Obscurantismo continua a matar!

Por: LGDH – Liga Guineense dos Direitos Humanos

Sene Camará era um funcionário assíduo na Agência de Cooperação de Kwait em Bissau. Num fatídico dia, recebeu uma chamada telefónica de um dos seus familiares, intimando-o para comparecer na sua aldeia natal – Maqué, sector de Bissorã, norte da Guiné-Bissau, para tratar de um assunto familiar de extrema urgência. Sem hesitações, Camará rumou de imediato para a aldeia, afinal, era para responder as acusações de feitiçaria que lhe foram formuladas por uma mulher grávida que estava gravemente doente.

No dia 28 de Fevereiro de 2019, por volta das 18h, Sene Camará, Saido Camará mais uma terceira pessoa, foram amarrados e submetidos a um interrogatório acompanhado de torturas brutais que os deixaram praticamente a beira da morte.

Alguns dias depois, Sene Camará e Saido Camará faleceram em consequência directa das torturas criminosas a que foram submetidos, sendo que a terceira vitima está entre a vida e morte. As autoridades policiais locais prenderam 5 suspeitos cujos processos seguem os trâmites legais.

Em 2017, três pessoas foram brutalmente espancadas em Bissorã com as mesmas acusações. Os suspeitos foram detidos e posteriormente libertados, os processos continuam engavetados. Só em 2018, a LGDH registou 6 casos de mortes em consequência de espancamentos, devido as acusações de práticas de feitiçaria.

A LGDH condena estes actos criminosos e exorta às autoridades judiciárias a punição exemplar dos seus autores morais e materiais.

A Liga apela firmemente ao governo, no sentido de adoptar uma estratégia urgente para fazer face a este fenômeno de obscurantismo, que está a ceifar vidas humanas no país.

Nós próximos dias, uma delegação de alto nível da LGDH, irá visitar o setor de Bissorã e sensibilizar as comunidades locais sobre a premente necessidade de abandonar estas acusações e atos de obscurantismo.

A organização ira igualmente, formular propostas concretas ao governo e as autoridades competentes, para erradicar este fenômeno perigoso.

Publicado: Radio Cacheu.

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