Cooperação entre Bissau e Praia : MINISTRO DO TURISMO ANUNCIA APOIO DE CABO VERDE EM TRANSPORTE MARÍTIMO COM DOIS BARCOS

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O ministro do Turismo e Artesanato e Porta-Voz do Governo, Fernando Vaz, anunciou que Cabo Verde vai apoiar a Guiné-Bissau no setor de transporte marítimo e vai enviar ao país dois barcos para fazer a ligação entre a capital Bissau e as ilhas dos bijagós.

O governante disse que a iniciativa insere-se no âmbito do acordo de cooperação bilateral assinado durante a visita do chefe de Estado guineense, Úmaro Sissoco Embaló, às ilhas de Cabo Verde na semana passada.

O ministro reconheceu que o setor dos transportesmarítimos guineense tem “problemas clássicos, endémicos e sistemáticos” há vários anos. Fernando Vaz assegurou que a vinda dos dois barcos “Liberdade” e “Crioula” ajudará a minimizar o sofrimento do povo das ilhas, proporcionando viagens mais seguras comparativamente aos navios precários, sobretudo nos momentos críticos de ventos fortes e chuvas torrenciais.

Em entrevista exclusiva ao semanário O Democrata na terça-feira, 13 de julho de 2021, falou dos acordos assinados entre os governos de Bissau de Praia no setor de turismo, sobretudo dos dois navios.

Assegurou que os dois barcos chegarão em breve, tendo frisado que os barcos estão apetrechados com condições eúltima tecnologia de navegação que garantem segurança aos passageiros, carga e viaturas para as ilhas do país.

EMPRESA CABO-VERDIANA QUE GERE OS BARCOS PODERÁ ASSOCIAR-SE COM O ESTADO GUINEENSE

Fernando Vaz contou que numa conversa entre o chefe de Estado guineense e de Cabo Verde chegou-se à conclusão que o Estado cabo-verdiano pode ajudar a Guiné-Bissau a melhorar o seu setor de transporte marítimo que “está completamente desarticulado”.

O responsável da pasta do turismo afirmou que o setor guineense de transportes marítimos tem problemas clássicos, endémicos e sistemáticos desde há vários anos, o que não tem permitido à Guiné-Bissau  estabelecer ligações marítimas necessárias entre o continente  e a zona insular do país. Por isso, segundo Fernando Vaz, o executivo guineense convidou as administrações  dos dois barcos para virem operar na Guiné.

“Cabo Verde é um país constituído por dez ilhas e naturalmente tem muita experiência nesse setor. Depois desses contatos, coincidiu que a empresa Interilhas que garante a conexão em Cabo Verde tem dois barcos que se tornaram pequenos para o mercado cabo-verdiano, porque não têm características ideais para navegar em alto mar de uma ilha para outra, portanto esses barcos mostram-semais adaptados aos nossos mares, podendo fazer as ligações para as ilhas do país, com melhores condições e segurança para os passageiros”, sublinhou.

Fernando Vaz assegurou que neste momento está a trabalhar com o ministro cabo-verdiano do mar, que équem tutela essa área, para começar as negociações no sentido de trazer os barcos o mais rapidamente possível para a Guiné-Bissau, como também a vinda de técnicos cabo-verdianos junto da capitania, do Instituto Marítimo Portuário e outras instituições do país para saber o que é necessário para  fazer chegar os barcos à Guiné-Bissau.

“Nessa primeira fase virá o navio Liberdade e numa segunda fase chegará outro barco de nome Crioula com as mesmas características. O Estado guineense não comprou esses barcos, assim, a empresa proprietária dos navios que farão a ligação entre o  continente e as ilhas poderá  associar-se ao Estado guineense, mas é uma questão que vamos discutir com os cabo-verdianos, assim que os navios chegarem ao país “, espelhou.

Sobre os acordos rubricados, Fernando Vaz afirmou que já havia um acordo “chapéu” assinado pelos governos guineense e cabo-verdiano, pela ministra de Estado dos Negócios Estrangeiro, Cooperação Internacional e das Comunidades e seu homólogo cabo-verdiano.

O governante frisou que a recente visita efetuada a Cabo Verde serviu também para a materialização do acordo que abrange todas as áreas, entre os quais visitaram a escola nacional da hotelaria e turismo, a escola do mar, os estaleiros navais, uma unidade que produz energia solar, como também visitaram uma plataforma tecnológica, uma das principais tecnológicas em África, que é a governação eletrónica que está em pleno funcionamento em Cabo Verde, o que pode ser uma mais valia para a Guiné-Bissau.

Fernando Vaz sublinhou que são imensas as vantagens que a Guiné-Bissau pode tirar dos acordos assinados eaproveitar as experiências de Cabo Verde em determinadas áreas e aspetos, seguindo todas as etapas para “chegarmos onde Cabo Verde está neste momento”.

Vaz disse acreditar que se houver um investimento sério no país na área do turismo, tendo em conta as condições naturais, a Guiné-Bissau pode alavancar-se em termos do desenvolvimento, dado à transversalidade do turismo a nível económico, nomeadamente, os empreendimentos hoteleiros que possam empregar um número significativo de pessoas, promover o desenvolvimento agrícola, nos setores dos transportes aéreo e marítimo, do comércio e de saúde.

Segundo Fernando Vaz, em Cabo Verde, mais de 30 por cento do contributo de Produto Interno Bruto cabo-verdiano vem do turismo. Informou que Cabo Verde começou o processo de investimento no turismo há 15 anos e que na altura tinha só dois aeroportos, e hoje em dia todas as ilhas em Cabo Verde têm aeroportos, fruto da transversalidade do turismo cabo-verdiano na economia daquele país.

Por: Aguinaldo Ampa