deve ser eleito com base naquilo que foram as eleições legislativas, livres e justas, de 2019. Ele diz “eu não o vou fazer”, desafia qualquer autoridade e, ao que parece, vai conseguindo impor as suas decisões.

Mas como surge então a aprovação do programa e Governo de Nuno Nabian?

Primeiro, o presidente da Assembleia Nacional Popular [Cipriano Cassamá] é ameaçado. O próprio faz uma conferência de imprensa e diz que ele e a família estão a ser ameaçados e que não vai enfrentar quem faz um golpe de Estado com uso da força dos militares. A ANP foi cercada mais do que uma vez, de cada vez que se previam decisões do hemiciclo que não fossem de acordo com os interesses de Embaló e da sua entourage. Temos uma sessão que é convocada e realizada com todo o tipo de ilegalidades que se podem imaginar – a começar pela mesa da Assembleia, que deve refletir a proporcionalidade dos deputados, o que não aconteceu. Tinha o grupo que se juntou a Embaló, o PRS [Partido para a Renovação Social] e o Madem-G15, que apoia o Embaló. É o primeiro ato absolutamente ilegal, que viola tudo quanto é legislação guineense, e eles conseguem realizar. A isto chama-se vitória? Não, terá outros nomes. Depois há a contagem dos deputados presentes, para se determinar o quórum, que é feita com deputados que ainda não o são – só depois de aberta a Assembleia vão tomar posse. Temos membros do Governo que, não tendo pedido a sua substituição, agiam como membros do Governo do Nuno Nabian, são demitidos à noite para no dia seguinte aparecerem como deputados: uma figura clássica de abuso do direito, a não comunicação de um impedimento, para dizerem que ainda são deputados. Não temos uma maioria, é um arranjo de pessoas que assaltaram o poder e querem dar-lhe vestes democráticas para o impor à comunidade internacional. E isso é algo que a comunidade internacional está a ter dificuldade em resolver, a questão do assalto ao poder pela via armada: não há ninguém que não saiba como se consegue esta aparente e fictícia maioria parlamentar.

Apesar de haver deputados da APU-PDGB que se recusaram a apoiar Embaló, tendo inclusive um deles sido raptado, também houve cinco deputados do PAIGC que, depois disso, acabaram por apoiar o Governo de Nuno Nabian.

Esses deputados foram guardados por militares, não sabemos como se conseguiu o voto deles. O que sabemos, e é público, é eles dizerem “nós temos medo de ir à sede do PAIGC” e depois terem as casas guardadas por militares. As pessoas têm famílias e já sabem qual é o nível de violência a que este Governo e este Presidente estão dispostos a chegar para se manterem no poder. Um deputado [Marciano Indi], líder da sua bancada parlamentar, é raptado e agredido em plena luz do dia, o próprio presidente da Assembleia Nacional não diz uma palavra em defesa do deputado. A que nível de violência é que se pode chegar? Quando eu estive escondida durante dois meses, era a esse nível de violência que me tinham dito que eles poderiam chegar para calar as pessoas.

Na altura foi divulgado um email seu em que dizia ter sido informada por agentes das secretas e da segurança do Estado quanto a ameaças à sua integridade física. Poderia explicar-nos melhor o que se passou, o que lhe foi transmitido?

Não posso revelar as fontes porque poria em risco as pessoas que me tentaram proteger. O que me foi dito, e não só pelas secretas, mas também por outros elementos de segurança presentes na Guiné, é que a questão da droga e os conhecimentos que eu posso ter do dossiê da droga eram motivos importantes para quererem a minha não saída da Guiné. Veja bem, o ministro do Interior tem uma pasta muito mais sensível que a Justiça. Ele [Juliano Fernandes] saiu e entrou várias vezes da Guiné, e eu não podia sair. Mas o ministro do Interior foi amedrontado, sequestrado e levado para o seu ministério para ser ouvido quando se pretendia intimidar os deputados do seu partido, que são do partido do Nuno Nabian, para que não se ausentassem do Parlamento no dia da votação do programa.

Agora que não está na Guiné-Bissau, este dossiê da droga de que fala, que diz ser o centro da trama, do que se trata em concreto? Quem é que implica? Militares, agentes das forças de segurança, elites de partidos guineenses

Há um relatório muito recente – não foi feito por mim, não participei minimamente – apresentado às Nações Unidas em que o que se diz é exatamente a situação da Guiné. Nós temos instituições do Estado envolvidas no tráfico de droga. E o tráfico de droga está a financiar o terrorismo. Temos um Ministério Público completamente corrompido e incapaz de se afastar dos laços em que se envolveu. Quando foi a maior apreensão de droga na Guiné-Bissau, as pessoas que mais impediram a realização do trabalho da Polícia Judiciária foram os agentes do Ministério Público – algo que foi publicamente denunciado por mim, por ser ministra da pasta.”

