JOSÉ MARIA NEVES REAGE ÀS DECLARAÇÕES PROFERIDAS POR SISSOKO EMBALÓ SOBRE PAICV E EXIGE PEDIDO DE DESCULPA


O ex-primeiro-ministro e ex-presidente do PAICV, José Maria Neves, mostrou-se insatisfeito com as recentes declarações do candidato presidencial da Guiné-Bissau, Umaru Sissoko Embaló, em que este afirma que aquele partido é o “mal” de Cabo Verde.Numa publicação efectuada na sua página do Facebook, José Maria Neves afirmou que, apesar dos constrangimentos inerentes, Cabo Verde sempre se respeitou e em nenhum momento foi subserviente face aos outros.

Na sequência dos encontros com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, o presidente da Assembleia Nacional, Jorge Santos, e militantes do seu partido, o Movimento da Alternância Democrática (MADEM-G15), na Praia, recordou Neves que Umaru Sissoko Embaló teceu “duras críticas” ao PAIGC, considerando-o um cancro, que deve ser extirpado, e o “eixo do mal” da Guiné-Bissau.“Segundo ele, em Cabo Verde, o eixo do mal é o PAICV (presume-se que também deve ser extirpado do campo político), e regozijou-se com a sua derrota nas eleições de 2016”, reclamou o ex-primeiro ministro cabo-verdiano.Prosseguindo, acrescentou que sempre que se tentou dividir o mundo entre o bem e o mal e impor o bem, os resultados foram “catastróficos”.“Cada um, em Cabo Verde, no âmbito das famílias e alianças políticas a que pertence, pode apoiar este ou aquele candidato, eu mesmo apoio Domingos Simões Pereira, do PAIGC, como apoiaria o PS, em Portugal, o PSOE, em Espanha, ou o Partido Trabalhista inglês”, escreveu.Este apoio de José Maria Neves, disse, sempre aconteceu “numa perspectiva de tolerância e de respeito mútuo”.“Não posso, de modo nenhum, considerar os adversários políticos dos meus companheiros e amigos da esquerda democrática, como forças do mal, cancros que devem ser eliminados do espaço político”, frisou.Para José Maria Neves, Sissoko Embaló, ao sugerir que um dos partidos políticos cabo-verdianos é uma força do mal, “imiscuiu-se grosseiramente” nos assuntos internos de Cabo Verde, “desrespeitando gravemente” o PAICV, um dos pilares da democracia.Neves defendeu, igualmente, que os mais altos dignitários do país que receberam o candidato guineense “deviam, no mínimo, exigir-lhe um pedido de desculpas”.“Hoje, ele insulta o PAICV, amanhã, aquele insulta o MpD, como ontem Faustino Embali, primeiro-ministro recente e ilegalmente nomeado por José Mário Vaz, insultara grosseiramente o ministro dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades de Cabo Verde, chamando-o de fascista e neocolonialista, pelo facto de apoiar as decisões da CEDEAO e da comunidade internacional a propósito da crise política naquele país”, argumentou.José Maria Neves reforçou ainda que Cabo Verde é um Estado de Direito Democrático, onde as instituições funcionam e são respeitadas e “os partidos políticos são pessoas de bem e esteios essenciais das liberdades civis e políticas e da democracia”.“Não se pode permitir que venha um candidato de outro país, ainda que amigo, contaminar o espaço político, maltratar os partidos políticos com assento parlamentar, e instigar a intolerância, a violência e o medo”, prosseguiu, acrescentando que “só quem não se respeita e não tem sentido de Estado pode permitir tamanho despautério”.José Maria Neves terminou afirmando que ainda se vai a tempo de reparar essa “desconsideração” ao país e às suas instituições democráticas e de exigir um pedido público de desculpas.As eleições Presidenciais naquele país acontecem este domingo, 24 de Novembro. Ao todo, são 12 as figuras que querem chegar à Presidência da Guiné-Bissau, um candidato a menos do que em 2014.Notabanca; 23.11.2010

Publicada por notabanca