GENERAL BIAGUE APELA O PR SISSOCO A TRABALHAR PARA O LEVANTAMENTO DE SANÇÕES AOS MILITARES

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O Chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas, General Biague Na N’Tan, apelou ao Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, que trabalhe afincadamente para o levantamento de sanções impostas pelas Nações Unidas a cinco oficias superiores do exército guineense. O General Biague fez este apelo esta terça-feira, 19 de janeiro de 2021, durante a sua intervenção na cerimónia de cumprimentos do novo ano recebidos da parte de oficias militares do exército guineense e do Comissário Nacional da Polícia de Ordem Pública e outros oficiais das forças de segurança.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu, depois do golpe de Estado de 12 de abril de 2012, aplicar sanções a cinco oficiais considerados figuras mais destacadas da subversão da ordem constitucional naquela altura, entre as quais, figuram o antigo chefe de Estado-maior das forças armadas, general António Indjai, o vice-chefe de Estado-maior das forças armadas, tenente general Mamadu Turé, o inspetor-geral das forças armadas, contra almirante Estevão Na Mena, o chefe do Estado-maior da força aérea, general Ibraima “Papa” Camará e o atual presidente do Tribunal Militar Superior, brigadeiro general, Daba Naualma.

O Conselho de Segurança das Nações Unidas através do seu Comité de Sanções decidiu manter o regime de sanções impostas àqueles cinco oficiais militares. No relatório, o secretário-geral salientou que as “medidas adotadas pelos militares no período a seguir às eleições presidenciais são dececionantes e preocupantes”, referindo assim a ocupação de instituições do Estado pelos militares após a demissão do Governo de Aristides Gomes.

Biague Na N’Tan, aproveitou o encontro com as chefias militares para apelar ao Presidente da República, Úmaro Sissoco Embaló, que peça junto da comunidade internacional o levantamento das sanções impostas aos militares guineenses, porque “já é claro que estas sanções não têm valor”.

O responsável do exército guineense disse que o ano 2021 vai ser o ano da organização e da disciplina nas forças armadas, tendo acrescentado que o exército vai priorizar este ano três aspetos fundamentais, designadamente: a estabilização da Guiné-Bissau, a criação da escola para a formação de jovens militares e a reabilitação das infraestruturas militares.

“Estabilização significa dar continuidade do Estado e que este esteja estável e firme para o desenvolvimento. Permitir que o governo e o Presidente da República caminhem juntos a fim de colocarem a Guiné-Bissau no contexto do desenvolvimento, como também para podermos receber visitas de mais Chefes de Estado, muito mais do que em 2020”, assegurou.

O general do exército que dirige as forças armadas guineense explicou que a criação das escolas de formação militares no país, vai permitir ao governo reduzir gastos em termos de dinheiro para pagar as formações no exterior. Frisou que o governo, várias vezes tem dificuldades de pagar os bilhetes de avião e pagar os subsídios aos formandos, por isso alertou o executivo a confiar nos quadros das forças armadas e criar as condições para a implementação de centros de formação locais.

Enfatizou que as forças armadas têm quadros competentes em diferentes áreas, tendo lembrado que alguns edifícios do exército foram reabilitados por técnicos das forças armadas, por isso apelou ao governo que lhes conceda os apoios necessários para que possam construir novos aquartelamentos com o intuito de “salvar” a Marinha de Guerra Nacional, o aquartelamento dos pára-comandos e outros.

“O ano 2021 será um ano da demostração das nossas capacidades. É um ano em que as forças armadas terão que demostrar, na verdade, que esqueceram tudo aquilo que passou neste país” advertiu, para de seguida apelar à unidade no seio da classe.

“As forças armadas receberam a medalha mais alta da condecoração da Guiné-Bissau e que está no meu peito. A medalha não é minha, mas sim é de toda a classe”, referiu.

“Quero, em nome das forças armadas, que demostremos ao povo guineense que fomos nós que lutamos pela independência e que não buscamos a independência para massacrar o povo, mas sim para permitir que os nossos filhos vivam em ambiente da paz e estabilidade”, notou.

Sublinhou que deu orientações claras a todas as divisões e vão ser cumpridas pelo Tribunal Militar Superior.

“Os militares devem ser capacitados através de seminários sobre a Constituição da República da Guiné-Bissau. Os oficiais superiores e até soldados devem ter a noção da Constituição guineense, como também do regulamento da disciplina militar e conhecer os dispositivos jurídicos da defesa e mesmo os generais, nos seus gabinetes, devem apropriar-se destas leis para se orientarem, assim se houver alguma situação ligada a Constituição da República, saberão se às suas intervenções estão a violar a lei ou não”, contou para entretanto, pedir a unidade, obediência e respeito no seio das forças armadas.

O chefe de Estado-Maior General disse que este ano será um ano de novos uniformes nas forças armadas e que as cerimónias oficiais serão feitas com espadas nas mãos, portanto considera o ano 2021, como um ano da nova era nas forças armadas.

Sobre a presença de forças militares estrangeiras no país, o General Biague disse aos militares na sala para não aceitarem mais a presença de qualquer força estrangeira na Guiné-Bissau, quer seja a força das Nações Unidas ou do ECOMIB que não venham mais ao país, porque “nós é que passaremos a ser a ECOMIB da Guiné-Bissau”.

Por: Assana Sambú/Epifânia Mendonça