CHOVE SOLIDARIEDADE PARA COM RÁDIO CAPITAL DESTRUÍDAS EM BISSAU 


Antigos ministros, jornalistas, organizações da sociedade civil e partidos políticos da Guiné-Bissau manifestaram hoje indignação com o ataque contra a Rádio Capital FM, em Bissau, perpetrado por um grupo de homens armados e que destruiu a emissora.
Em comunicado divulgada na rede social Facebook, a Liga Guineense dos Direitos Humanos considerou o ataque como uma “vã tentativa de intimidar os profissionais” e exigiu ao “Ministério Público, através da Polícia Judiciária, a abertura de um inquérito urgente, transparente e conclusivo, com vista à identificação e consequente responsabilização” dos responsáveis por aquele “ato cobarde”.

A Liga Guineense dos Direitos Humanos apelou também à solidariedade internacional para a mobilização de fundos e materiais para que a rádio volte a emitir rapidamente.

A organização não-governamental manifestou também a sua determinação em “combater sem tréguas todas as ações que visam limitar ou restringir abusivamente os princípios da liberdade de imprensa e de expressão na Guiné-Bissau”.

O Sindicato dos Jornalistas e a Ordem dos Jornalistas da Guiné-Bissau também já reagiram ao ataque.

Para o bastonário da Ordem dos Jornalistas, citado pela agência de notícias guineense, aquela é uma “nova narrativa” de fazer com que os jornalistas tenham medo, salientando que o atual ministro da Justiça, Fernando Mendonça, como antigo jornalista deve exigir uma resposta e responsabilizar os envolvidos no ataque.

O Sindicato dos Jornalistas considerou o ataque como um atentado à liberdade de expressão, mas também à democracia.

“Vamos continuar a lutar e que fique claro que não vamos baixar a guarda”, afirmou a presidente do sindicato, Indira Correia Balde.

O Partido de Renovação Social (PRS), terceira força mais votada do parlamento guineense, também condenou o ataque, salientando que as “liberdade de expressão repousa numa louvável conquista mundial, expressa em diversos documentos internacionais”.

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vencedor das legislativas de 2019, mas que não está no Governo, considerou o ataque como um ato “bárbaro e inaceitável em pleno XXI”.

“Este facto caracteriza o atual regime golpista que desgoverna e atemoriza os guineenses, na sua tentativa vã de calar as vozes, que defendem a liberdade, a democracia e o Estado de Direito democrático”, refere, em comunicado divulgado à imprensa, o partido.

Na rede social Facebook, jornalistas, antigos ministros e órgãos de comunicação social também condenam o ataque, que o Governo da Guiné-Bissau já repudiou.

“É uma triste imagem que a Guiné-Bissau está a transmitir ao mundo”, disse o ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Serifo Jaquité, durante uma visita à rádio Capital FM.

As instalações e os equipamentos de emissão da rádio Capital FM, assumidamente crítica ao regime vigente na Guiné-Bissau, foram vandalizados hoje de madrugada por desconhecidos e ficará sem emitir nos próximos dias.

Os Estados Unidos manifestaram-se a semana passada preocupados com as “questões de liberdade de expressão” no país.

Notabanca; 26.7.2020