“OBS.: A entrevista completa está na edição impressa.”

Notabanca; 03.08.2020

Publicada por notabanca à(s) 09:02

PRESIDENTE GUINEENSE DESMENTE DOMINGOS SIMÕES PEREIRA

Salário: Umaro Sissoco Embaló desmente Simões Pereira
O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, negou esta segunda-feira (03.08), que tivesse aumentado o seu salário de 38 mil dólares (pouco mais de 18 milhões de FCFA), para 100 mil dólares (50 milhões de FCFA).
Na semana passada, o líder do PAIGC acusou num vídeo gravado a partir de Portugal, Umaro Sissoco Embaló, de ter “aumentado” o seu salário para 100 mil dólares.
“Não há nenhum chefe de estado que recebe três mil dólares. Não houve nenhum, na história da Guiné-Bissau. Eu gostava mesmo que a Guiné-Bisssu tivesse recurso para eu receber 100 mil dólares. Até agora anda no meu caro e nunca tive casa de funções na minha vida”, disse o Presidente da Republica Umaro Sissoco Embaló, à margem do discurso sobre o dia dos trabalhadores guineenses, que se assinala esta segunda-feira.
CNEWS/ANGB

ONU SOB PRESSÃO PARA ENTREGAR ARISTIDES GOMES ÀS AUTORIDADES GUINEENSES

Governo liderado por Aristides Gomes, saído das legislativas de 2019, foi demitido por Sissoco Embaló
O Ministério Público guineense enviou uma carta às Nações Unidas a solicitar a entrega à justiça de Aristides Gomes. Ex-primeiro-ministro está refugiado nas instalações da ONU desde fevereiro, altura em que foi demitido.
Nas últimas semanas, surgiram no Parlamento várias denúncias dos deputados das bancadas dos partidos que agora governam a Guiné-Bissau – Movimento para a Alternância Democrática (MADEM G-15) e Partido de Renovação Social (PRS) – sobre a alegada corrupção envolvendo o ex-primeiro-ministro Aristides Gomes, que foi demitido em fevereiro, um dia depois de Umaro Sissoco Embaló ter tomado posse, simbolicamente, como Presidente da Guiné-Bissau. Desde então, o ex-governante refugiou-se na sede das Nações Unidas, na capital guineense.
O Ministério Público guineense enviou uma carta à representação da ONU em Bissau a pedir a entrega de Aristides Gomes à justiça, confirmou já um asssessor do ex-primeiro-ministro. O pedido não é questionável, em termos legais, mas terá sempre conotações políticas, afirmou à DW África o jurista Luís Vaz Martins.
“Não há aqui grandes questões para colocar, em termos da lei. Mas um inquérito sobre o suposto crime, nesta altura do campeonato, só nos leva a pensar que, efetivamente, essa investigação terá mais conotações políticas, do que propriamente a busca com objetividade, com vista à descoberta da verdade e a realização da justiça”, sublinha o jurista guineense, que lembra ainda que já se assistiu a “várias situações que requerem uma investigação urgente da parte do Ministério Público, mas assim não aconteceu.”
Rosine Coulibaly, representante especial do secretário-geral da ONU, foi recebida pelo Presidente Umaro Sissoco Embaló
“É pura perseguição”
“É pura perseguição”, conclui, por sua vez, o analista político Rui Landim em declarações à DW África. “É simplesmente ajustar contas com ele [Aristides Gomes] sobre toneladas de drogas que apreendeu [enquanto primeiro-ministro] e penas pesadas a que os traficantes foram condenados”, argumenta.
Esta segunda-feira (03.08), o Presidente guineense, Umaro Sissoco Embaló, recebeu em audiência a representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Rosine Coulibaly, que à saída preferiu falar de outro assunto.
“Para não dizer muito, no próximo dia 10 de agosto, farei um briefing no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a evolução da situação na Guiné-Bissau e encontrarei os atores políticos nacionais, mas o primeiro que encontro é o Presidente da República, para análise da situação e sobre os progressos alcançados e as dificuldades”, declarou Coulibaly.
A Missão Integrada de Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) “vai terminar em breve e o importante é que as reformas sobre a qual nós estamos engajados avancem”, acrescentou a representante do secretário-geral das Nações Unidas.
A DW África tentou, sem sucesso, junto de várias fontes, confirmar a existência da carta do Ministério Público enviada às Nações Unidas.
Conosabadw.com/pt

Figura da semana: JUSTINO DELGADO LANÇA “RUBANE”, O SEU 12º ÁLBUM DISCOGRÁFICO

[SEMANA 30_2020] O expoente máximo da música moderna guineense, Justino Delgado, lançou neste mês de julho, o seu 12º álbum intitulado “Rubane”, uma obra discográfica com 12 faixas musicais, cujo CD já se encontra à venda na capital do país, Bissau. O músico celebrou, no ano passado [2019], o seu 40º aniversário de carreira musical, num evento recheado de canções que marcaram gerações na Guiné-Bissau, na lusofonia e no mundo.

