OPINIÃO: Porque é que eu apoio a candidatura do DSP a Presidente da República?

Poderia responder facilmente a esta pergunta: apoio Domingos Simões Pereira porque ele é o que melhor está preparado, com conhecimento profundo da nossa realidade e uma visão de futuro e do que é necessário para que a “terra fria e ranka um bias” e sobretudo é um homem que tem amor à Guiné.

Quando o conheci em 2015 nas cerimónias do “Setembro Vitorioso” Domingos tinha acabado de ganhar as legislativas, tinha organizado com sucesso a apresentação do projecto “Terra Ranka” à comunidade internacional, estava a mudar a imagem negativa da Guiné e o povo estava pleno de confiança e esperança no novo governo. Simpatizei com esse homem elegante cheio de carisma, grande orador e de uma simpatia irresistível.

Mas, foi quando o JOMAV o destituiu de Primeiro-ministro e deitou abaixo o seu governo, quando ele sacrificou a sua ambição em prol da paz no país demonstrando um desapego ao poder que há muito não tinha visto, principalmente em dirigentes africanos, que eu compreendi que estava perante um homem especial, um Líder peculiar, que punha a Nação e o Partido que dirigia à frente de seu ego.

Aí eu compreendi que estava diante de um Líder excepcional do meu Partido, do Partido do meu Pai, e que eu tinha o dever de o apoiar já que pude perceber que nesse homem ainda jovem estava o futuro do meu país e a realização das promessas que a luta de libertação representava para o povo guineense.

Pode-se dizer que foi o DSP e a obrigação que senti em apoiá-lo, que me fez entrar na política activa com a certeza que ele seria um grande Primeiro-ministro e estava a fazer um trabalho admirável na reestruturação do PAIGC.

Após a última eleição legislativa, quando JOMAV se negou a empossá-lo como Primeiro-ministro, muitos de nós compreendemos que DSP devia candidatar-se à Presidência da República. Para ser sincera, no início tive muita tristeza porque achei que, como presidente do PAIGC, Domingos estava a fazer um trabalho inestimável e insubstituível. Mas depois, pouco a pouco compreendi que DSP será uma mais-valia como Presidente de todos os guineenses porque ele hoje é a figura que nos pode reunir, que é capaz de representar a Nação, que consegue transformar o cargo de Presidente da República num posto de observação do cumprimento das regras democráticas, da ética na governação, da defesa dos mais desfavorecidos, das crianças e das mulheres.

Os poderes de que disporá vão-lhe permitir que seja o conselheiro do executivo e faça-se ouvir por ele, que siga o cumprimento do programa “terra ranka”, que apoie os jovens, que seja o exemplo de que eles tanto necessitam!

Mas além de tudo, o acima exposto, há um episódio que o tempo de convivência com o DSP e com os militantes e jovens do Partido me fez recordar: Um dia, logo após o assassinato do meu pai, fui juntamente com outros camaradas ao posto de comando do Francisco Mendes em Cumbanghori.

Aí encontrei-me com Moussa Djassi que cuidava de mim na Granja, e na brincadeira disse-lhe, após ele me ter pedido cigarros, que meu Pai não me tinha deixado herança. Uns dias depois Chico mandou-me chamar à sua “barraca” e disse ter ouvido a minha conversa com o Mussa.

Pediu-me então que nunca mais repetisse que Cabral não me tinha deixado herança, já que meu Pai, segundo ele, me deixou a maior herança que se pode deixar aos filhos: Homens e Mulheres. Chico disse-me: “nós todos somos a tua Herança”. Com essa afirmação ele ligou-me definitivamente à Guiné!

Houve tempos em que essa herança estava perdida! Mas hoje eu a reencontro graças ao DSP, aos militantes do PAIGC, às mulheres da UDEMU, aos jovens da JAAC e da geração positiva.

Por isso, além de todas as suas virtudes e capacidades, eu apoio Domingos Simões Pereira a Presidente da República pela oportunidade que me concedeu de reencontrar a Herança de meu Pai: os Homens e as Mulheres que lutam pelos ideais pelos quais morreu, e um Partido unido e uma Guiné cheia de esperanças!
Obrigado meu irmão Domingos pela possibilidade que me dás de recuperar essa minha Herança!

Ditadura de Consenso

02 de Novembro de 2019
Iva Cabral