Juju, como também é tratado carinhosamente, é o cantor guineense mais popular, tendo já gravado doze álbuns, dos quais um Best Of. 

Foi distinguido variadíssimas vezes no país e no estrangeiro. É também o Embaixador da música moderna guineense e lidera a banda Dokolma, uma banda antiga do qual fazia parte, mas que restaurou nos últimos anos e que às vezes o acompanha nos seus concertos.

BIOGRAFIA
Justino Gomes Delgado nasceu na Ilha de Bubaque. Apaixonado pela música desde tenra idade, teve o seu primeiro contato com a música aos 12 anos de idade. Gravou o álbum ‘Lôla’  e ‘Casamenti D’Haos em 1989.

‘Gabiana’ surgiu em 1993, em 1995 lançou ‘Tétété’, em 1998, ‘Troco’. Em 2000 lançou ‘Farol’. Outros álbuns de grande sucesso também foram ‘Ley Dy Byda’, Tilita, Dum D’Tchom. Agora em 2020 coloca o álbum ‘Rubane’ no mercado.

Em 1978, fundou e liderou o grupo musical ‘Flor de África’, ainda era jovem estudante, Cresceu rapidamente em popularidade e fama. Em 1979, foi convidado para integrar o grupo África Livre. De 1982 a 1984 investiu as suas energias na carreira a solo, tendo feito muitas aparições como artista convidado em shows com os grupos: África Livre, Super Mama Djombo e Nkassa Cobra.

Por: Sene Camará

Conosaba/odemocratagb.

Covid-19 já matou mais de 680 mil pessoas em todo o mundo

A pandemia de covid-19 já matou pelo menos 680.014 pessoas em todo o mundo e infetou 17.638.510 desde dezembro, refere o último balanço feito pela Agência France-Presse (AFP) com base em dados oficiais.

Do total de casos de infeção oficialmente diagnosticados em 196 países e territórios desde o final do ano passado, pelo menos 10.156.500 foram considerados curados.

O número de casos diagnosticados só reflete, no entanto, uma fração do número real de infeções, já que alguns países testam apenas casos graves, outros fazem os testes para rastreio e muitos países mais pobres só têm capacidade limitada de fazer teste.

Na sexta-feira, foram contabilizadas 6.469 novas mortes e 286.453 novos casos de covid-19 em todo o mundo.

Os países que registaram mais mortes nos seus últimos relatórios de balanço foram os Estados Unidos, com 1.442 novas mortes, o Brasil (1.212) e a Índia (764).

Os Estados Unidos são o país mais afetado tanto em termos de vítimas mortais como de infeções, com 153.314 mortes e 4.562.170 casos, segundo a contagem da Universidade Johns Hopkins.

Pelo menos 1.438.160 pessoas foram declaradas curadas no país.

Depois dos Estados Unidos, os países mais afetados são o Brasil, com 92.475 mortos e 2.662.485 casos, o México, com 46.688 mortos e 424.637 casos, o Reino Unido, com 46.119 mortos e 303.181 casos, e a Índia com 36.511 mortos e 1.695.988 casos.

Entre os países mais atingidos, a Bélgica é a que apresenta o maior número de mortes em relação à sua população, com 85 mortes por cada 100.000 habitantes, seguida do Reino Unido (68), de Espanha (61), do Peru (58) e da Itália (58).

A China (excluindo os territórios de Hong Kong e Macau) contabilizou oficialmente um total de 84.337 casos (45 novos nas últimas 24 horas), incluindo 4.634 mortes e 78.989 recuperações.

A Europa totalizava 210.200 mortes e 3.177.936 casos às 11:00 TMG (12:00 em Lisboa), enquanto a América Latina e as Caraíbas registavam 197.544 mortes e 4.828.413 casos.

Os Estados Unidos e o Canadá contabilizavam 162.278 mortes e 4.678.286 casos, enquanto na Ásia se somavam 62.779 mortes e 2.848.811 casos.

O Médio Oriente contabilizava 27.321 mortes e 1.156.750 casos, África 19.660 mortes e 929.326 casos e Oceânia 232 mortes e 18.995 casos.

Esta avaliação foi realizada usando dados recolhidos pela AFP junto das autoridades nacionais de saúde e com informações da Organização Mundial da Saúde.

Em Portugal, morreram 1.735 pessoas das 51.072 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

LUSA